Trabalho por turnos e a intolerância à glicose
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Trabalho por turnos e a intolerância à glicose



No artigo anterior que publiquei no blogue, falei-vos da importância da secreção imediata de insulina (1ª fase) em resposta a um estímulo de glicose. Uma resposta adequada nesta fase permite atingir o limiar de supressão da gluconeogénese hepática, reduzindo a glicemia posteriormente. Se isto não acontece, a hiperglicemia promove mais secreção de insulina na fase tardia, aumentando a exposição total à hormona e, eventualmente, exaustão das células beta do pâncreas ou glucotoxicidade. Aqui poderemos estar já perante um quadro de diabetes, precedido de uma intolerância à glicose.


Entre os factores que influenciam negativamente a tolerância à glicose, um dos mais importantes é o sono, ou falta dele, e o ritmo circadiano. A intolerância à glicose é característica de trabalhadores que fazem turnos à noite, um estilo de vida que parece aumentar o risco de diabetes. Num abstract publicado na revista científica Sleep (0524), Christopher Morris mostra que a intolerância à glicose em situações de vigília nocturna se deve a uma menor secreção imediata de insulina e menor pico de concentração no sangue. Tal como referi no início, isto levou a uma maior exposição total à insulina e níveis mais elevados de glicose no sangue. E importante, estas alterações no controlo da glicemia foram imediatas, observáveis num único dia de estudo. No entanto, os participantes não tinham hábitos de turnos nocturnos, ficando por esclarecer se existe algum tipo de adaptação.

Muita gente está formatada para pensar no pico de insulina como uma coisa má e a evitar. Isso não é verdade. Um pico imediato e robusto é sinal de um metabolismo saudável. Esta característica é a primeira a perder-se quando as coisas deixam de funcionar como deve ser, e um indicador do risco de diabetes num futuro próximo. Os problemas com insulina começam não com o pico mas com uma exposição crónica elevada, sinal de hiperglicemia pós-prandial já de si bastante nefasta.



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