Dependênte químico metade têm doenças psíquicas associadas
Saúde

Dependênte químico metade têm doenças psíquicas associadas


Um estudo com 1,3 mil pacientes tratados nos últimos três anos na Unidade Estadual de Álcool e Drogas do Hospital Lacan, em São Bernardo do Campo, revelou que cerca de 50% dos pacientes com alguma dependência química têm doenças psíquicas associadas.








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O resultado aponta não só para a necessidade de melhoria da assistência para esses pacientes como para a importância da compreensão da família de que o tempo de internação pode ser mais longo do que o previsto.

Segundo Sérgio Tamai, coordenador da área de saúde mental da secretaria, pessoas com transtornos mentais apresentam um risco maior de desenvolver uma dependência de droga

É o caso de quem sofre com distúrbio de ansiedade e consome bebidas alcoólicas para relaxar, a bebida piora o quadro da doença e cria um círculo vicioso, logo concretizado como alcoolismo. A associação é levemente mais comum em mulheres. Das analisadas, 56% apresentaram doenças como depressão, bipolaridade e transtorno obsessivo-compulsivo. Entre os homens, o percentual foi de 50,1%.

A pesquisa conduzida pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo observou ainda que a maior parte dos centros de tratamento de dependentes químicos não está preparada para lidar com o problema associado a distúrbios psíquicos. Segundo o coordenador Sérgio, pacientes com depressão, por exemplo, são mais propensos a atentar contra a própria vida. Entretanto, poucos lugares contam com medidas de segurança para evitar tentativas de suicídio.

O coordenador destaca ainda outro perfil de paciente: dependentes com esquizofrenia. De acordo com o especialista, a droga pode modificar o padrão da doença, tornando um indivíduo pacífico mais agressivo. O tratamento de dependentes químicos com doenças psíquicas associadas pode levar mais tempo que o normal. Por ser mais complexo, o tempo de internação pode até triplicar. A dependência de droga isolada exige, em média, dez dias de internação.

Internação para dependência química

Segundo a psicoterapeuta Valeria Lacks, especialista do Minha Vida, a internação para dependência de drogas é uma das ferramentas do tratamento que, quando bem indicada, pode representar uma alavanca fundamental no processo de recuperação do dependente. Entretanto, ela não deve ser o único recurso para lidar com o problema.

Quando a internação ocorre nessas condições, entretanto, é comum que um ou dois dias depois, quando paciente e família já estão mais calmos, desapareça o empenho no tratamento. Ajudar o paciente e sua família a esclarecer o que está se passando e oferecer alternativas de escuta intensiva antes da internação, pode aumentar a eficácia dessa última e os efeitos do tratamento em longo prazo.

Mas uma situação comum em clínicas de dependência são os pedidos urgentes que aparecem por parte dos pacientes e dos familiares quando se deparam com episódios de crise. "Pela impotência dos agentes envolvidos, eles encaram a internação como a solução para o problema", afirma.

Os principais objetivos da internação são a desintoxicação, a reorientação do projeto terapêutico e o afastamento do meio quando os riscos de morte, de aumento da violência ou da criminalidade deixam de ser administráveis no tratamento ambulatorial.

O momento da indicação de uma internação varia:

Para aqueles que já haviam iniciado um tratamento, ela pode contribuir para aumentar a adesão, evitando rupturas num processo terapêutico já iniciado

Para todos os casos, a voluntariedade é fator fundamental na indicação de uma internação.    

           



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