Saúde
COP-16 - CHINA MOSTRA UMA SAÍDA INÉDITA PARA PROSPERIDADE COM SUSTENTABILIDADE!
PRODUZIR PARA OS DESPROVIDOS
COP-16
China mostra uma saída inédita para prosperidade com sustentabilidade!
Marise Jalowitzki
30.novembro.2010 - 13h07min
"Para isso, será fundamental distinguir o consumo dos bens e serviços necessários para uma vida social digna daquele que marca a suntuosidade e o desperdício. Reduzir a desigualdade entre os indivíduos é uma condição básica para o sucesso da luta contra o aquecimento global".
Novamente os países estão reunidos em Cancun, no Mexico, para mais uma reunião que visa encontrar uma equação entre progresso e diminuição do aquecimento global e emissão de gases tóxicos na atmosfera. É a COP-16 - Conferência das Nações Unidas para o Clima.
Depois do fracasso retumbante em Copenhague (onde o Brasil deixou uma péssima impressão, pois Lula, que era esperado como top não apareceu), vamos ver o que irá acontecer de efetivo. Se, em Copenhague, o convite era expresso, com cartão nominal endereçado aos governantes, Cancun, além de conviver com a derrota do encontro anterior, soma o "convite aberto", isto é, os países aderiram por vontade própria.
Felizmente, EUA e China enviaram suas delegações. As duas super potências são as responsáveis pelo maior percentual de emissão tóxica do planeta. Ambas relutam em diminuir suas emissões. agravando os efeitos. Já deixaram bem claro sua pouca vontade em retroceder com a produção forjada na tecnologia atual (energias sujas).Entretanto, China, através de um grupo de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Sociais, possui uma proposta interessante, que será uma verdadeira revolução no mundo:- Analisar qual a suportação de aumento da temperatura - por exemplo, 2 graus até 2050.- Continuar diminuindo gradativamente a emissão tóxica. Em 2020 já ter uma redução significativa e até 2100, zero (isso é meio assustador, pois parece tempo demais).- Ir aumentando, paralelamente, o desenvolvimento e a utilização das energias limpas. (Hoje, China é quem mais polui - está em 1º lugar - mas, também, é quem mais investe em energias renováveis.)- A partir desse levantamento, país superavitário será aquele que produzir com menor emissão de carbono. (aqui, fecha com a proposta de Marina Silva, de linkar PIB com índice de emissão de CO2) Para que isso não fique apenas no ideário e contemple, efetivamente, a população mais desprovida, vem o boom da proposta:- Mudar a Natureza da Produção Planetária Aqui está o boom!!! Aqui está a chave da proposta: produzir apenas bens e serviços voltados para erradicar a miséria, para atender ao conforto e consumo básico! Parar de fabricar produtos sofisticados, destinados à classe A!!! Assim, propõem eles, as pessoas que hoje vivem na linha da miséria e aquelas que lutam por seu sustento, terão acesso a condições dignas de vida. A realidade dos 1,99 O que, aliás, já começou pelos próprios chineses! A entrada, há uma década, dos produtos baratos, gerou a proliferação dos [iniciais] 1,99 - Hoje, todas as lojinhas se denominam "bazar". Uma coisa é inconteste (e já tenho comentado isso várias vezes): Nunca a população carente, ou as chamadas classe C, D, E e as demais "inomináveis", nunca tal população conseguiu enfeitar tanto suas casas, organizar em potes dignos seu alimento, ter uma toalha para colocar na mesa e trocar; nunca enfeitou tanto sua casa nos natais. Os doces, os enfeites para os cabelos das meninas, as xícaras. Creio que, quem convive nessa realidade (e tem coragem de admitir) sabe a diferença entre o antes e o depois da presença dos produtos chineses no Brasil (falando só da nossa realidade nacional). No início da enxurrada de produtos chineses no mercado, a contestação era geral: "é tudo porcaria", "quebra fácil", "não vale nada!" - diziam muitos. Hoje o mercado está consolidado.Agora, levar esta idéia para a construção de casas populares, utilizando, efetivamente, as idéias que aí já estão. Instalá-las já com energia renovável. Colocar à disposição da população os carros (realmente) populares, tais como o modelo que já está à venda na Índia (cerca de 5 mil reais, na nossa moeda), isto sim, pode dar uma reviravolta no mercado e na vida de toda a população.Utopia?Mais uma vez, está das mãos daqueles que estão lá para decidir e, efetivamente, agir. Aqueles que, com a força de nosso voto, lá colocamos!Marise JalowitzkiEscritora e consultorawww.compromissoconsciente.blogspot.comPorto Alegre - RS - Brasil
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Conheça o texto publicado no Terra:Terça, 30 de novembro de 2010, 08h07
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4818075-EI6780,00-Chineses+propoem+saida+ao+dilema+prosperidade+versus+clima.html
Chineses propõem saída ao dilema "prosperidade versus clima"
Reuters
A secretária para mudanças climáticas da ONU, Christiana Figueres, ao lado da ministra das Relações Exteriores, Patricia Espinosa, e do presidente do México, Felipe Calderón, no início da COP 16 |
Amália Safatle
De São Paulo
Se existe um país que melhor representa o dilema entre a busca prosperidade pelas economias pobres ou emergentes e o combate à mudança climática, este país é a China. Que, por sinal, desbancou recentemente os Estados Unidos do posto de maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.
