O que é um pólipo nasal?
Pólipos nasais correspondem a uma degeneração da mucosa que ocorre nas narinas, causando uma obstrução nasal intensa, agravando a rinite e tornando-se muito incômoda ao paciente. A palavra pólipo pode assustar porque algumas pessoas já a viram relacionada com tumores malignos, mas é importante deixar claro que são em geral formações benignas. A ocorrência de pólipos nasais é mais comum em adultos, sendo mais rara em crianças abaixo dos 10 anos.
É uma doença inflamatória da mucosa nasal (tecido de revestimento interno do nariz) mas até hoje não se sabe com precisão a causa e o porquê do aparecimento dos pólipos. É descrita uma relação clínica entre a rinite e o surgimento de pólipos, mas até hoje esta relação não está totalmente esclarecida. Na prática, observa-se que os pólipos quando surgem associados à rinite tendem a ser mais severos e que o controle da alergia melhora sua evolução e diminui a recidiva do processo. Entretanto, não há comprovação de que a alergia predisponha ao surgimento dos pólipos.
O pólipo pode ser único ou múltiplo, sendo seu tamanho variável. Os pólipos pequenos em geral causam poucos problemas, mas os maiores podem provocar sintomas mais graves. Uma conseqüência comum é o impedimento da drenagem normal dos seios paranasais e como conseqüência, facilitação de infecções bacterianas.
Quais são os sintomas mais comuns da polipose nasossinusal?
- O principal sintoma é a obstrução nasal intensa, popularmente referida como “nariz entupido”. A pessoa descreve que suas narinas estão sempre obstruídas e que tem pouca melhora com o uso de descongestionantes, seja em forma de gotas, seja em comprimidos.
- Dor de cabeça (cefaléia) e/ou dor na face ou ainda sensação de pressão na região da face.
- Secreção catarral e em algumas ocasiões de odor ativo, não apenas sob forma de coriza mas também como um gotejamento na região posterior das narinas em direção à faringe.
- Quadros repetidos de sinusite.
- Diminuição ou perda de olfato e/ou paladar.
- Podem ocorrer também distúrbios do sono, roncos ou até apnéia do sono, ou seja, a parada da respiração durante o sono por um período superior a 10 segundos.
Como posso saber se tenho um pólipo?
O diagnóstico da polipose pode ser feito pelo médico ao exame clínico, mas existem exames específicos que serão úteis como a tomografia e a endoscopia rinossinusal. A escolha do tipo de exame complementar varia em cada pessoa e com o tipo de pólipo, sendo valiosos não apenas no reconhecimento do problema como também na escolha da conduta e do tratamento em cada caso.
Associação da polipose com outras doenças
-Em crianças, o achado de um pólipo nasal pode indicar a presença de mucoviscidose, mais conhecida como fibrose cística ou apenas FC, que é uma doença genética, grave, sem cura, que afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas, fígado e intestino. O diagnóstico pode ser confirmado através do exame do suor.
-A presença de polipose, rinossinusite, asma e eosinofilia(aumento da contagem de eosinófilos no hemograma) sugerem a síndrome de intolerância à aspirina, analgésicos e antinflamatórios não hormonais. Recomenda-se que pessoas portadoras de polipose e asma evitem o uso de analgésicos (derivados da aspirina, ácido acetil salicílico, dipirona, pirazolona) e antinflamatórios não hormonais. Existem medicações alternativas que deverão ser orientadas pelo médico.
-Sinusite causada por fungos pode se associar à presença de pólipos nasais.
-Outras síndromes mais raras, podem se associar.
Tratamento
O tratamento deve ser escolhido de forma individual, de acordo com o tipo da lesão, reflexos em seu portador, sintomas clínicos e na dependência do grau de comprometimento nasal e dos seios da face. Os medicamentos podem ser úteis para debelar episódios agudos e para o controle da doença, mas em alguns casos a indicação cirúrgica se impõe, com objetivo de remover os pólipos. A cirurgia resulta numa melhora significativa mas infelizmente verifica-se um índice significativo de recidivas.
Encerrando o tema, reproduzo abaixo uma matéria publicada em 2005, que comprova que o aparecimento de pólipos nasais não poupa os famosos:
04/02/2005 - 23h52
Lula passa bem após cirurgia no nariz
S. PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recupera bem da cirurgia que levou uma hora para a retirada de um pólipo nasal, realizada na noite desta sexta-feira. A previsão da equipe médica é que ele tenha alta no sábado, depois de nova avaliação pela manhã. Após o procedimento, realizado com anestesia geral, no Incor em São Paulo, o presidente estava consciente, falando e respirando sem a ajuda de aparelhos. A cirurgia terminou às 21h30 e segundo os médicos ele seguiria para o quarto.
De acordo com o otorrinolaringologista Clemente R. Almeida, responsável pela operação, o exame realizado no centro cirúrgico apontou que o pólipo retirado não é maligno.
"Não tem nada de maligno, é um processo inflamatório", disse o médico a jornalistas.
Pólipo é um tecido que surge de forma anormal. O que foi retirado da narina do presidente tinha 3 centímetros de diâmetro. Uma nota distribuída pelo hospital explicou que o pólipo de Lula obstruía "totalmente" sua narina esquerda impedindo "o fluxo de oxigênio". O material recolhido passará por um exame mais detalhado, cujo resultado sairá em quatro dias. A operação foi feita por meio de uma videocâmera, acionada por um cabo de fibra de óptica.
Almeida informou que o presidente sofria do problema há mais de dois anos. "É um quadro antigo, que vem se agravando, mas todo mundo tem medo de entrar em cirurgia", disse ele.
Durante o período pós-operatório, o presidente será medicado com analgésico e antibiótico. O prazo de recuperação é de cerca de sete dias - sem quaisquer restrições à sua rotina. O médico particular de Lula, o cardiologista Roberto Kalil, disse que o presidente estava tranqüilo antes da cirurgia e perguntou apenas: "Quando eu vou embora?".
(Reportagem de Carmen Munari)
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