Além da TB Alliance, Morel ajudou a criar vários programas globais para P&D em doenças negligenciadas
Da FIOCRUZ - Por Danielle Monteiro e Joanna Breitstein
O diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Carlos Morel, foi eleito e nomeado presidente do Conselho de Diretores da Aliança Global de Desenvolvimento de Drogas para Tuberculose – Aliança TB (Global Alliance for TB Drug Development – TB Alliance, em inglês), organização internacional sem fins lucrativos com sede em Nova York, que busca curas mais eficientes, rápidas e acessíveis para a doença. Segundo Morel, o Brasil, pela capacidade científica e tecnológica de suas instituições e pela importância que a tuberculose ainda assume no contexto nacional, terá uma maior participação nos próximos desafios que a TB Alliance enfrentará. “Já iniciamos contatos com o Ministério da Saúde, por meio das secretarias de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e de Vigilância em Saúde (SVS), visando fortalecer parcerias que possam levar a importantes desdobramentos científicos, tecnológicos e em saúde pública para o país", adianta.
A doença ainda é uma das principais causas de morte no mundo, levando a óbito 1,4 milhão de pessoas por ano. No Brasil, foram registrados, somente no ano passado, 71.337 casos da enfermidade e, entre 2001 e 2011, notificados aproximadamente 4,6 mil óbitos. O tratamento leva de 6 a 30 meses e a dificuldade de aderência dos pacientes ao complexo regime de medicamentos tem alimentado o desenvolvimento de cepas cada vez mais resistentes e mortais. Leia aqui o texto da TB Alliance sobre a nomeação de Morel (texto em inglês).
Morel afirma que os próximos anos representarão um desafio novo e único para a TB Alliance, já que vão entrar em fase clínica 3 os ensaios de novos regimes terapêuticos totalmente baseados em novos medicamentos contra a doença, testes que vão envolver grandes números de pacientes em vários continentes. “Tecnologicamente desafiantes e economicamente bastante caros por conta do número de pacientes que serão recrutados, estes ensaios exigirão uma dedicação especial dos gestores, técnicos e cientistas da TB Alliance e dos hospitais e centros de pesquisa clínica participantes, assim como uma participação ativa dos conselhos Diretor e Científico da organização", destaca. Um dos criadores da TB Alliance há mais de uma década, Morel conta que vai assumir o cargo em um momento muito relevante na evolução da organização. “A TB Alliance passa por um momento de sucesso sem precedentes e está preparada para entregar tratamentos mais desenvolvidos contra a tuberculose”, afirma.
Morel foi o primeiro presidente da TB Alliance em 2000 e está sucedendo Bruce Carter, diretor-executivo da Immune Design, companhia americana de produção de vacinas. Com vasto conhecimento em pesquisa e desenvolvimento no campo de doenças negligenciadas, o novo presidente do Conselho Diretor da TB Alliance foi professor da Universidade de Brasília antes de atuar na Fiocruz em 1978, quando foi convidado para criar o Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Foi também diretor do Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization’s Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases – TDR, em inglês) de 1998 a 2004. Além da TB Alliance, ajudou a criar vários programas globais para P&D em doenças negligenciadas, como Medicamentos para o Risco de Malária (Medicines for Malaria Venture), Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (Drugs for Neglected Diseases initiative - DNDi), e Fundação de Diagnósticos Novos e Inovadores (Foundation for Innovative New Diagnostics).
Em outubro do ano passado, Morel assinou artigo, juntamente com Alexandre Guimarães Vasconcellos, do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), no qual discorre sobre o desafio de transformar ciência em inovação no combate à tuberculose. Embora a produção de artigos científicos no país sobre a doença tenha crescido acima da média mundial nos últimos 15 anos, a capacidade inovadora brasileira se mostrou fraca. O estudo foi publicado na Plos One, periódico científico global de acesso livre. “A falta de interesse do setor industrial brasileiro pelo patenteamento na área acende uma luz vermelha na capacidade do país em inovar, visto que não é adequado supor que a universidade sozinha consiga levar novos produtos ao mercado”, afirmam os pesquisadores no estudo. Para a função de vice-presidente do Conselho Diretor, a TB Alliance nomeou Jaap F. Broekmans, presidente da Força Tarefa Global da OMS de medição de impacto da tuberculose e professor-adjunto de epidemiologia na Escola de Saúde Pública John Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos.
TB Alliance
A Aliança Global de Desenvolvimento de Medicamentos para Tuberculose é uma organização sem fins lucrativos dedicada a encontrar tratamentos terapêuticos mais acessíveis e de ação mais rápida para o combate à tuberculose. Por meio da ciência inovadora e com parceiros em todo o mundo, a organização tem como objetivo garantir acesso equitativo para a cura mais rápida e eficiente para a melhoria da saúde global. A TB Alliance opera com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates (Bill & Melinda Gates Foundation), com auxílio do governo da Irlanda, do Reino Unido, da Unitaid, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (National Institute of Allergy and Infectious Disease), da Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (United States Agency for International Development) e da Agência Reguladora de Medicamentos e Alimentos americana (United States Food and Drug Administration). Mais informações aqui (em inglês).
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