A realidade de Minas Gerais e do Brasil - Resíduos tóxicos na indústria do cimento
Saúde

A realidade de Minas Gerais e do Brasil - Resíduos tóxicos na indústria do cimento


A indústria cimenteira vai tornando-se mais um elo na disseminação do risco químico, dentro e fora das fábricas e ao longo dos trajetos que interligam geradores de resíduos e consumidores de cimento

A realidade de Minas Gerais e do Brasil - Resíduos tóxicos na indústria do cimento


Por Marise Jalowitzki
06.setembro.2011
http://ning.it/oYGJcP

O trecho a seguir foi retirado de um trabalho em pdf, publicado na web e apresentado no II ENCONTRO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE – ANPPAS, em Campinas-SP.

De lá para cá, nenhum resultado consta sobre a realidade das emissões gasosas ou líquidas, tóxicas, emitidas pelas empresas cimenteiras.´

As transcrições objetivam alertar legisladores sobre o grave problema gerado pelo fabrico do cimento, em um momento em que tanto se expande este segmento de mercado. E que, mais do que leis que garantam um meio ambiente mais saudável a TODOS os segmentos da população, também sejam oferecidos melhores meios de efetivo controle, supervisão e fiscalização.

O progresso acontece, sim, mas só se mantém quando todos os envolvidos no processo são contemplados com qualidade.

Segue o trecho de Santi e Sevá Filho:

"Particularmente, no caso do Estado de Minas Gerais, onde sequer foram realizados testes em branco ou testes experimentais para avaliação da eficiência do processo de co-incineração de resíduos nos fornos de clínquer, e onde o monitoramento da emissão de substâncias tóxicas nas chaminés das fábricas de cimento – devido à frequência e aos parâmetros (selecionados) analisados – não garante o controle da atividade (Santi, 2003), tais avanços ainda estão longe de serem considerados pelos analistas
(pág.15)
ambientais mineiros, o que contribui para a disseminação dos riscos; não há nenhum controle sobre eles e muito menos estão sendo tomadas medidas para sua efetiva minimização.


POPULAÇÕES MAIS POBRES SÃO AS MAIS EXPOSTAS


Ao quadro já complexo agregam-se a exclusão social e as desigualdades que fazem com que a poluição ambiental afete, de forma mais grave, as populações mais pobres e marginalizadas, que são aquelas que, normalmente, habitam as áreas de risco de poluição e de acidentes; e os trabalhadores, provavelmente menos qualificados e, em geral terceirizados, que recebendo menores salários e menos treinados, estão mais expostos ao risco intrínseco e novo relacionado à presença de resíduos perigosos nas plantas cimenteiras e à falta de costume dos próprios trabalhadores no manuseio desses materiais.


Concluímos que a produção de cimento com emprego de resíduos expande o alcance dos riscos, os quais permeiam os caminhos dos resíduos, do cimento e da poluição liberada para o meio ambiente pelas unidades industriais, formando inúmeros cenários de exposição crônica ou acidental aos componentes perigosos que se movimentam de um ponto a outro da cadeia de produção e uso do cimento
- coleta e acondicionamento do resíduo na planta geradora;
- transporte em rodovias e vias urbanas;
- manuseio e processamento nas plantas de fabricação de cimento;
- transporte e uso final do cimento –, com grande potencial de agravo à saúde dos trabalhadores e da população, e de comprometimento da qualidade ambiental, o que, indiretamente também afeta os seres humanos, a flora e a fauna, pela contaminação dos recursos ar, água e solo.


As inúmeras possibilidades de rotas para o transporte dos resíduos é apenas um dos riscos de contaminação

No âmbito territorial, as consequências do crescimento do emprego de resíduos na produção de clínquer


(a) aumenta o risco de contaminação nos locais e regiões onde estão as cimenteiras e na cadeia dos usos do cimento;

(b) aumenta o risco em todo o trajeto, desde o despacho do resíduo pela indústria geradora, até a alimentação do material nos fornos de clínquer;

(c) diminui o risco nas regiões onde estão instaladas as indústrias geradoras de resíduos, devido à diminuição do acúmulo de resíduos no solo (aterro), ou das quantidades estocadas.


Ou seja, a co-incineração, como realizada atualmente, é um processo notável de disseminação dos riscos de contaminação química associados aos resíduos industriais perigosos, que se desenvolve em escala interregional, convergindo para as regiões cimenteiras.


Nesta engrenagem geral é que se explica a disseminação dos riscos de contaminação química e que se pode dimensionar a ampliação da grandeza e do alcance dos impactos sócio-ambientais da atividade de produção e uso de cimento: a incorporação de centenas (milhares talvez) de substâncias químicas contidas nos mais distintos resíduos de processos industriais, somada à prática de preparação de misturas de resíduos e ao uso cada vez maior de mais tipos de combustíveis e de blends de combustíveis.


O delineamento do raio de ação dos riscos e da intensidade de suas consequências é objeto dos Estudos de Avaliação e de Análise de Riscos, mas as limitações e as incertezas dos métodos, associados às restrições para sua aplicação no espaço ocupado pelo sistema constituído pela produção de cimento com emprego de resíduos, dada a sua complexidade, determinada pela diversidade das fontes geradoras de resíduos e sua localização e distância das cimenteiras;
- pelas centenas de tipos de resíduos que estão sendo destinados aos fornos de clínquer com suas propriedades físico-químicas diferenciadas;
- pelas inúmeras possibilidades de rotas para o transporte dos resíduos;
- pelos aspectos tecnológicos da fabricação do clínquer e do cimento; e
- pelas milhares de formas e locais de utilização do cimento torna essa tarefa impossível.


Não há, portanto, como garantir sobre a segurança da atividade de co-incineração de resíduos em fornos
de clínquer para a população, para os trabalhadores e para o meio ambiente.
(pág.16)

Assim, a indústria cimenteira vai tornando-se mais um elo na disseminação do risco químico, dentro e fora das fábricas e ao longo dos trajetos que interligam geradores de resíduos e consumidores de cimento, contribuindo para a disseminação dos riscos e a ampliação dos níveis de contaminação ambiental.

Autores: Auxiliadora Maria Moura Santi 1
Arsênio Oswaldo Sevá Filho 2

http://www.fem.unicamp.br/~seva/anppas04_SantiSeva_cimento_RMBH.pdf

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(continua)

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Cimento e Petróleo - Desmatamento e Sustentabilidade - Resíduos Tóxicos e Legislação

Por Marise Jalowitzki
02.setembro.2011
Link: http://ning.it/q4ESTJ
 



Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente




[email protected]
Escritora, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA

Porto Alegre - RS - Brasil



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