Green Templeton College, da Universidade de Oxford, discute população idosa e mercados emergentes
Saúde

Green Templeton College, da Universidade de Oxford, discute população idosa e mercados emergentes


Ao aumento do número de pessoas idosas no mundo corresponde a formação de um novo conjunto de demandas de produtos e serviços, políticas públicas e legislações, projetos e iniciativas – tudo voltado às especificidades da população idosa. Diante das novas demandas, o Green Templeton College - um instituto da Universidade de Oxford -, no Reino Unido, selecionou o envelhecimento como tema de 2015 para o “Simpósio de Mercados Emergentes” (Emerging Markets Symposium - EMS), que vem sendo realizado desde 2009, com o objetivo de propor soluções para os problemas mais críticos relacionados ao bem-estar humano em países emergentes.
 
O EMS reúne, a cada ano, lideranças e autoridades influentes, representantes de governos, setores público e privado e a academia. Os Simpósios anteriores abordaram Saúde (2009); Urbanização, Saúde e Segurança Humana (2011); Ensino Superior (2012); Desigualdades de Gênero (2013) e Saúde Materno-Infantil (2014).
 
Em janeiro de 2015, o Simpósio discutiu o tema “Envelhecimento em Mercados Emergentes” (The Emerging Markets Symposium: Symposium on Ageing in Emerging Markets), tendo como convidado de destaque Alexandre Kalache, co-presidente da Aliança Global de Centros Internacionais de Longevidade (International Longevity Centre Global Alliance – ILC-GA) e presidente do ILC-BR.
 
Uma revolução em andamento
 
Sob o título “O Brasil diante da Revolução da Longevidade”, a apresentação de Alexandre Kalache expôs o acelerado aumento da população idosa como desafio para que o Brasil se prepare para o crescente número de pessoas idosas e suas especificidades. Para Kalache, os países desenvolvidos primeiro se tornaram ricos e depois envelheceram, enquanto os países em desenvolvimento, ao mesmo tempo, envelhecem e enfrentam os desafios do desenvolvimento. O Brasil entre eles.
 
Kalache mostrou que entre 1950 e 2050 haverá expressiva elevação do número de pessoas idosas no mundo, com um salto de 14 milhões para 396 milhões de indivíduos com 80 anos e mais. Segundo Kalache, especificamente no Brasil, nos próximos 30 anos, “nosso país estará entre os três países de mais rápido envelhecimento no mundo, com uma população de mais de 30 milhões de idosos”.
 
A exposição de Kalache discutiu o alcance global da revolução da longevidade, desencadeada por um salto de 30 anos na expectativa de vida na segunda parte do século XX e ressaltou o fato de que foram conquistados 30 anos extras no curso de vida e não 30 anos adicionais de velhice.
 
Alexandre Kalache exemplificou: alguém nascido em 1945, quando a expectativa de vida ao nascer era de 43 anos, está em atividade hoje – contra as previsões daquela época. E referindo-se a si mesmo: “Essa pessoa participa deste Simpósio, apesar de ter se aposentado em 2007. Mudanças assim significativas só são possíveis por que passamos por uma Revolução da Longevidade.”
 
Em sua apresentação, Kalache evidenciou como pontos centrais de mudanças, que se realizem avanços na formação e no treinamento dos profissionais de saúde sobre envelhecimento e cuidado de saúde do idoso (hoje ainda estruturados para o século XX) e que se adote a perspectiva de “curso de vida”, como meio para alcançar qualidade de vida na velhice, quando se terá mais tempo para o auto-cuidado, trabalho, lazer e períodos maiores de aposentadoria.
 
Como recomendações para políticas públicas, Kalache propôs sete pontos cruciais:
1. Suporte ao cuidado familiar.
2. Políticas “amigas do idoso”, nos moldes do Guia Global de Cidades Amigas do Idoso da OMS.
3. Questões relacionadas a equidade; relações intergeracionais; gênero e desigualdades sociais.
4. Reforma do sistema Seguridade Social.
5. Eliminação da aposentadoria compulsória.
6. Abordagem segundo a perspectiva do curso de vida.
7. Educação, Educação, Educação.
 
Alexandre Kalache finalizou com um alerta sobre as pessoas idosas em países como o Brasil, onde a população jovem é cada vez menor e as pessoas idosas se tornam bens preciosos, “uma abundante fonte natural de riquezas”. E sugeriu que sejam fontes usadas com inteligência.
 
Informações adicionais sobre o evento, em inglês, são encontradas em http://ems.gtc.ox.ac.uk/ageing/press-release.html



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