Efeito da Obesidade na Fertilidade e Concepção
Saúde

Efeito da Obesidade na Fertilidade e Concepção


 Diante da epidemia mundial de obesidade, vem   sendo observado um aumento da prevalência da
obesidade também em mulheres em idade reprodutiva e um aumento do ganho de peso na gestação


A gestação está incluída na lista dos fatores clássicos desencadeantes da obesidade. E o início ou
manutenção da obesidade nesta fase está associado a inúmeros riscos maternos e fetais. Numa gestação normal o ganho de peso ocorre devido a aumento de tecidos maternos e dos produtos da concepção.
Efeito da Obesidade na Fertilidade e Concepção

Mulheres obesas apresentam diminuição da fertilidade, porém a  redução do peso em obesas inférteis
aumenta a frequência de ovulação e probabilidade de gravidez.

Em mulheres obesas a diminuição da fertilidade é decorrente de disfunção ovulatória, marcadamente pela maior prevalência da síndrome dos ovários policísticos (SOP). A SOP ocorre pela maior resistência à insulina inerente à obesidade, que leva a acúmulo de andrógenos no microambiente ovariano, o que dificulta a maturação folicular e a ovulação.
O tratamento de pacientes portadoras de SOP com metformina aumenta a possibilidade de ovulação, corroborando o conceito de que a resistência à insulina tem importante papel no desenvolvimento da SOP.
Em gestantes obesas ocorre um maior risco de abortamento espontâneo. Estudos que analisaram fertilidade após cirurgia bariátrica comprovaram que a perda de peso melhora a fertilidade e a regularidade dos ciclos menstruais na maioria das pacientes.

Efeito da Obesidade na Gestação
           
A incidência de Diabetes Melito gestacional (DMG) em gestantes obesas é três vezes maior que
na população geral. No período gestacional as mulheres, mesmo com peso adequado, apresentam
fisiologicamente aumento da resistência à insulina. Nas grávidas obesas essa característica fisiológica
ocorre de forma exacerbada, favorecendo o desenvolvimento de DMG. 


A prevalência de DM 2 pré-gestacional também é maior nessa população. Assim, recomenda-se o rastreamento de diabetes nas gestantes obesas já no primeiro trimestre através glicemia de jejum, com o objetivo de detectar pacientes previamente diabéticas não diagnosticadas. Mulheres obesas com antecedente de DMG têm um risco duas vezes maior de desenvolver DM2 no futuro, quando comparadas às magras com o mesmo antecedente.

O peso materno é um fator de risco independente para pré-eclampsia, assim evidências comprovam que o risco de pré-eclampsia dobra a cada aumento de 5 a 7 kg/m2 no IMC pré-gestacional.
Gestantes obesas também estão expostas a maior risco de parto pós-termo e infecções do trato urinário durante e gestação. Por outro lado, as obesas têm menor risco de parto pré-termo e anemia.

Consequências da Obesidade no Parto e Puerpério

A probabilidade de trabalho de parto prolonga do é maior em gestantes obesas provavelmente
devido a um menor tônus miometrial. A prevalência de parto operatório também é maior nessas pacientes, independente de complicações pré-natais, tamanho materno ou idade gestacional.

 Os fatores contribuintes para a maior frequência dessa via de parto são desproporção céfalo-pélvica e distocia por aumento de tecidos moles depositado na pelve materna. O parto cesárea está sabidamente associado a maior risco de complicações, tais como infecção de ferida, tromboembolismo e endometrite, se comparado ao parto via vaginal. Pela maior prevalência de macrossomia, também há maior risco de distocia de ombro em partos vaginais nessas pacientes, o que pode acarretar lacerações perineais e paralisias do plexo braquial no recém-nascido.

Comparadas a não obesas, parturientes obesas têm maior risco de hospitalização prolongada e
infecção puerperal (independente da via de parto). Essas pacientes também apresentam maior dificuldade para amamentar e o possível mecanismo que explica esse fato seria uma menor resposta da prolactina à sucção na primeira semana de puerpério.

Consequências da Obesidade no Recém-Nascido

A macrossomia fetal é a complicação mais frequente em filhos de gestantes obesas. Existe uma
associação direta entre IMC e risco de macrossomia, o que é decorrente da resistência à insulina
aumentada em grávidas obesas, o que leva à hiperinsulinemia fetal, importante fator para o crescimento intrauterino. Além disso, a presença de lípases placentárias que clivam triglicerídeos presentes em excesso nas pacientes resistentes à insulina leva a maior aporte de ácidos graxos livres para o feto. Fetos macrossômicos têm mais distocia de ombro e predisposição à obesidade na vida adulta. 

Uma maior incidência de anomalias congênitas parece ocorrer em filhos de mulheres obesas,
sendo as anomalias mais importantes os defeitos do tuboneural. Isso ocorre porque o excesso de tecido adiposo pode interferir na metaboli zação dos folatos e, assim, o efeito protetor da suplementação com ácido fólico não é eficiente nessas pacientes.

Cirurgia Bariátrica e Gestação

Existem vários estudos analisando desfechos em gestações de pacientes submetidas à cirurgia
bariátrica. Estas apresentam menor prevalência de DMG, pré-eclampsia e macrossomia fetal.

Entretanto,ocorre maior risco de complicações nutricionais tanto para gestante quanto para o feto. Tais complicações vão desde necessidade de suplementação de ferro parenteral até alguns casos descritos de hemorragias fatais no recém nascido por deficiência de vitamina K. É importante salientar que essas complicações são muito mais frequentes quando não há aderência às suplementação de vitaminas e ferro comumente necessária em todos os pacientes submetidos à
cirurgia bariátrica. 

As técnicas cirúrgicas predominantemente disabsortivas, como derivações biliodigestivas, exacerbam o risco de deficiência nutricional. Em virtude dessas potenciais complicações, é recomendado um intervalo mínimo de 12 a 18 meses entre a cirurgia bariátrica e a concepção

Diminuir o peso antes da gestação diminue os riscos para a mãe e o bebê. 

Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo



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