Sensibilidade química, você tem e talvez não saiba
Saúde

Sensibilidade química, você tem e talvez não saiba


Essencialmente, são três os campos de estudos que se conectam para gerar o que denominamos Medicina Ambiental, Ecologia Médica, Medicina Ecológica ou Ecologia celular:
O sistema imune, o sistema de desintoxicação e o sistema endócrino são o foco clínico das repercussões orgânicas adaptativas das influências ambientais (principalmente Toxinas) sobre o organismo humano.

Os alimentos que consumimos, o ar que respiramos e a água que bebemos deixaram de ser simples substâncias inertes, meras fontes de moléculas para construir o organismo humano. Atualmente, esses elementos essenciais à vida passaram a conter moléculas que originalmente (organicamente) não faziam parte de sua constituição.

Nos tempos atuais, os alimentos para serem aprimorados ou preservados da decomposição natural, têm a inclusão de substâncias químicas conservantes, antioxidantes para dar aspecto mais atraente, corantes e aromatizantes para acentuar sabor e pesticidas para evitar que sejam devorados por insetos.  A figura abaixo descreve as principais fontes de Toxinas.



A água pode conter metais pesados e mesmo solventes orgânicos e o ar pode ter tantas partículas nocivas, a ponto de se tornar importante causador de mortes cardíacas e doenças neurodegenerativas, como ocorre nas grandes cidades.

Alguns indivíduos, que denominamos sensíveis, têm dificuldade de gerenciar a detoxificação da poluição do ambiente, desenvolvendo reações inflamatórias agudas ou crônicas a essas exposições.

Dependendo da localização, os sofrimentos delas resultantes serão denominados pela associação do nome da região anatômica onde se manifestam ao radical grego “ite”, que significa inflamação. Por exemplo, pneumonite de hiper sensibilidade, rinite alérgica, sinusite alérgica, colite, artrite etc.

Existem duas formas básicas, medicamente falando, de abordar essas patologias:
A Medicina Ambiental procura saber primeiramente a causa dos processos inflamatórios de repetição.

O organismo humano tem uma capacidade individual de suportar a carga total de poluentes em determinado espaço de tempo. Toda vez que essa capacidade é ultrapassada, ocorrerá uma reação adaptativa e que se expressará clinicamente como sintomas de uma doença, como enxaqueca, rinite, asma, urticária ou fibromialgia.

É comum que os pacientes apresentem, muitas vezes, algumas características que sugerem uma origem ambiental para seus problemas de saúde. Melhoram quando vão para a montanha, praia ou deserto, e com a prática do jejum, religioso ou não, mas pioram com mudanças de clima e são sensíveis a odores fortes;

Também apresentam múltiplas queixas, entre elas alterações de humor. Muitos têm históricos de exposição a químicos e a fungos do ar (em residências ou em ambiente de trabalho). Muitos têm históricos de reações a alimentos que contêm pesticidas (por exemplo, alface, tomates, pepinos e morangos), porém seus anticorpos IgE específicos são negativos. Muitos pacientes apresentam intolerância ao leite e ao trigo. No Brasil podem desenvolver sensibilidade ao arroz e ao feijão. Um grande número deles reage mal à administração de remédios antiinflamatórios, analgésicos, sedativos, para tratar os sintomas em geral.

Grande parcela de pacientes tem acidose no aparelho digestivo ou sistêmica. Os quadros mais graves mostram PCR (proteína C reativa, um marcador inflamatório) elevada (acima de 5), gasometria venosa (de leitura imediata) com PO2 acima de 30 ou menor que 25 (oxigênio alto no sangue venoso) e, em casos mais complexos, ácido láctico acima de 29. Os dois últimos exames informam que existe um distúrbio mitocondrial, ou seja, o indivíduo encontra-se em estado anaeróbico. Suas mitocôndrias estão sujas e não funcionam.

Exames termográficos revelam alguns sinais clínicos importantes: hipertermia periorbicular resultante de distúrbios do sono, sinais de reações inflamatórias no cólon, sinais de sobrecarga hepática, hipertermia generalizada em todo o tronco, sinal do Manto (sinal termográfico de fibromialgia) e por último, mas não menos importante, vasoconstricão periférica.



Os Ecologistas Clínicos classificam as pessoas com esse conjunto complexo de sintomas como portadoras da Síndrome de Sensibilidade Química.

