Açúcar vs. Adoçante: quem é o vilão?
Saúde

Açúcar vs. Adoçante: quem é o vilão?


Atualmente, o consumo de açúcar tem sido visto como um grande vilão à saúde, uma vez que este está relacionado ao agravo de doenças como diabetes mellitus e obesidade, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Um dos maiores problemas em se controlar o consumo exagerado de açúcar é que, geralmente, o consumo de açúcar passa despercebido, pois ele está presente em grande parte dos alimentos e produtos que consumimos. Normalmente, associamos a ingestão de açúcar, principalmente, quando consumimos alguma sobremesa, mas não percebemos o açúcar que usamos para realçar o sabor do cafezinho do dia-a-dia ou do chá da tarde, nem mesmo nos damos conta de que muitas vezes o utilizamos para incrementar produtos que já são adoçados, como é o caso de grande parte dos produtos industrializados.  E o resultado desse consumo abusivo é o aumento significativos do número de obesos e de novos casos de doenças ligadas aos maus hábitos alimentares, entre eles a diabetes tipo 2. Uma das alternativas encontradas hoje é a substituição do açúcar pelo adoçante, mas será que essa é a melhor solução?

O açúcar mais conhecido e utilizado pela população brasileira é o refinado, durante o processo de refinação do caldo da cana-de-açúcar, alguns aditivos químicos são adicionados para dar a coloração branca. Porém, algumas vitaminas e sais minerais acabam sendo perdidas durante o processo, tornando o açúcar uma fonte calórica de rápida absorção, mas sem nutrientes. Os açúcares mais escuros, como o mascavo, são uma opção considerada mais saudável, pois não passam pelo processo de refinamento e, dessa forma, conseguem manter a maior parte de seus nutrientes, porém ainda são um problema para os diabéticos e para quem luta contra a balança, pois são tão calóricos quanto o refinado.

Os edulcorantes, popularmente conhecidos como adoçantes, são aditivos alimentares de sabor extremamente doce, utilizados em alimentos e bebidas industrializados com objetivo de substituir total ou parcialmente o açúcar. A princípio, os edulcorantes foram pesquisados e desenvolvidos para atender às necessidades de pessoas diabéticas, porém o aumento da procura por adoçantes é decorrência do interesse das pessoas em melhorar sua saúde e sua aparência física, uma vez que os adoçantes têm um poder de adoçar maior que o do açúcar, com a vantagem de ter uma quantidade de calorias muito menor ou nenhuma, diminuindo os impactos que uma dieta rica em açúcar pode ter sobre a qualidade de vida das pessoas.

Os adoçantes podem conter e ser formulados à base de edulcorantes naturais e/ou artificiais, e são classificados em adoçantes de mesa e adoçantes dietéticos. Os adoçantes de mesa são os produtos especificamente formulados para conferir o sabor doce aos alimentos e bebidas, enquanto que os adoçantes dietéticos são produtos considerados Alimentos para Fins Especiais, pela Portaria Nº 29, de 13 de janeiro de 1998, recomendados para dietas especiais, quer seja de emagrecimento ou de restrição de açúcar.

Os edulcorantes aprovados no Brasil para uso em adoçantes dietéticos são: sacarina, ciclamato, aspartame, esteviosídeo, acessulfame-K e sucralose. Como o consumo exagerado de qualquer coisa não é recomendado, todo adoçante, seja ele de mesa ou dietético, tem um limite de ingestão diária, recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que deve ser respeitado devido a possíveis efeitos colaterais à saúde, tais como: dor de cabeça, mal estar, perda de humor e diarréia.

Na tabela abaixo, são mostrados os principais edulcorantes que compõem os adoçantes dietéticos pesquisados, suas características, a dose diária aceitável (IDA), o poder de adoçamento em relação ao açúcar, o sabor, a metabolização, a sensibilidade ao calor e ao meio ácido, as calorias por unidade e o ano de sua descoberta.

De um modo geral, desde que respeitada IDA, os adoçantes não oferecem um risco significativo à saúde do indivíduo. Então ele pode ser considerado como o “mocinho da história”?

