Asma ou bronquite na criança - primeira parte
Saúde

Asma ou bronquite na criança - primeira parte


tossindoCom absoluta certeza, nenhum pai ou mãe desejou que seu filho tivesse asma! Alguns pais passaram pela experiência de ser asmáticos em criança. Outros mantiveram a doença até a idade adulta. No entanto, alguns nem ao menos conviveram ou conheceram algum parente que tivesse asma e, de repente, receberam um inesperado diagnóstico em suas vidas: "Seu filho tem asma”.

É uma doença que provoca insegurança, medo, verdadeiro pânico em algumas situações e, em outras, chega a ser desvalorizada, e até chamada de “bronquite alérgica”, numa tentativa de minimizar o fato.

E tem mais, o tratamento é demorado e complexo, envolvendo mitos, preconceitos, além de englobar uma modificação radical de hábitos.

Por isso, é importante transmitir informações que ajudem os pais a vencer esta etapa e a transmitir às crianças asmáticas uma sensação de confiança e apoio, fundamentais para a superação de sua doença e para uma vida adulta saudável.

E, claro, pais não são apenas os pais biológicos, mas todas as pessoas que se preocupam com as crianças, ou seja: tios, avós, babás, cuidadores, professores,

O que é asma?
A asma é uma doença de duração longa, que se acompanha de uma reação imunológica (alérgica) que provoca inflamação e inchação das vias respiratórias pulmonares, que se tornam estreitadas, dificultando a respiração. A asma é também chamada de bronquite alérgica, bronquite asmática, ou simplesmente bronquite.
Sintomas principais:
Chiado, Tosse, Falta de ar, Desconforto respiratório, Respiração rápida, Catarro ou "gosma", Cansaço.
Toda asma é igual?
Não. Cada criança tem uma maneira própria de manifestá-la. Existem casos onde o único sintoma é uma tosse, insistente e que surge ao correr, rir, chorar, falar muito ou ao fazer esforços físicos. 

A asma pode ser uma doença esporádica, com sintomas leves – por exemplo, uma tosse ou chiado que “vai e vem” (asma esporádica)

Em outros casos, os sintomas já surgem com maior frequência - mais de duas vezes por semana e menos de uma vez ao dia. A criança brinca normalmente, alimenta-se e dorme bem, com boa freqüência à escola. (asma leve)

Os sintomas podem ocorrer com maior frequência, com crises mais de duas vezes por semana e podendo durar dias. A criança acorda à noite, interrompe brincadeiras, falta às aulas em virtude das crises e necessita usar repetidamente os remédios para alívio. (asma moderada)

Os casos mais graves se acompanham de crises diárias, com falta de ar evidente, e prejuízo da qualidade de vida da criança. O sono está bastante prejudicado, não brinca, alimenta-se mal, prejudicando seu desempenho escolar, usando medicação diária e necessitando acompanhamento médico e hospitalar. (asma grave).

Como a asma pode afetar a vida da criança?

A asma pode afetar a criança de diferentes maneiras, desde sintomas discretos, como uma tosse ou leve falta de ar, como também sob forma de crises fortes que necessitem de atendimento em hospital. Mas de uma maneira geral, podemos citar:
- Sono prejudicado
- Falta às aulas, prejuízo no rendimento escolar
- Prejuízo em atividades esportivas
- Interferência na relação com irmãos e amigos

O que pode provocar as crises de asma?

Os principais fatores que podem desencadear crises de asma na infância são:
- Alergia
- Infecções respiratórias (viroses, gripes e resfriados)
- Rinites, sinusites
- Refluxo do estômago
- Exercícios físicos
- Fatores irritantes
- Emoções

Alergia

É uma causa importante na infância e adolescência. É uma característica herdada (genética) que faz com que a pessoa apresente uma árvore respiratória mais sensível a estímulos, como por exemplo, ácaros, mofos, pelos de animais. Além da asma, a criança alérgica pode ter também rinite, dermatite atópica e conjuntivite alérgica.

Infecções Respiratórias
Bebês e crianças pequenas podem chiar de forma intensa quando acometidos por infecções virais. Um exemplo é a bronquiolite. Além disso, gripes e resfriados podem servir como gatilhos para crises de asma nas crianças. Infecções crônicas bacterianas, como por exemplo, as sinusites, também podem impedir que as crises melhorem.

