Saúde
Creatina: consumir ou não ?
Atualmente, a busca pelo “corpo perfeito” é constante. Nas academias sempre há trocas de informações sobre o que seria melhor ingerir. E quem é malhador de carteirinha com toda certeza já ouviu falar sobre a Creatina e seus efeitos no aumento de performance, força e ganho muscular.
Em 2005 a Creatina foi proibida no Brasil, sendo revogada a decisão em 2010 pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanaitária, porém com algumas restrições: apenas para atletas que praticam exercícios de alta intensidade.
Na prática, não é assim que acontece. A creatina hoje tem se tornado um dos suplementos alimentares mais populares e consumidos, devido seus benefícios na atividade física. Suplemento alimentar segundo a legislação vigente, é toda e qualquer substância, em geral produzida quimicamente, que tem a propriedade de completar a ação dos alimentos naturais quando o consumo for insuficiente. Ou seja, é necessário verificar a real necessidade para sua ingestão.
A Creatina vendida como suplemento, é a Creatina monoidratada, um pó branco de fácil solubilidade. Seu principal objetivo é aumentar a quantidade total de Creatina no músculo, principalmente na forma fosforilada ou em fosfocreatina (no músculo há uma reação química que ocorre por uma enzima chamada creatina quinase), que é forma energética utilizada por algumas fibras musculares, para a manutenção de força em exercícios de alta intensidade e consequentemente, aumento de massa muscular. Alguns estudos mostram que a Creatina também possui atividade antioxidante e de melhora da sensibilidade da insulina para glicose. Mais uma vez: só o profissional poderá avaliar seu caso! Ele irá verificar parâmetros como: altas ou baixas dosagens para efeitos positivos, melhor momento (antes, durante ou após o treino), quanto de tempo consumo será necessário, qual atividade física você pratica, sua intensidade de treino e principalmente contra-indicações.
A creatina é uma substância produzida pelo corpo a partir de 3 aminoácidos: glicina, arginina e metionina. O fígado é o principal órgão capaz de sintetizá-la, seguido por rins e pâncreas. Há também outros órgãos nos quais a Creatina fica depositada, como por exemplo, coração, retina e cérebro. Além disso, podemos consumir aproximadamente 1 grama de creatina diariamente, quando consumimos carnes (todos os tipos), seguido do bacalhau, linguado, salmão, atum. É encontrada também em outros alimentos, porém em quantidades muito pequenas. Mas somente a alimentação é suficiente para que esses resultados sejam atingidos?
Essa pergunta precisa ser respondida por uma Nutricionista ou Médico habilitado no assunto, para avaliar a real necessidade do paciente. Pois ao contrário, o produto poderá ser eliminado, caso seu organismo não precise dela (o organismo possui um ponto de saturação, ou seja, há uma quantidade “x” para ser absorvido). Há também a possibilidade de sobrecarga em algum órgão podendo trazer sérios prejuízos, além de inchaços (principalmente em mulheres) ou ainda sintomas como náuseas ou diarréias. Com o consumo inadequado, vem a má notícia: ao invés de ter aquele corpo desejado, de quebra você poderá adquirir aquela gordurinha excedente para contabilizar na balança. Esse é o motivo principal que o trio: atividade física x suplementação x alimentação equilibrada com todos os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e micronutrientes (vitaminas, minerais), precisam sempre estar em dia. De nada adianta consumir mega doses de creatina, se sua alimentação não estiver adequada. Ou o que era sonho, pode virar pesadelo. Acredito que não vale apena arriscar, ok?
Outra dica: cuidado com a embalagem. Claro que todo e qualquer rótulo é necessário chamar (e muito!) a atenção do consumidor, com fotos de corpos esculturais e atléticos. Havendo indicação do profissional, sempre procure por marcas ou farmácias confiáveis, para garantir resultados satisfatórios e efetivos.
Muita saúde!
SÍLVIA COELHO
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Souza Junior, Tácito Pessoa de and Pereira, Benedito Creatina: auxílio ergogênico com potencial antioxidante?. Rev. Nutr., Jun 2008, vol.21, no.3, p.349-353.
PERALTA, José and AMANCIO, Olga Maria Silverio A creatina como suplemento ergogênico para atletas. Rev. Nutr., Jan 2002, vol.15, no.1, p.83-93.
Souza, Renato Aparecido et al. Influência da suplementação aguda e crônica de creatina sobre as concentrações sanguíneas de glicose e lactato de ratos Wistar. Rev Bras Med Esporte, Dez 2006, vol.12, no.6, p.361-365
BIESEK et al. Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte. Barueri, SP. Manole, 2005, P288-292
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