Essa resposta é relativa, e vai depender das circunstâncias e objetivos do indivíduo que o consumirá. Em relação ao ponto de vista de um diabético, os adoçantes são muito vantajosos, uma vez que o indivíduo não pode consumir açúcar e o adoçante será capaz de satisfazer a necessidade do sabor doce sem prejudicá-lo. Entretanto, para indivíduos com objetivo de emagrecimento, os adoçantes podem não ser a solução ideal.

De acordo com a publicação por uma revista norte-americana de neurociências, o consumo de sacarina esteve associado a ganho de peso em ratos. A pesquisa baseou-se num dos princípios básicos da fisiologia moderna, o conceito conhecido como “reflexo condicionado”. Esta teoria propõe que todos os animais (incluindo nós mesmos, animais humanos), se condicionam de modo que um determinado estímulo fisiológico segue-se de uma experiência sensorial e fisiológica específica, decorrentes daquele estímulo. Ou seja, o organismo ao ser estimulado “espera” aquela consequência com a qual está acostumado. E se regula em função disso. A quebra desta sequência (gosto doce – aporte calórico) pode levar a um desequilíbrio na ingestão alimentar dos animais. O consumo de adoçantes não calóricos (que são mais doces que o próprio açúcar), pode levar a excesso na ingestão diária de calorias, numa compensação do organismo pela “falta” que sentiu após aquele estímulo vazio. Ao final, observaram que aqueles ratos que ingeriram o alimento com sacarina, apresentaram ganho de peso 20% maior, com maior ingestão calórica diária.

A “confusão” metabólica observada neste estudo mostra que os adoçantes ingeridos sem um planejamento nutricional, podem contribuir para piorar o hábito alimentar e aumentar a ingestão total de calorias. Mas não podemos esquecer que o açúcar simples é uma fonte de calorias vazias, portanto, os edulcorantes podem e devem ser usados no controle de peso e da glicose, desde que sejam ingeridos como parte de um plano nutricional balanceado e com conteúdo calórico adequado para o objetivo de peso do indivíduo.

Então, segue algumas dicas para consumir adoçantes: 
1) Procure um médico ou nutricionista para entender qual é o tipo de açúcar ou adoçante mais adequado à sua dieta.
2) Evite ingerir um excesso de produtos dietéticos (gelatinas, pudins, refrigerantes). 
3) Alterne periodicamente o tipo de adoçante que você consome.
4) Evite usar aspartame em alimentos quentes, pois, além de haver uma perda da doçura, é possível que ele seja decomposto em outras substâncias.
5) O uso de adoçantes durante a gestação deve ser reservado para pacientes que precisam controlar o seu ganho de peso e para as diabéticas. Baseado nas evidências atualmente disponíveis, deve se dar preferência ao aspartame, sucralose, acessulfame-K e a estévia.
6) Outra alternativa seria o “açúcar light”, que possui parte açúcar e parte adoçante, e por isso, alcança-se a doçura desejada com quantidades bem menores de açúcar quando comparado com o açúcar refinado. Mas não é indicado para pessoas com dietas onde há restrição na ingestão de açúcar, apenas para os indivíduos com uma dieta normal e que tenham interesse em reduzir o consumo de açúcar.

LEMBRE-SE DE QUE TODO EXCESSO TRAZ PREJUÍZOS À SAÚDE. Assim, adoçantes dietéticos não fogem à regra e, portanto, devem ser consumidos com moderação.

Por Joyce Rodrigues e Raquel Lopes

Referências:
·         Fonte: INMETRO- 04/05/14
Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/adocantes.asp
·         Fonte: Scielo – 04/05 14
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010072032007000500008&script=sci_arttext
·         Fonte: ANVISA- 05/05/14
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Alimentos/Assuntos+de+Interesse/Aditivos+Alimentares+e+Coadjuvantes+de+Tecnologia
·         Fonte: Conselho Regional de Química. – 06/05/14
 Disponível em:http://www.crq4.org.br/?p=texto.php&c=quimica_viva__a_quimica_dos_adocantes
·         Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes –06/05/14
Disponível em: http://www.diabetes.org.br/colunistas/53-dr-rodrigo-lamounier/356-adocantes-podem-levar-a-ganho-de-peso-entendendo-o-estudo-que-foi-divulgado-nesta-semana
http://www.diabetes.org.br/perguntas-e-respostas/596-adocantes
·         Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations – 06/05/14
Disponível em: http://www.fao.org/food/food-safety-quality/scientific-advice/jecfa/jecfa-additives/en/



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