Rinite alérgica
Costuma surgir antes da primeira crise de asma, podendo ser confundida com “gripes repetidas” e não ser corretamente tratada. Nas crianças pequenas, a rinite prolongada pode levar à respiração bucal, ou seja, ela passa a respirar com a boca aberta, o que gera também: diminuição do apetite, sono agitado, roncos noturnos, baba no travesseiro.

A rinite também pode provocar nas crianças uma série de outros problemas como: sinusites, otites, amigdalites repetidas, aumento das adenóides, alterações dentárias e até prejudicar a postura e originando alterações no tórax, como por exemplo, o peito elevado ou então escavado. Por isso, os sintomas nasais devem ser tratados com o mesmo cuidado dedicado à asma.

A sinusite é a inflamação dos seios da face e pode surgir como complicação de uma rinite alérgica. É comum que a sinusite seja lembrada nos casos de dor de cabeça, sensação de peso na face, congestão e secreção nasal catarral. No entanto, nas crianças estes sintomas podem estar ausentes e surgir apenas uma tosse que piora acentuadamente durante a noite. É importante tratar a sinusite porque pode provocar crises de asma na criança alérgica.

Refluxo
Nem sempre está presente sob a forma de vômitos ou de golfadas, mas sim de maneira silenciosa, piorando a asma. Um cuidado simples e que ajuda muito é evitar que seu filho mame deitado. Mas não é suficiente, é preciso aguardar pelo menos um ou duas horas antes de deitar.

Exercício físico
Existe um tipo particular de asma, desencadeada pelo exercício físico. Nem sempre é fácil de detectar. Algumas crianças poderão ter sintomas ao realizar alguns tipos de atividades físicas. Nem sempre a criança queixa-se claramente, mas pode dizer que não gosta de esportes, retrair-se, não participar ou preferir atividades que não cansem (como por exemplo, ficar sempre como goleiro nos jogos de futebol).
Por outro lado, quando a asma não está controlada, os sintomas repetidos podem prejudicar a prática esportiva.

Fatores irritantes
Fumo, ar frio, mudança de tempo, cheiros fortes.
O fumo, assim como também o ar frio, a mudança de temperatura, os cheiros fortes, a poluição, funcionam como fatores que podem provocar irritação e desconforto das vias respiratórias em qualquer pessoa, mas que nas crianças asmáticas, pode provocar crises.

Fatores emocionais
Não existe asma que seja exclusivamente “nervosa”. Mas, é certo que fatores emocionais interferem como provocadores de crises de asma e devem ser abordados em conjunto com a família. Por outro lado, a própria asma pode provocar o surgimento de sentimentos conflitantes que podem prejudicar o desenvolvimento infantil. Casos especiais necessitarão acompanhamento de um especialista.

Escolas e creches
A asma pode afetar a criança não apenas em casa, mas muitas vezes no ambiente escolar, provocando reflexos na sua relação com os colegas e professores. A equipe escolar, por sua vez, nem sempre está preparada para lidar com essas situações, o que pode resultar em problemas na relação com o aluno.

Por isso, a integração entre a escola, a família e o aluno asmático é importante para que este último não seja visto como "diferente". Situações específicas deverão ser discutidas com a família. Se possível, no ato da matrícula, deverá ser preenchida uma ficha com os dados sobre a alergia da criança

Alimentos
A alergia alimentar não é uma causa comum de asma. Por isso, não há necessidade de uma dieta especial, a não ser em casos especiais definidos pelo alergista.


Por que é importante conhecer os fatores que provocam e agravam as crises?
Porque asma não se trata é só tomar remédios. A melhor forma de prevenção é o combate às causas de uma doença e o controle dos fatores que podem agravar o problema.


TRATAMENTO DA ASMA:

1. TRATAMENTO DAS CRISES: através das medicações de alívio

2.TRATAMENTO DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA: com remédios preventivos a longo prazo

3. TRATAMENTO DE PREVENÇÃO

 
a) Controle da poeira, dos ácaros e de outros fatores desencadeantes:
b) Educação da família (manejo familiar orientado da asma)
c) Controle do mecanismo alérgico, através da imunoterapia (vacinas)


O tratamento da asma infantil será tema da segunda parte deste texto.



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