Morcegos Vampiros - Existe Tratamento da Raiva em Humanos?
Saúde

Morcegos Vampiros - Existe Tratamento da Raiva em Humanos?


Morcego Hematófago - Ele é uma ameaça e, ao mesmo tempo, uma vítima do desmatamento irrefreado


Morcegos Vampiros - Existe Tratamento da Raiva em Humanos?


Por Marise Jalowitzki
05.abril.2012
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/04/morcegos-vampiros-existe-tratamento-da.html


Recentemente recebi a informação de que morcegos estão se "hospedando" em diferentes casas na zona urbana de Feliz. Um amigo pergunta o que fazer. Indico-lhe a comunicação ao pessoal da Vigilância Sanitária, a fim de averiguar caso a caso.


Morcegos não costumam adentrar o ambiente urbano habitado. A questão é sócio-ambiental e tem como principal causa o desmatamento. Assim, ainda que os morcegos sejam herbívoros e não hematófagos (vampiros) é importante comunicar as autoridades para que tomem providências, já que eles podem estar infectados por mordedura, arranhão ou mesmo lambedura. 


Como o "controle" está sendo feito por envenenamento (pasta vampiricida no dorso de um animal capturado, espalhando-se aos demais do entorno, que morrem por hemorragia) não dá para garantir quantos estão infectados. Mesmo que alguns especialistas defendam a permanência deles em zona urbana, pois um morcego de apenas 4 gramas pode comer até 200 mosquitos em uma noite,  é preciso manter cuidado. Lugar de morcego é em cavernas ou casas abandonadas. 


A raiva é uma doença grave. E letal. Em humanos que estão sob risco de contato, a vacina preventiva é ainda o maior e melhor caminho. Após 30 dias, o reforço é obrigatório, sob pena de reincidência. Em algumas situações, porém, por desconhecimento, por não acreditar em uma possível agressão ou por negligência mesmo, infelizmente, alguns acidentes acontecem e a pessoa pode ser infectada. A cura é difícil, há somente dois casos registrados. 

No mundo são estimados 55.000 óbitos humanos por ano, devido à raiva, mas a maior parte dos casos acontece devido à transmissão do vírus por cães. Os principais focos ocorrem nas áreas rurais, na Ásia e na África.

No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. No
período de 1991 a 2007, foram notificados 1.271 casos de raiva humana, sendo os cães
responsáveis por transmitir 75%, os morcegos por 12%, os felinos por 3%e os 10%
restantes por outras espécies.


Cura

"Em 2004, foi registrado nos Estados Unidos o primeiro relato do mundo envolvendo tratamento de raiva humana em paciente que não recebeu vacina ou soro antirrábico e evoluiu para cura.

A descrição detalhada da terapêutica realizada nessa paciente encontra-se publicada no protocolo de Milwaukee." Hoje, conhece-se como "protocolo de Milwaukee" os procedimentos que podem resultar na salvação de um ser humano atingido pelo vírus da raiva e que não tenha sido vacinado.


"No Brasil, em 2008, foi confirmada raiva em um paciente do sexo masculino, de 15 anos, proveniente do município de Floresta, estado de Pernambuco. A investigação demonstrou que o menino foi mordido por um morcego hematófago. Após suspeita clínica, foi iniciado o protocolo de Milwaukee adaptado à realidade brasileira, resultando no primeiro registro de cura de raiva humana, no país." Mas ainda são exceções. A letalidade ocorre praticamente em todos os casos.

A doença chamada por alguns de Raiva Paralítica, transmitida pelo morcego hematófago (que se alimenta de sangue), ainda não está erradicada em nosso país. A ação dos profissionais da saúde é intenso e, em 2012, especialmente o estado do Paraná está a merecer atenção, vigilância e intervenções junto ao meio ambiente e produtores rurais. Também em São Paulo, neste ano, mais especificamente na região de Piracicaba, foram detectados focos de bovinos que sofreram ferimento por mordeduras do morcego.

O crescente desmatamento, seja para mineração, hidrelétricas, barragens, lavouras e todo o demais previsto dentro do atual modelo econômico, levou à exaustão as condições de alimentação dos animais habitantes de cavernas. Com isso, a migração para zonas de pecuária e o consequente ataque a animais herbívoros (bovinos, equinos, caprinos e ovinos) também ficou bem mais frequente, apesar do controle da população das três espécies de morcegos vampiro existentes na América Latina.

O Brasil se comprometeu internacionalmente a erradicar a doença até 2012.


Morcegos são cada vez mais frequentes em áreas urbanas




Tratamento da Raiva em Humanos


A evolução do paciente para cura abriu perspectivas para tratamento de uma doença que, até o momento, era considerada letal. Diante disso, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e colaboradores elaboraram o protocolo de tratamento de raiva humana no Brasil, que deve ser adotado frente a casos suspeitos da doença. 



Importante ressaltar que o tratamento deve ser aplicado o mais precoce possível; assim é imprescindível que, ao suspeitar de raiva humana, o caso seja notificado de imediato à vigilância epidemiológica municipal, estadual e federal, para que sejam providenciados os exames laboratoriais e medicamentos necessários à condução do caso. 

