FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ, AUXÍLIO OU ENGANAÇÃO?
Saúde

FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ, AUXÍLIO OU ENGANAÇÃO?


Recentemente, desde que passou em um programa de uma famosa rede televisiva, a farinha de casca de maracujá tem sido muito comentada por sua redução de taxas de açúcar no sangue, impedimento do organismo absorver gordura contribuindo para a perda de peso, auxílio na eliminação de toxinas acumuladas melhorando o funcionamento dos órgãos. Será que este produto tem ausência de risco por não ter qualquer contra-indicação e; todos esses efeitos resultado da presença de pectina na farinha? Quanto dessa farinha seria preciso comer por dia para atender à recomendação de ingestão de fibras da OMS ? Para saber as respostas continue lendo e saibam mais sobre este “maravilhoso” produto.
A farinha da casca de maracujá é feita a partir do maracujá (Passiflora edulis, f. flavicarpa) cv. amarelo, que após desidratadas foram transformadas em farinha por processos de moagem.  Ela deve ser usada nas refeições, ou seja, no café da manhã, almoço e jantar. Sugere-se usar uma ou duas colheres de sobremesa no leite ou no suco.
Basicamente, a casca de maracujá é rica em pectina, uma fração de fibra solúvel capaz de ligar-se à água e formar compostos de alta viscosidade, conferindo-lhe efeitos fisiológicos peculiares. A hidratação da fibra ocorre pela adsorção de água à sua superfície ou pela incorporação ao interstício macromolecular. Na mucosa intestinal há formação de uma camada gelatinosa, que altera a difusão e absorção de nutrientes. Em função dessa maior viscosidade do conteúdo entérico, efeitos críticos regulam a resposta metabólica à carga de nutrientes, como por exemplo, o decréscimo na absorção de carboidratos pelo organismo, mecanismo que poderia explicar sua ação hipoglicemiante. Os resultados de estudos sugerem, com eficácia, a utilização da farinha da casca de maracujá cv. amarelo no controle da diabetes, assim como de determinadas patologias, diante da confirmação de tratar-se de um subproduto rico em pectina (fibra solúvel). Outra pesquisa, realizada com animais experimentais durante 28 dias com dieta contendo fibras insolúveis (Frias & Sgarbieri, 1998) mostrou significativa redução na concentração de glicose sanguínea. Pesquisas mostraram que o alto consumo de fibras em geral melhora o controle glicêmico e reduz a hiperinsulinemia em portadores de Diabetes tipo 2 (Guertzenstein & Sabaa-Srur, 1999).
Produtos de origem vegetal podem apresentar diversos efeitos adversos; por isso vários estudos de toxicologia clínica têm sido realizados, com o objetivo de demonstrar a segurança do uso destes produtos, portanto ainda não existem evidências científicas de que o uso da farinha de casca de maracujá é isento de efeitos tóxicos para o organismo. Especialistas afirmam que suas folhas, assim como o fruto imaturo, possuem substâncias em sua composição, capazes de provocar distúrbios respiratórios. Porém, ensaios toxicológicos mostraram que o uso do produto foi bem tolerado, havendo relatos isolados de efeitos adversos. Entretanto, nenhum dos eventos foi relacionado com a administração da farinha. Os exames efetuados, nos participantes das pesquisas, não evidenciaram sinais de toxicidade nos diversos órgãos e sistemas avaliados, o que sugere que o produto poderá ser utilizado em estudos farmacológicos, então se pode concluir que a administração da farinha do albedo de Passiflora edulis, na dose preconizada, mostrou-se segura, sem apresentar alterações que pudessem comprometer seu uso como alimento com propriedade de saúde.
            Os alimentos utilizados para manter ou promover a saúde têm recebido denominações diversas, tais como complementos nutricionais, alimentos funcionais, nutracêuticos, protetores, entre outros. Apesar das diferentes denominações, qualquer alimento que adicionado à dieta natural cause efeito positivo à saúde pode ser incluído nesta categoria como, por exemplo, complementar a dieta cotidiana de uma pessoa saudável, que deseja compensar um possível déficit de nutrientes, a fim de alcançar os valores da Dose Diária Recomendada (DDR). Sendo assim, esse alimento se inclui na Resolução nº 19, de 30 de abril de 1999, que dispõe sobre Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde no Rótulo, além da Resolução - RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, que aborda o Regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados.
Os principais pontos esclarecidos nestas resoluções incluem a proibição de apresentar no rótulo atributos de efeitos ou propriedades que não possam ser demonstrados e a proibição a indicação de que o alimento possui propriedades medicinais ou terapêuticas, além da exigência a rotulagem nutricional, onde devem ser declarados os seguintes nutrientes: valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio.