Atualmente, o mais importante estudioso desse fenômeno é o Dr. Willian Rea, presidente da Fundação Americana de Medicina Ambiental, em Dallas, Texas, que se tem dedicado a atender e a cuidar de pacientes complexos, oriundos de países industrializados, acometidos dessa Síndrome. Seu livro mais importante, em quatro volumes, intitula-se Chemical Sensitivity, ainda sem tradução em português. Trata-se de uma obra que trata, ao mesmo tempo, de casos clínicos vistos de forma individualizada e de conjuntos de pacientes enquadrados dentro de variantes de apresentação clínica, guiadas pelo diagnóstico.

Nesses pacientes, a conduta inicial é:
  1. Reduzir a carga total de agressão ambiental a que estão submetidos.
Ou seja, recomenda-se:
  1. Consumo de alimentos orgânicos (se possível, alimentação 100% natural e orgânica) associado à dieta de exclusão de alimentos ofensivos considerados pelos médicos como alergênicos.
  2. Ingestão de água pura - fontes não-contaminadas e com pH alcalino (8.0 ou >),
  3. Inalação de oxigênio úmido (6-8 litros por minuto, por 21 dias, durante duas horas diárias) – terapia de Von Ardenne,
  4. Sauna seca,
  5. Drenagem linfática.
Essas medidas, quando aplicadas de forma conjunta, tendem a aliviar rapidamente os sintomas desses pacientes, que passam por si próprios a reconhecer os fatores ambientais que os agridem. Uma vez desintoxicados, percebem com maior clareza os efeitos que os poluentes contidos na água, no ar e nos alimentos provocam em seus organismos. Os gráficos abaixo listam alguns dos benefícios dos programas de desintoxicação:



Acredito que no Brasil existam muitos locais, como regiões de montanha, praias e estações de água, propícios à criação de Unidades de Controle Ambiental onde os pacientes poderiam ser desintoxicados e recuperados para viver sem problemas inflamatórios. São verdadeiros oásis médicos em um mundo cada vez mais envenenado.

No local onde vivo, muitos dos pacientes que se apresentaram em meu serviço clínico com alergias e processos inflamatórios complexos (Sensibilidade Química), eram sensíveis a fungos, tinham exposição ao mofo (fungos em paredes, em aparelho de ar condicionado e em infiltrações de água) e tiveram sua saúde restaurada após serem aconselhados a evitar os fatores ambientais desequilibrantes.

Os fungos são reconhecidos agentes perturbadores da saúde física e mental desde a época do Velho Testamento, em que o Levítico 14-33 a 48 ensina o método de fazer o diagnóstico se uma casa está contaminada com a "lepra da casa", termo usado pelos antigos para designar a contaminação residencial por mofo. Há 5 mil anos, os sacerdotes judeus já percebiam que influências ambientais, como o fungo de parede, afetavam não somente o corpo, mas também a mente, causando significativo impacto na qualidade de vida. Em sua história, os judeus viveram sob grande pressão (os judeus durante longo tempo foram um povo migrante).

Todos nós, que atualmente fazemos parte de uma sociedade industrial, somos submetidos a considerável pressão social, econômica e política. O estresse tóxico (distress) e a fadiga adrenal resultantes desse modo de vida favorecem a Sensibilidade Química, ao enfraquecer um dos principais órgãos de adaptação ambiental, a glândula adrenal.

Quando a adrenal torna-se fatigada, perde o controle das reações inflamatórias do sistema imunológico, sobrecarregando os sistemas desintoxicantes que os tornam disfuncionais, o que enseja quadros clínicos complexos. Quadros esses que deveriam ser tratados com exclusão de alguns alimentos, substituição de água, oxigenação, depuração por sauna, drenagem linfática, imunoterapia e reposição de vitaminas e sais minerais via oral ou endovenosa.

Fibromialgia, fadiga crônica, vasculite, síndrome miofascial, rinite vasomotora, cefaléia tensional, síndrome do cólon irritável, gastrite nervosa, distúrbio neurovegetativo, distúrbio somatomórficos e "burn out" são algumas das patologias que acometem os portadores de Sensibilidade Química, doença ambiental que só agora começa a ser estudada no Brasil.



Por sua crescente importância na área médica, a Sensibilidade Química será o tema principal do II Congresso Internacional de Medicina Ambiental, que acontecerá em São Paulo nos dias 19 e 20 de Novembro de 2011. A programação do congresso está disposta no link: http://www.medicinaambiental.net/programacao_pt.html

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