Leite Alfaré pode mesmo ser considerado um substituinte para o leite ?
Saúde

Leite Alfaré pode mesmo ser considerado um substituinte para o leite ?





Utilizado como um substituinte do leite em situações aonde o infanto não é capaz de metabolizar de forma adequada o leite materno, o Alfaré é um dos produtos mais indicados para contornar esse viés. Mas será que sua aplicabilidade é mesmo a adequada como diz seu rótulo? 









 
Descrição do Produto:
O Alfaré, faz parte de uma linha da Nestlé chamada Nestlé Nutrition, composta por uma fórmula semi-elementar, em pó, especialmente preparada para crianças com distúrbios gastrointestinais. A Nestlé divulga seu produto como sendo a base de “proteínas extensamente hidrolisadas” e com a fórmula semi-elementar “atendendo a 100% das recomendações da CODEX Alimentarius FAO/OMS”.
Em uma pesquisa foi possível observar que a proteína é proveniente de um hidrolisado de proteína do soro de leite. A gordura é obtida de uma mistura lipídica, contendo 50% de triglicérides de cadeia média (TCM). E o hidrato de carbono é constituído de maltose-dextrinas e amido para proporcionar uma baixa osmolalidade. Em sua grande maioria esses ingredientes são questionáveis para compor uma fórmula infantil.

Fundamentos Bromatológicos:
Sabemos que uma fórmula infantil dedicada ao uso de recém nascidos com o intuito de substituir o leite materno deve ser, no mínimo, ingredientes equivalente em identidade, quantidade e qualidade ao leite materno, porém tal fato não ocorre devido a grande necessidade das indústrias de alimentos e nutricêuticos em alavancar suas produtividades, ou seja, produzir mais com menos e isso inclui a troca de matérias primas do leite por matérias primas mais baratas que agregam a mesma estética ao leite materno e adicionam um forte apelo marqueteiro ao produto com o intuito de fortalecer a competitividade, apesar de bromatologicamente impactar nas fórmulas infantis. A exemplo disso temos o produto Alfaré que possui em sua composição carboidratos como maltodextrina e amido de batata, ora sabendo que a maltodextrina é um carboidrato complexo, proveniente da industrialização (se é industrializado já pode inferir que não é um componente presente no leite em natura) onde a hidrólise parcial o converte também em amido. Equalizando as informações conseguimos chegar ao denominador de que um leite não é só amido, pelo contrário, em sua essência contem-se o carboidrato Lactose que é somente encontrado no leite, porém não é o único carboidrato presente, mas encontra-se majoritariamente. E ao avaliar a rotulagem abaixo, podemos notar que lactose possui uma concentração pífia que sequer é capaz de ser quantificada em 100g do produto.

 Legislação:
De acordo com o inciso I do artigo 6º da  RDC n. 43/2011-(Regulamento Técnico para fórmulas infantis para lactentes), fórmula infantil para lactentes é o produto, em forma líquida ou em pó, utilizado sob prescrição, especialmente fabricado para satisfazer, por si só, as necessidades nutricionais dos lactentes sadios durante os primeiros seis meses de vida (5 meses e 29dias);
De acordo com o inciso I do artigo 6º da RDC n. 45/2011, fórmula infantil para lactentes destinada a necessidades dietoterápicas específicas é aquela cuja composição foi alterada ou especialmente formulada para atender, por si só, às necessidades específicas decorrentes de alterações fisiológicas e/ou doenças temporárias ou permanentes e/ou para a redução de risco de alergias em indivíduos predispostos de lactentes até o sexto mês de vida (5 meses e 29 dias).
Além disso, conforme estabelece o inciso II do artigo 6º desta Resolução a fórmula infantil também é destinada para a redução de risco de alergias em indivíduos predispostos de lactentes a partir do sexto mês de vida até doze meses de idade incompletos (11 meses e 29 dias) e de crianças de primeira infância, constituindo-se o principal elemento líquido de uma dieta progressivamente diversificada.

Análise/Discussão:
Tendo em vista a regulamentação da ANVISA e os dados dos fundamentos bromatológicos, a questão que fica é: considerando o conteúdo da composição do Leite Alfaré e as necessidades fisiológicas do infanto, seu uso é adequado?
Considerando o intuito do produto, seria mais adequada uma fórmula que em sua composição possuem-se menos componentes industrializados (como a maltodextrina), uma vez que o objetivo deste produto seria mimetizar o leite materno, ainda assim atendendo a necessidade especial do lactente. Além disso, mesmo com todos esses componentes extras adicionados na fórmula final do Leite Alfaré, ainda falta com um componente pré ou pró biótico para auxiliar o organismo do usuário a se acostumar com o consumo de um produto desta origem.
O Leite Alfaré é destinado para lactentes que possuem uma defiência na digestão de proteínas do leite, porém este produto não apenas substitui esses agentes alergénos como adiciona mais ingredientes que no final são desnecessários para a condição do usuário, logo o produto que deveria simular o leite acaba se tornando algo totalmente diferente, podendo na verdade até trazer em seu nome as aspas sob palavra leite. Assim refletindo de forma mais adequada o conteúdo ali presente.
Durante uma análise realizada para avaliar se a rotulagem do produto Alfaré está de acordo com as normas estabelecidas pela Codex foi constatado que o produto está dentro da normalidade, apesar de a própria legislação ser falha em alguns pontos.

Conclusão:
Em suma é possível afirmar que apesar do produto Alfaré estar conforme as normas da Codex o produto possui falhas em sua fórmula e rotulagem quando destaca o uso de ingredientes que são desaprovados para a finalidade de equiparar uma formula infantil ao leite materno. Mas do ponto de vista legal, a Codex Alimentarius considera este produto como uma fórmula infantil, substituinte do leite para condições específicas do consumidor.

Bibliografia:
https://www.nestle.pt/SaboreiaaVida/Produtos/nutricaoclinica/NUTRICAO%20ORAL%20PEDIATRICA/Pages/ALFAR%C3%89.aspx
http://www.bulas.med.br/bula/3898/alfare.htm
http://www.codexalimentarius.org/standards/list-of-standards/en/?no_cache=1
http://portal.anvisa.gov.br/
Baby Food Capit Livro Guanab Koogan II

Daniel Magalhães C. Rodrigues
João Paulo Adame Rodrigues



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