O que é a quimioterapia?
Saúde

O que é a quimioterapia?


Quimioterapia provém da combinação de "química" e "terapia" (tratamento). É o uso de medicamentos para destruir ou controlar o crescimento das células cancerosas. Nos últimos 30 anos têm-se usado medicamentos no tratamento do cancro. Actualmente utilizam-se diversos medicamentos para tratar diferentes tipos de cancro.

Quando se aplica a quimioterapia?
A quimioterapia é um dos principais métodos utilizados no tratamento do cancro. Pode ser aplicado só ou combinado com outras formas de tratamento, principalmente a cirurgia ou a radioterapia. O método, ou conjunto de métodos, utilizados no tratamento do cancro, são escolhidos individualmente, de acordo com as necessidades específicas de cada doente. Nalguns casos, o tratamento escolhido é a quimioterapia, obtendo-se a cura de certos tipos de cancro. Noutros, a quimioterapia pode manter o cancro controlado durante meses ou anos. Este tratamento pode prolongar e melhorar a sua qualidade de vida.

Os benefícios da quimioterapia variam de doente para doente e só o médico pode decidir qual o tratamento mais adequado para cada um.

O que faz a quimioterapia?
As células cancerosas são células imaturas que crescem desordenadamente no nosso corpo. Uma das características é a rápida multiplicação. As células que se dividem mais rapidamente são mais vulneráveis ao efeito dos medicamentos do que as células normais, pelo que as células cancerosas são mais severamente afectadas pela quimioterapia.

Os medicamentos da quimioterapia:


Infelizmente, há células normais que também se multiplicam rapidamente e são afectadas pela quimioterapia, nomeadamente, as da medula óssea (onde se produzem os glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas do sangue), as do epitélio de revestimento da boca, do estômago, dos intestinos, do sistema reprodutivo, os folículos do cabelo e as da pele. A maior parte dos efeitos secundários tóxicos relacionados com a quimioterapia aparece nestes. Os efeitos tóxicos, normalmente, duram pouco tempo porque as células desses orgãos possuem uma extraordinária capacidade de se regenerarem e voltarem à normalidade.

Como se administra a quimioterapia?
Pode fazer-se através de injecções ou por via oral, consuante o(s) medicamento(s) prescritos. Geralmente, administra-se de três maneiras:
Pode ser-lhe receitado um único medicamento, vários medicamentos ao mesmo tempo, ou vários medicamentos em período diferentes. O médico explicará ao doente o seu programa específico. Alguns medicamentos ao serem injectados na veia poderão causar uma sensação de ardor.
Deve-se sempre perguntar se isso é normal, ou referir imediatamente qualquer dor ou sensação estranha, para que a causa seja detectada e corrigida.

Escalonamento e duração do tratamento
A duração e a frequência com que se deve receber o tratamento, depende:
O escalonamento dos tratamentos inclui, geralmente, "períodos de descanso" durante os quais não é administrada qualquer medicação. O seu médico poderá explicar-lhe o curso exacto do tratamento.

Influência dos hábitos de vida
A maior parte dos doentes que fazem quimioterapia consegue fazer a sua vida quase normal, trabalham, cuidam das famílias, vão à escola e mantêm-se socialmente activos. Os horários dos tratamentos podem ser elaborados de modo a interferir o menos possível com as actividades normais do doente. O que o doente pode fazer vai depender do modo como reage à doença e aos tratamentos. A maioria dos médicos aconselha os seus doentes a permanecerem o mais activos possível.

Geralmente, os doentes fazem quimioterapia em consulta externa, indo ao hospital, clínica ou consultório para os tratamentos e exames periódicos, mas ás vezes é necessário um curto período de internamento para vigiar o início de um novo programa de quimioterapia, pois nenhum organismo reage da mesma maneira.

É importante saber que se podem verificar alterações, quer a nível da energia física, quer dos hábitos alimentares ou do aspecto físico.
Normalmente, trata-se apenas de efeitos secundários passageiros, mas é preciso reconhecê-los, e discuti-los com a equipa de saúde, se necessário.

Efeitos na alimentação
Não é necessário fazer qualquer dieta rigorosa durante a quimioterapia, mas o gosto por certos alimentos pode ficar afectado durante um tempo. Dever-se-á fazer uma dieta equilibrada, pois uma boa nutrição é essencial para o próprio bem estar. É aconselhável fazer refeições leves nos dias do tratamento. Devem evitar-se comidas pesadas, gordas e demasiada condimentadas. Aves e queijo são geralmente melhor toleradas do que a carne de vaca ou de porco.

Se perder o apetite ou se sentir enjoada, peça ajuda ao seu médico ou enfermeiro no planeamento de ementas mais apetitosas e, coma pequenas quantidades, várias vezes ao dia. Os suplementos alimentares proteicos também podem ajudar.

Poderá ser aconselhável aumentar a ingestão de líquidos, não só água e sumos, mas também gelatinas, caldos, sorvetes e gelados. O enfermeiro ou o médico podem querer saber a quantidade que normalmente bebe por dia.

