Herbicida atrazina é associado à inflamação da próstata e atrasos da puberdade
Saúde

Herbicida atrazina é associado à inflamação da próstata e atrasos da puberdade


A pesquisa constatou que a incidência de inflamação da próstata passou de 48% no grupo controle para 81% nos ratos do sexo masculino expostos à atrazina.
Por Henrique Cortez - EcoDebate, com informações de Robin Mackar, NIH/National Institute of Environmental Health Sciences

Um novo estudo [Effects of prenatal exposure to a low dose atrazine metabolite mixture on pubertal timing and prostate development of male Long-Evans rats] mostra que a exposição pré-natal de ratos machos a baixas doses de atrazina, um herbicida amplamente utilizado, torna-os mais propensos a desenvolver inflamação da próstata e ao passar pela puberdade mais tarde do que os animais não-expostos. A pesquisa acrescenta mais um efeito negativo à crescente da literatura científica sobre a atrazina, um herbicida usado principalmente para controlar ervas daninhas e gramíneas em culturas como milho e cana-de-açúcar. A atrazina e seus derivados são conhecidos por serem relativamente persistentes no ambiente, podendo contaminar recursos hídricos, atingindo, inclusive, os sistemas de abastecimento de água.

A pesquisa, que está disponível online e será destaque na capa da revista Reproductive Toxicology (Volume 30, Issue 4), constatou que a incidência de inflamação da próstata passou de 48% no grupo controle para 81% nos ratos do sexo masculino que foram expostos a uma mistura de atrazina e seus produtos de degradação durante a fase pré-natal. A gravidade da inflamação aumentou com a força das doses. A puberdade também se atrasou nos animais que foram expostos à atrazina.

As doses da mistura atrazina dado aos ratos durante os últimos cinco dias de sua gravidez estão próximos aos níveis regulamentados, nos EUA, para fontes de água potável. O nível de contaminação corrente máxima permitida de atrazina na água potável é de 3 partes por bilhão. As doses administradas aos animais foram de 0,09 (ou 2,5 partes por milhão), 0,87 e 8,73 miligramas por quilograma de peso corporal. A pesquisa foi conduzida por Suzanne Fenton e Jason Stanko, do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental (NIEHS), parte do National Institutes of Health. Fenton começou a trabalhar como pesquisador na Agência de Proteção Ambiental, dos EUA (United States Environmental Protection Agency, EPA), mas terminou a pesquisa no NIEHS. Ambos, NIEHS e EPA, forneceram apoio financeiro para o estudo.

“Nós não esperamos ver estes efeitos em níveis tão baixos de exposição,” diz a Dra. Fenton. Ela acrescenta que este é o segundo estudo que mostra os efeitos de baixas doses de atrazina. Fenton foi o autor sênior em um estudo de 2007, que demonstrou que exposição a baixas doses de atrazina era associada ao atraso no desenvolvimento mamário de ratas. “Foi interessante notar que a inflamação da próstata diminuiu ao longo do tempo, sugerindo que os efeitos podem não ser permanentes”, disse David Malarkey, um patologista do NIEHS e coautor do estudo.

Fenton salienta que estes resultados podem ultrapassar os efeitos da atrazina isoladamente e podem ser relevantes para outros herbicidas encontrados na mesma ‘família’ das triazinas, incluindo propazine e simazina. Todos os três herbicidas possem as mesmas características de degradação no meio ambiente. “Esperamos que esta informação seja útil para a EPA,na sua avaliação de risco da atrazina”, disse Linda Birnbaum, diretora do NIEHS e do National Toxicology Program.

Os resultados da pesquisa serão apresentados à EPA, em setembro, como parte da reavaliação da atrazina. EPA anunciou, em 2009, que havia começado uma avaliação global da atrazina, para determinar os seus efeitos em seres humanos. No final deste processo, a agência vai decidir se irá rever a sua avaliação do risco atual da atrazina e se novas restrições são necessárias para melhor proteger a saúde pública.

Para mais informações sobre a avaliação de risco da atrazina, realizado pela EPA, acessem o hotsite in http://www.epa.gov/pesticides/reregistration/atrazine/atrazine_update.htm.

O artigo apenas está disponível para acesso aos assinantes da revista Reproductive Toxicology.
Jason P. Stanko, Rolondo R. Enoch, Jennifer L. Rayner, Christine C. Davis, Douglas C. Wolf, David E. Malarkey, Suzanne E. Fenton, Effects of prenatal exposure to a low dose atrazine metabolite mixture on pubertal timing and prostate development of male Long-Evans rats, Reproductive Toxicology, In Press, Corrected Proof, Available online 19 August 2010, ISSN 0890-6238, DOI: 10.1016/j.reprotox.2010.07.006.

Fonte: Ecodebate e Ecoagência



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