Uma pesquisa recente buscou ver o efeito do tempo até o chamado fracasso bioquímico, quando o PSA, antes não detectável, passou a ser detectado. A primeira preocupação que tenho ao ler esse artigo é alertar o leitor que as definições de fracasso bioquímico e do que é e do que não é detectável mudaram. O pessoal da radiação, creio, preferia três elevações consecutivas, grandes ou pequenas, no PSA; outros preferiam um valor fixo, como igual ou maior que 0,4 e assim vai. Tecnologicamente, o limite do detectável mudou muito. Houve um amplo tempo em que 0,1 e 0,2 foram usados, para ficar no lado seguro das coisas. Hoje meus exames no SK são detectáveis no nível de 0,05, impensável há vinte anos e há equipamentos com níveis mais baixos de detectabilidade, mas com margem de erro um pouco maior. Com um limite de 0,1 o meu PSA “voltou” em 2002; se usássemos o critério atual do SK talvez nunca tivesse sido indetectável...
Claro que o tempo até o PSA ser detectado depende do limiar do equipamento. Com definições fixas, quanto mais tempo até voltar a ser detectado, melhor. É o que conclui essa pesquisa chinesa com 575 pacientes que fizeram cirurgia e, depois, radiação.
Na mediana acompanharam os pacientes por aproximadamente sete anos. O PSA voltou a ser detectável, na mediana, em 16,8 meses. Mediana significa que, na metade dos pacientes, o PSA voltou antes de 16,8 meses e, na outra metade, voltou depois. O tempo até essa volta foi chamado de Intervalo até o Fracasso Bioquímico.
Fizeram um corte, aos 18 meses. Para que serviu esse corte? Ele ajuda a separar os tiveram metástases distantes dos que não tiveram, os que morreram deste câncer dos que não morreram, os que morreram de toda e qualquer causa dos que não morreram. Pode, portanto, ser um critério que oriente o tratamento a ser dado.
GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