Esse protocolo consiste, basicamente, na indução de coma, uso de antivirais e reposição de enzimas, além da manutenção dos sinais vitais do paciente. Para maiores informações entrar em contato com o Grupo Técnico da Raiva, da Coordenação de Vigilância das Doenças Transmitidas por Vetores e Antropozoonoses, da SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde).

 

Importante

A profilaxia pré ou pós-exposição ao vírus rábico deve ser adequadamente executada, sendo ainda a melhor maneira de prevenir a doença.

O paciente deve ser atendido na unidade hospitalar de saúde mais próxima, sendo evitada sua remoção. Quando imprescindível, ela tem que ser cuidadosamente planejada. 



Manter o enfermo em isolamento, em quarto com pouca luminosidade, evitar ruídos e formação de correntes de ar, proibir visitas e somente permitir a entrada de pessoal da equipe de atendimento. 


As equipes de enfermagem, higiene e limpeza devem estar devidamente capacitadas para lidar com o paciente e com o seu ambiente e usar equipamentos de proteção individual, bem como estarem préimunizados com titulação de anticorpos satisfatória. 

Recomenda-se como tratamento de suporte: 

- dieta por sonda nasogástrica e hidratação para manutenção do balanço hídrico e eletrolítico; 
- na medida do possível, usar sonda vesical para reduzir a manipulação do paciente; 
- controle da febre e vômito; 
- betabloqueadores na vigência de hiperatividade simpática; 
- uso de antiácidos, para prevenção de úlcera de estresse; 
- realizar os procedimentos para aferição da pressão venosa central (PVC) e correção da volemia na vigência de choque; 
- tratamento das arritmias cardíacas." 


Sedação de acordo com o quadro clínico, não devendo ser contínua.



A vacina não deve ser aplicada na região glútea.



Diagnóstico diferencial


"Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso. Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes. 

No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confundidos com raiva humana. 



Nesses casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: 
- tétano; 
- pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; 
- infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), 
- por mordedura de macaco; 
- botulismo e febre por mordida de rato (Sodóku); 
- febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); 
- encefalite pós-vacinal; 
- quadros psiquiátricos; 
- outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus; e 
- tularemia (Conhecida também como “febre do coelho”, a tularemia é causada pela bactéria Francisella tularensis e é uma doença infecciosa rara que pode atacar a pele, olhos e pulmões). 

Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva.

É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas prodrômicos, antecedentes epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia e alterações do comportamento.

 

Diagnóstico laboratorial

A confirmação laboratorial em vida, dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta (IFD), em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual (swab) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da região cervical – procedimento que deve ser feito por profissional habilitado, mediante o uso de equipamento de proteção individual (EPI).

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção." 





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O período de incubação é variável.

"A raiva dos herbívoros é responsável por enormes prejuízos econômicos diretos. Na América Latina, o prejuízo é da ordem de 30 milhões de dólares/ano." 


• "O controle da raiva silvestre, sobretudo do morcego hematófago, exige uma intervenção específica. Em função da gravidade das agressões por morcegos, deve-se comunicar o caso imediatamente aos serviços de saúde e à agricultura, para o desencadeamento das ações de controle, de competência de cada instituição, e reportar-se ao Manual sobre morcegos em áreas urbanas e rurais: manejo e controle, do Ministério da Saúde.

• Casos surgidos após 90 dias de intervenção caracterizam novos focos.


Aspectos clínicos da raiva em morcego

Raiva em morcego – a patogenia da doença é pouco conhecida. O mais importante a considerar é o fato de que o morcego pode albergar o vírus rábico em sua saliva e ser infectante antes de adoecer, por períodos maiores que os de outras espécies. Algumas apresentações da doença em morcegos foram assim registradas:

• raiva furiosa típica, com paralisia e morte;
• raiva furiosa e morte sem paralisia;
• raiva paralítica típica e morte.

Observação
Deve-se ressaltar que um morcego é considerado suspeito de estar infectado com o vírus da raiva quando for encontrado em horário e local não habitual."



Informações e mais detalhes específicos para os profissionais da Saúde:

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/informacoes_03.htm
http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/news/index.php?storytopic=32
Wikipedia
http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=748&sid=8





Mais sobre Morcegos e Ecossistema - Ameaças - Raiva - Locais no Brasil com Focos - Qual a estratégia de Controle da população de morcegos - Tratamento em Humanos - Página de Links:
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2012/04/morcegos-hematofagos-e-o-ecossistema.html


Morcegos vivem em Cavernas - Nós estamos destruindo as cavernas - Como fazer frente a mais esta agressão




Querendo, leia mais sobre Desmatamento em: http://ning.it/gwfVfk

Preservação ambiental e dos animais selvagens



Links sobre Desmatamento, Degradação, atuação do IBAMA, Preservação das Florestas e dos Animais Selvagens, Condições de vida das populações ribeirinhas, Impactos Ambientais, Encontros



Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente


[email protected]
Escritora, Educadora, Ambientalista
Coordenadora de Dinâmica de Grupos,
Especialista em Desenvolvimento Humano,
Pós-graduação em RH pela FGV-RJ,
International Speaker pelo IFTDO-EUA

Porto Alegre - RS - Brasil
 



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