Tabela 2 – Composição nutricional retirada do rótulo da Farinha de casca de maracujá GlicoFiber®

A Dietary Reference Intakes (DRI) explica que o método mais fácil de orientar a recomendação de fibras é a recomendação em gramas por dia, pois muitas pessoas não conhecem a quantidade de energia total consumida diariamente, caso a orientação fosse expressa em gramas por quilocaloria. Para se ter uma idéia, homens na faixa de 19 a 50 anos de idade devem ingerir 38 g de fibras/dia, e as mulheres na mesma faixa etária devem consumir 25 g de fibras diárias.
O Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, também segue a recomendação de 25 g de fibras alimentares ao dia para adultos, e acrescenta que, se a alimentação contiver quantidades adequadas de cereais, tubérculos, raízes, frutas, hortaliças, leguminosas, essa quantidade de fibras será atingida. O consumo da fibra é reconhecido como necessário pela legislação brasileira, que tornou obrigatória a informação nutricional da quantidade desse nutriente nos rótulos de alimentos industrializados, mesmo depois de diversas alterações das resoluções.
A partir das informações citadas anteriormente pode-se avaliar as fibras apresentam efeitos fisiológicos importantes e a farinha de casca de maracujá é mais uma das opções que podem ser utilizadas na dieta humana. Porém, assim com devemos ingeri-las, não se pode esquecer que a ingestão de água também deve ser grande uma vez que se não for ingerida na quantidade necessária as fibras terão efeito oposto ao esperado. A farinha da casca do maracujá tem sim seus benefícios, mas não é milagrosa e muito menos o único produto no mercado que faça esses efeitos, além disso, uma alimentação equilibrada pode ser o melhor caminho para um bom funcionamento do organismo, sem a necessidade de adicionar um complemento nutricional.

Referências bibliográficas:
  • Josimar dos Santos Medeiros, Margareth de Fátima F. Melo Diniz, Armando Ubirajara Oliveira Sabaa Srur, et al. Ensaios toxicológicos clínicos da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis, f. flavicarpa), como alimento com propriedade de saúde. Revista Brasileira de Farmacognosia 19(2A): 394-399, Abr./Jun. 2009.
  • Ionara Fernada Rezende Vieira, Mariana Wanessa Santana de Souza, Tatiane Bethônico Oliveira Ferreira. Composição centesimal e propriedades funcionais tecnológicas da farinha da casca do maracujá. Alim. Nutr., Araraquara, v.19, n.1, p. 33-36, jan./mar. 2008.
  • Maria Luiza Zeraik; Cíntia A. M. Pereira; Vânia G. Zuin; Janete H. Yariwake. Maracujá: um alimento funcional?  Rev. Bras. farmacognosia.  vol.20  n°.3  Curitiba  June/July 2010.
  • Daniele Idalino Janebro, Maria do Socorro R. de Queiroz, Alessandra T. Ramos, et al. Revista Brasileira de Farmacognosia 18 (Supl.): 724-732, Dez. 2008.
  • Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_bk.htm> Acessado 25/05/2012 às 21h40min.
  • Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/19_95.htm> Acessado em 25/05/2012 às 22h12min.



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