Juntos, China e EUA são responsáveis por quase metade dos lançamentos dos gases na atmosfera. O segundo não contou com a aprovação do seu Senado para assumir reduzir emissões. E o primeiro já deixou claro que, embora persiga a redução na intensidade de carbono na economia, não adotará medidas que possam prejudicar as suas robustas taxas de crescimento.
A postura das superpotências dá logo o tom da COP 16, a Conferência das Nações Unidas para o Clima, que começou ontem em Cancún, no México. Ou seja, são baixas ou nulas as expectativas de se chegar a acordos vinculantes -, ao contrário do que se vivenciou na COP 15, em Copenhague, em que a enorme esperança gerou uma proporcional frustração diante do fracasso do acordo.
Independente do que avançar ou não em Cancún, o bode ainda está na sala: países que hoje desfrutam de um nível de desenvolvimento e prosperidade historicamente alcançados sem limite às emissões têm o direito de defender limites para aqueles que hoje precisam de crescimento para alcançar alguma prosperidade (supondo, claro, políticas de distribuição de renda)?
A prosperidade sem crescimento é algo possível em países pobres e emergentes ou por enquanto factível apenas nos países ricos? Os atuais instrumentos da economia "verde" e suas condições de financiamento e desenvolvimento tecnológico conseguiriam atender a essa urgência social dos mais pobres com baixas emissões? Ao mesmo tempo, a biosfera não dará conta de atender à demanda de consumo se o mundo seguir o padrão dos ricos. Então, qual seria a alternativa?
Partiu justamente da China uma proposta nesse sentido, elaborada pelo grupo de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Sociais - como relata, em artigo no Boletim da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA, pesquisador do CNPq e coordenador do Projeto Temático Fapesp sobre Impactos Socioeconômicos das Mudanças Climáticas no Brasil. O artigo intitula-se
"Reduzir a desigualdade entre os indivíduos para combater o aquecimento global". A proposta dos pesquisadores chineses é para a adoção de um "orçamento carbono", que busque atender as necessidades básicas de todos os indivíduos do planeta (inclusive as futuras gerações, claro), considerando os limites da biosfera.
Uma vez acordado o aumento aceitável da temperatura média no planeta - por exemplo, uma elevação de 2 graus até 2050 - é possível aplicar a proposta dos pesquisadores chineses, pela qual se define quem é superavitário e quem é deficitário em termos de carbono, considerando as emissões históricas.
Países cujos padrões de consumo basearam-se em altas emissões são hoje deficitários. Já países como a Índia são altamente superavitários, ou seja, suas emissões per capita estão muito aquém do que seria a média mundial. "O caso da China é interessante, pois, superavitária hoje, deve tornar-se deficitária no máximo em 2020," observa Abramovay.
"Mesmo que este julgamento de valor possa apoiar-se em considerações científicas, ele envolve, antes de tudo, um tema de natureza ética", escreve o professor, ao citar dois parâmetros fundamentais em que o raciocínio se apoia. O primeiro corresponde àquilo que já foi emitido no passado. Os pesquisadores chineses mostram que é realista tomar como ponto de partida o ano de 1900, pois não há grande diferença entre o nível de emissões registrado nessa época, por exemplo, o de 50 anos antes. O segundo parâmetro é o que se pode emitir daqui em diante, levando em conta quanto (e quem) já emitiu e qual o limite de emissões que não compromete de maneira catastrófica a própria reprodução das sociedades humanas.
"O mais importante nessa proposta é que ela sinaliza claramente para o fato de que o sucesso na luta contra as mudanças climáticas globais exige uma abordagem de natureza socioambiental", conclui o professor.
Para ele, a proposta indica que é possível atender às necessidades básicas dos povos dos países desenvolvidos, aumentar a produção de bens e serviços para que o preenchimento destas necessidades chegue aos mais pobres, ao mesmo tempo em que se contém a elevação da temperatura.
"Para isso, será fundamental distinguir o consumo dos bens e serviços necessários para uma vida social digna daquele que marca a suntuosidade e o desperdício. Reduzir a desigualdade entre os indivíduos é uma condição básica para o sucesso da luta contra o aquecimento global", escreve.
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