Doenças de plantas no Estado do Rio
Saúde

Doenças de plantas no Estado do Rio


Vicente Mussi Dias é o responsável técnico da Clínica
Como saber as doenças de plantas incidentes no Estado do Rio desde o século XIX e aquelas mais frequentes nos últimos 15 anos nas propriedades do Norte e Noroeste Fluminense? O pesquisador Vicente Mussi Dias, da UENF, tomou para si esta tarefa e a executou na elaboração de sua tese de doutorado em Produção Vegetal, aprovada em 2011 na UENF.

Ao catalogar em ordem cronológica mais de 1 mil referências bibliográficas, Vicente compilou relatos de doenças em cerca de 635 espécies de plantas hospedeiras, pertencentes a 402 gêneros em 130 famílias botânicas. Isto no período de 1870 a 2010, com base em 2,8 mil relatos de doenças de plantas no Estado do Rio. Os agentes de todas estas doenças são de espécies as mais variadas – na verdade, mais de 970, pertencentes a 370 gêneros. Foram listados cerca de 300 gêneros de fungos ou pseudofungos (Oomycota), 40 tipos de vírus ou viroides, 15 gêneros de bactérias ou fitoplasmas e dez gêneros de nematoides. Como fruto desse trabalho, será editado o livro “Índice de doenças de plantas do Estado do Rio de Janeiro”, em versões impressa e on-line, para disponibilizar as informações aos pesquisadores e demais interessados.

Os trabalhos desenvolvidos para a tese tiveram a supervisão do professor Silvaldo Felipe da Silveira (LEF/CCTA/UENF) em colaboração com o fitopatologista José Ricardo Liberato, do Department of Resources - Northern Territory Government – Darwin – Austrália, com apoio da UENF e Faperj.

Em esforço complementar, o pesquisador Vicente Mussi Dias levantou as análises das 1.835 amostras de plantas doentes encaminhadas, entre 1995 e 2009, à Clínica Fitossanitária da UENF. A clínica, uma espécie de consultório de plantas, atende principalmente a produtores do Norte e Noroeste Fluminense. O estudo concluiu que cerca de 54% das amostras vieram de lavouras de maracujá, abacaxi, coco, tomate, goiaba ou citros.

Os grandes vilões destas culturas foram os fungos, causadores das doenças em 41% dos casos. Causas abióticas (não relacionadas a organismos vivos) representam 15%, enquanto insetos foram os agentes em 14% das amostras. As bactérias foram responsáveis em 6%, e houve ainda outros causadores, como nematoides, algas, aves e roedores, além de amostras inadequadas para exame.

Amostras de cultura do fungo Fusarium solani (Foto
Alexsandro Azevedo / ASCOM UENF)
Maracujá – O estudo lança luz sobre o que ocorreu com a cultura do maracujá, largamente introduzida no Norte Fluminense a partir de 2000, mas não consolidada. Com base em estudos anteriores, foi possível descartar que a morte das plantas tivesse sido causada por bactérias, como se chegou a pensar.

- Em muitas lavouras, a morte de plantas foi atribuída à incidência de fungos chamados Fusarium solani e Fusarium oxysporum, agentes causais da podridão do colo e raízes e da murcha vascular, respectivamente, associada à má qualidade do plantio e a problemas de manejo. Muitas plantas foram mortas a partir do florescimento devido à restrição do desenvolvimento das raízes por diversas causas, dentre as quais espelhamento de cova e afogamento do coleto – acrescenta Vicente Mussi Dias.

Tamara Locatelli, aluna e bolsista de extensão
A Clínica Fitossanitária da UENF funciona no andar térreo do prédio P5, no Campus Leonel Brizola prestando serviços a toda a comunidade. Além de Vicente, encontram-se hoje, em treinamento especializado, as doutorandas Claudia Roberta Ribeiro de Oliveira e Roselainne Sánchez, os mestrandos Alexandre Macedo Almeida e Jackeline Araújo, três estagiários em fase de conclusão do curso de Agronomia — Amanda Ferraz de Oliveira, Cássia Roberta de Oliveira Moraes e Jefferson Rangel da Silva — e duas bolsistas de Extensão: Tamara Locatelli e Priscila Gurgel do Nascimento Lopes, ambas do sexto período de Agronomia.

Consulte a íntegra da tese.

Gustavo Smiderle



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