Consumo de álccol
Antes de consumir bebidas alcoólicas, incluindo cerveja e vinho, pergunte ao médico se o pode fazer.
Com alguns medicamentos é essencial evitar o álccol.

Uso de outros medicamentos
Não tome qualquer medicamento sem perguntar ao seu médico. Será útil fornecer-lhe uma lista de todos os medicamentos que habitualmente toma, como contraceptivos e vitaminas, ou mesmo dos que toma ocasionalmente, como a aspirina ou anti-ácidos. Só o médico lhe poderá dizer quais os medicamentos que pode tomar com segurança enquanto faz quimioterapia.


Possíveis efeitos secundários da quimioterapia.
Todos os medicamentos utilizados na quimioterapia causam efeitos secundários.
Se o paciente tem ou não reacções desagradáveis, depende do indivíduo e nada tem a ver com a eficácia do tratamento. Recorde que quase todos os efeitos secundários são passageiros e o médico pode ser informado de todas as reacções que ocorrerem.

Aparelho digestivo
O aparelho digestivo está forrado de células que se multiplicam rapidamente, muito sensíveis aos agentes da quimioterapia, o que pode causar náuseas e vómitos. Estes efeitos secundários ocorrem normalmente durante as primeiras horas ápos um tratamento. O médico pode receitar alguns medicamentos para evitar ou reduzir esta reacção.

A prisão de ventre e/ou a diarreia são efeitos menos comuns alguns dos medicamentos. Peça ao seu médico um medicamento para o seu alívio.
Se o interior da boca começar a doer e a ferir, deve comunicar o facto ao seu médico. Este problema chama-se mucosite e pode durar alguns dias. Pode obter alívio do seguinte modo:
Evite os dentífricos com álccol que podem provocar uma inflamação maior da boca. Peça ao seu farmacêutico que lhe recomende um produto sem álccol.
Bocheche com uma solução fraca de soda (meia colher de chá para 1 litro de água). Bocheche amiúde, por exemplo de três em três horas.
Utilize cotonetes ou escova de espuma se a escova normal a magoar. Use sempre uma escova muito macia.
Coma alimentos macios e fáceis de mastigar
Experimente comida para bébé ou passe tudo pela máquina depois de cozinhado.

Sistema nervoso e muscular
Algumas pessoas sentem-se fracas e cansadas durante o período de tratamento. Isso pode estar relacionado com anemia (baixo nível de oxígénio no sangue) ou com o efeito directo da medicação sobre os músculos e nervos.
Poderá sentir alguma dormência, formigueiro ou ardor nas mãos e pés.São reacções normalmente passageiras.

Medula óssea
As células sanguíneas, como os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas, são preoduzidas na medula óssea.
Este grupo de células, com reprodução muito rápida, é também dos mais sensíveis ao efeito dos medicamentos para o tratamento do cancro. Assim, deverão ser feitas, regularmente, análises ao sangue para verificar o efeito do tratamento na produção dos glóbulos sanguíneos. Poderá ser necessária uma transfusão para aumentar a quantidade dos glóbulos.

Sintomas possíveis
É importante saber quais são os sintomas de baixa produção de glóbulos, comunicando ao médico o seguinte:

Cabelo
Os folículos capilares são células de crescimento rápido, e a queda temporária de cabelo (não só da cabeça como do corpo) é um efeito secundário comum a muitos agentes quimiterápicos. A queda é por vezes total, mas lembre-se que o cabelo voltará a crescer quando o tratamento acabar. Perucas e postiços são dedutíveis nos impostos como despesas médicas e igualmente abrangidas nos seguros de saúde.

Fertilidade
As mulheres ainda menstruadas podem deixar de sê-lo ou ter períodos irregulares durante algum tempo.
Podem ocorrer sintomas de menopausa. É possível engravidar, mas é aconselhável discutir com o médico o controle da natalidade, pois certos medicamentos contra o cancro podem ter efeitos nocivos sobre o feto, tormando desaconselhável a gravidez durante o tratamento. Uma vez terminada a quimioterapia e ápos algum tempo, é possível conceber e ter uma gravidez normal.

É importante lembrar que, embora a quimioterapia possa ter efeitos permanentes sobre a fertilidade, ela não inflencia a capacidade de ter e apreciar as relações sexuais. Não é raro, porém, que durante o tratamento diminua o interesse pela intimidade sexual.

Outros efeitos secundários
Certos medicamentos podem provocar efeitos secundários não mencionados neste artigo. Sinta-se sempre à vontade para pedir ao seu médico que lhe descreva os efeitos secundários relacionados com o seu tratamento.

Quando chamar o médico?
Os seguintes efeitos secundários podem estar relacionados com a quimioterapia, e devem ser imediatamente relatados ao médico:
Se o seu médico de família estiver perto da sua casa, mas o especialista da quimioterapia estiver mais longe, peça ao médico de família que contacte o especialista. Assim, terá ajuda sempre ao seu alcance.


Fonte: Vencer e viver e L.P.C.C.N.R.S



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