Saúde
Dia Nacional de Combate ao fumo
Tabagismo: Um grave problema de saúde pública
Dados estatísticos:
- É fator causal de quase 50 diferentes doenças incapacitantes e fatais.
- Responde por 45% das mortes por infarto do miocárdio , 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), 25% das mortes por doença cérebro-vascular (derrames) e 30% das mortes por câncer . E 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes.
- Desencadeia e agrava condições como a hipertensão e diabetes.
- Também aumenta o risco das pessoas desenvolverem e morrerem por tuberculose.
Mata 5 milhões de pessoas anualmente no mundo. No Brasil são 200 mil mortes anuais. Se a atual tendência de consumo se mantiver, em 2020, serão 10 milhões de mortes por ano e 70% delas acontecerão em países em desenvolvimento. É mais do que a soma das mortes por alcoolismo, AIDS, acidentes de trânsito, homicídios e suicídios juntos.
No mundo e no Brasil, o tabagismo vem se concentrando cada vez mais em populações de menor escolaridade e renda. Por serem dependentes da nicotina, muitos chefes de família gastam boa parte da renda familiar na compra de cigarros. A incapacitação causada pelas doenças tabaco relacionadas gera perda de produtividade e exclui muitos chefes de família do mercado de trabalho.
Tabaco e pobreza formam um circulo vicioso difícil de escapar, a não ser que os tabagistas sejam encorajados e apoiados para abandonar o consumo.
Tabagismo – uma doença
A nicotina do tabaco causa dependência química similar à dependência de drogas como heroína ou cocaína. O tabagismo está na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças
(CID-10), no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substância psicoativa.
É considerado uma doença pediátrica, pois a idade média da iniciação é 15 anos.
Instituto Nacional de Câncer – INCA
Comporta-se como uma doença crônica e seu tratamento, deve ser valorizado fazendo parte das rotinas de atendimento de unidades de saúde do SUS da mesma forma como é feito para hipertensão e diabetes.
Tabagismo passivo mata! Mesmo as pessoas que não fumam correm sérios riscos.
Quando submetidas ao tabagismo passivo em ambientes fechados, têm um risco 30% maior de desenvolverem câncer de pulmão, 25% maior de desenvolveremdoenças cardiovasculares além de asma, pneumonia, sinusite, dentre outras.
O tabagismo passivo é a 3ª causa de morte evitável no mundo e o maior responsável pela poluição em ambientes fechados.
Não existe sistema de ventilação para ambientes fechados que seja eficiente para eliminar a exposição às substâncias tóxicas da fumaça ambiental do tabaco nem seus riscos.
Determinantes sociais do tabagismo
O tabagismo é uma epidemia construída por um comércio alimentado por várias estratégias para aumentar o consumo dos produtos de tabaco:
• Propaganda e promoção – para atingir adolescentes associando imagens positivas ao produto e ao ato de fumar;
• Baixo preço dos produtos – os baixos preços junto com propagandas facilitam e estimulam a iniciação entre crianças e adolescentes;
• Facilitação do acesso aos produtos –o grande número de pontos de venda, a colocação dos produtos em prateleiras de supermercados e lojas de conveniência, a venda de cigarros avulsos ou em máquinas automáticas de venda, facilitam o acesso e dificultam o controle de venda a menores de idade;
•Mercado ilegal (contrabando e falsificação) –o mercado ilegal coloca no mercado produtos ainda mais baratos e dificulta o controle do acesso aos produtos por menores de idade;
•Lobby econômico e político – incentivos fiscais e impedir medidas para reduzir o consumo. A prática de grandes transnacionais de cigarro de buscar incentivos fiscais junto aos governos, ajuda na redução de custos de produção e na redução dos preços dos produtos junto aos consumidores;
• a prática de lobby junto a governantes, políticos e legisladores visa criar um clima de boa vontade com o negócio de tabaco e interferir na adoção de medidas para controle do tabagismo.
A globalização dessas estratégias faz com que o consumo de tabaco continue a crescer em todo o mundo, sobretudo em países de baixa renda. A cada dia, 100.000 jovens começam a fumar e 80% deles vivem em países pobres.
