Estamos todos conscientes de que existe violência contra a pessoa idosa?
Saúde

Estamos todos conscientes de que existe violência contra a pessoa idosa?


15 de junho - Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

Atos violentos contra pessoas idosas são freqüentes e podem ser denunciados. As iniciativas realizadas no dia 15 de junho: o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa (WEAAD – World Elder Abuse Awareness Day), vão de conferências a debates promovidos por organizações da sociedade civil e órgãos governamentais.

O objetivo do dia 15 de junho é despertar uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa. A data foi estabelecida em 2006, pela Rede Internacional para Prevenção de Abusos contra Idosos (INPEA - International Network for the Prevention of Elder Abuse), em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde), quando Alexandre Kalache era diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da OMS.

O médico e gerontólogo, Alexandre Kalache, presidente do ILC-BR e co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade (Global Alliance of International Longevity Centres – ILC-GA), no período em que dirigia a OMS (1995-2008), liderou a produção de importantes publicações de referência sobre o tema.
 
Em continuidade a sua atuação acadêmica e de advocacy, Alexandre Kalache conduz a revisão e atualização do Marco Político do Envelhecimento Ativo (OMS, 2002), iniciada em 2013, com lançamento previsto para julho de 2015. Tanto no original de 2002, quanto na versão revisada e atualizada, o Marco Político do Envelhecimento Ativo aborda a violência contra pessoas idosas e a cita como “um ato único ou repetido, ou omissão de ação apropriada, ocorrido durante um relacionamento baseado em confiança, que cause dano ou sofrimento a uma pessoa idosa. O ato pode tomar diversas formas: física, psicológica, emocional, sexual, financeira ou simplesmente negligência – intencional ou não”.
 
O WEAAD em 2015
 
Em 2015, o WEAAD comemora seu 10º Aniversário com o “WEAAD First Global Summit”, realizado em Washington, EUA, com um programa que conta com a participação de experts em temas da violência contra pessoas idosas, pesquisadores, além de dirigentes de organizações especializadas, políticos e profissionais proeminentes nessa área.
 
A criação de uma data para chamar a atenção para um problema social e a manutenção do compromisso anual para a mobilização em torno dessa data, durante dez anos e em nível mundial, mostram a relevância da prevenção da violência contra idosos. Durante a preparação do evento, em um webinar realizado em maio, Alexandre Kalache destacou que “o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa é hoje reconhecido em dezenas de países no mundo”. Ressaltou, ainda, “o excelente trabalho feito ao longo dos anos pelo INPEA, tanto antes como após o lançamento do WEAAD”.
 
O grupo de trabalho envolvido no WEAAD acredita haver ainda muito a fazer em termos de futuro do combate à violência contra a pessoa idosa nos próximos dez, vinte anos. Kalache pontuou que “se não houver um esforço concentrado, a violência assumirá proporções intoleráveis”.
 
Em mensagem dirigida ao “WEAAD First Global Summit”, Alexandre Kalache faz um alerta: “Se quisermos realmente encaminhar a questão global da violência contra a pessoa idosa, precisamos estar atentos aos dados demográficos e responder ao aumento sem precedentes do número de idosos nos países em desenvolvimento (83% do total global de 2 bilhões no ano 2050). Neste marco do décimo aniversário do WEAAD, o webinar que deveria ser global, ficou restrito ao protagonismo da América do Norte, sem que se conseguisse uma presença maciça de todas as regiões, nem no webinar, nem nas confirmações de presença para o dia 15 de junho em Washington.”
 
Alexandre Kalache prossegue: “De um modo geral, só estamos falando para os iniciados. Como precisamos de uma estratégia para um maior alcance, sugiro uma abordagem em três vertentes.”
 
A primeira vertente se destina à integração com a agenda de outras agências, “pois quando outras organizações e instituições começarem a falar sobre violência contra pessoas idosas, poderemos celebrar. Por exemplo, um relatório recente da Organização Mundial da Saúde sobre violência contra mulheres levou muito pouco em consideração o abuso e violência contra mulheres idosas”.
 
Aproveitamento efetivo das mídias sociais e do marketing social é a segunda vertente proposta por Kalache, ao citar como o tema ganhou destaque no Brasil quando fez parte do enredo de uma novela de televisão que durou muitos meses. “Na novela, uma personagem adolescente abusava de seus avós.”
 
Como terceira vertente está a superação da discriminação e do preconceito contra idoso e o fortalecimento de uma base legal frágil. Para Kalache, “a triste verdade é que não existe no nível internacional nenhuma lei específica sobre os direitos humanos. Houve muito pouco progresso nas discussões sobre a adoção de uma Convenção das Nações Unidas para os Direitos das Pessoas Idosas – em grande parte devido a uma oposição unificada dos países desenvolvidos”.
 
E Kalache completa: “a idéia de adoção antecipada de uma convenção equivalente no nível da Organização dos Estados Americanos só foi alcançada dentro de um contexto de tentativas de bloqueio por parte dos dois países mais desenvolvidos da região. Assim que precisamos tornar nossos representantes eleitos mais respeitáveis!”.
 
Iniciativas brasileiras
 
Em 2011, o Governo Federal criou o “Módulo Idoso” do Disque Direitos Humanos (DDH100) para receber denúncias específicas da população idosa sobre violação de seus direitos. Uma análise dos chamados ao DDH100 no período de 2011-2012 mostrou um aumento de 199% das ligações – de 7.160 ligações em 2011 houve um salto para 21.404 ligações em 2012. Não foram encontrados dados mais recentes sobre a violência contra a pessoa idosa.
 
O número de ligações recebidas pelo DDH100 pode não corresponder à realidade da violência cometida contra pessoas idosas, por que, “muitas vezes, os agressores são familiares das vítimas o que pode gerar uma sub-notificação, em decorrência dos vínculos entre parentes”, diz a SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia em release de divulgação do dia 15 de junho: o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.
 
No Brasil, o dia 15 de junho será movimentado por diversos eventos alusivos à data e de alerta sobre esse aspecto crítico do envelhecimento da população. Como parte dessas iniciativas, o programa de rádio 50MaisCBN transmitiu no sábado 6 de junho a entrevista com a psicóloga e gerontóloga Laura Mello Machado, representante da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia na ONU, que considera o crédito consignado uma das maiores armadilhas para as pessoas idosas. Laura Machado diz, ainda, que “negligência e violência financeira são os dois tipos de abuso contra idosos mais comuns no Brasil.”
 



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