A dinâmica de livre mercado global permite que companhias transnacionais de tabaco promovam um rápido deslocamento de seus investimentos de países ricos para países pobres, na medida em que os
primeiros vêm adotando medidas cada vez mais rígidas para reduzir o tabagismo e o impacto das doenças crônicas tabaco-relacionadas sobre seus sistemas de saúde
Desafios
1.Os cigarros brasileiros são um dos mais baratos do mundo, o que facilita a iniciação entre jovens. Dados nacionais ainda mostram uma elevada proporção de experimentação e iniciação no tabagismo entre adolescentes
2. A legislação nacional que proíbe o fumo em ambientes fechados (Lei nº 9.294/96) encontra-se defasada em termos de melhores práticas para proteção contra os riscos do tabagismo passivo, e ainda é pouco cumprida em alguns setores, principalmente nos de entretenimento e hotelaria;
3. Menor redução da prevalência de tabagismo entre mulheres, quando comparada com a redução alcançada entre homens;
4. Maior concentração do tabagismo na população de menor escolaridade, menor renda e na população rural;
5.Acesso ao tratamento para cessação de fumar ainda incipiente– apenas 6,8% dos municípios oferecem o serviço no SUS;
6.Inclusão do tema controle do tabagismo na agenda de pactuação do SUS ainda incipiente;
7. Curso de graduação de profissionais de saúde ainda não insere sistematicamente o tema controle do tabagismo na grade curricular;
O País é o segundo maior produtor e o maior exportador de fumo.
- 200 mil famílias de pequenos agricultores inseridas na cadeia produtiva do fumo encontram-se em situação de grande vulnerabilidade econômica e sanitária. A vulnerabilidade econômica se deve ao fato de que a maioria depende exclusivamente do fumo para sobreviver.
- 85% da produção nacional de fumo é exportada, dependendo de uma conjuntura internacional de mercado, num momento em que a Convenção Quadro mobiliza rápidas adesões dos países às suas medidas.
- A vulnerabilidade sanitária e ambiental se relaciona ao alto risco de envenenamento agudo e crônico por agrotóxicos usados no cultivo de tabaco em larga escala, e ao risco de desenvolvimento da doença do tabaco verde, causada pela absorção de nicotina no contato das folhas com a pele durante a colheita;
Propostas para enfrentamento dos desafios:
1.Promoção da adequação da política de taxação e preços de cigarros para atender os objetivos da Convenção. (Art. 6o da CQCT);
2. Aperfeiçoamento da legislação nacional vigente para o banimento do fumo em ambientes fechados, e fortalecimento de Instituto Nacional de Câncer – INCA mecanismos nacionais para fiscalizar o seu cumprimento. (Art. 8º da CQCT);
3. Transversalização das ações para prevenção e controle do tabagismo nas estratégias de promoção da saúde do SUS (CIMICQ), e nas ações do MEC, do SENAD, do MJ (Defesa do Consumidor) dentre outros integrantes da CONICQ. (Art. 12º da CQCT);
4. Ampliação do acesso à métodos eficazes para apoiar a cessação do tabagismo e tratar a dependência da nicotina no Sistema Nacional de Saúde (Artigo 14º da CQCT);
5.Promover a inclusão do tema controle do tabagismo na política interna e na grade curricular das universidades brasileiras. (Art.12º da CQCT);
6. Fortalecimento da participação da sociedade civil organizada (Art. 4.7 da CQCT);
7.Fortalecimento das ações de regulação dos produtos de tabaco e implementação do laboratório da ANVISA para análise, pesquisa e fiscalização dos mesmos. (Art. 9º e 10º da CQCT);
8.Realização de campanhas e ações educativas direcionadas para públicos específicos (população de menor escolaridade, mulheres, população rural, população indígena) – (Art. 4º da CQCT);
O que o município pode fazer para contribuir para o fortalecimento do controle do tabagismo no SUS
1. Aderir às Campanhas da agenda do Programa Nacional de Controle do Tabagismo:
2. Promover ações educativas nas escolas – inclusão do tema no currículo e escolas 100% livres de fumo;
3. Promover a fiscalização da venda de cigarros a menores de idade;
4. Promover ambientes de trabalho 100% livres de fumo, sobretudo em órgãos públicos;
5. Promover o cumprimento da legislação sobre ambientes livres de fumo nos órgão públicos e em todos os ambientes públicos fechados;
6. Promover a fiscalização do cumprimento da legislação sobre ambientes livres de fumo através de suas vigilâncias sanitárias;
7. Implantar o tratamento para deixar de fumar nas unidades de atenção básica;
8. Promover a inclusão do tema lares livres de fumo e cessação do tabagismo na agenda dos profissionais das equipes de saúde da família;
Resultados obtidos - entre 1989 e 2005 o consumo per capita de cigarros caiu cerca de 32%. Já a prevalência de fumantes na população acima de 18 anos, caiu de 34% em 1989 para 22% em 2003 e para 16% em 2006.
- Dia Mundial sem Tabaco – 31 de maio
- Dia Nacional de Combate ao Fumo – 29 de agosto
Fonte: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/t_Tabagismo.pdf
Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo
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