Saúde
Integrar o que está fragmentado: o cuidado das doenças crônicas
Quem é o paciente crônico? Como está sendo cuidado? A resposta à primeira pergunta indica a pessoa de qualquer idade em condições clínicas decorrentes de uma doença crônica. Mais especificamente, a população idosa surge como grupo etário cada vez mais numeroso e relacionado às doenças crônicas, em decorrência de transições – demográfica e epidemiológica - originadas pelo expressivo aumento da expectativa de vida e rápida diminuição do número de mortes por doenças infecciosas e desnutrição, além da melhora da sobrevivência de crianças e da redução dos nascimentos. Antes de ser respondida, a segunda pergunta estimula muita análise e reflexão.
O envelhecimento populacional é acompanhado de crescente incidência de doenças crônicas em idosos, vinculadas a fatores fisiológicos típicos do avanço da idade, da herança genética, de práticas e hábitos adotados ao longo do curso de vida. São enfermidades progressivas e incapacitantes, que levam a diferentes graus de dependência para as atividades básicas de vida diária e acentuado declínio funcional. O complexo manejo do agravamento de doenças crônicas em pessoas idosas demanda modelos de cuidado baseados em uma nova concepção do processo saúde-doença, de relacionamento com a família e de organização dos serviços, entre muitos outros fatores.
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A partir da esquerda: Anelise Fonseca, Lívia Coelho, Kylza Estrella e Martha Oliveira. |
Em debate intitulado “Integração e coordenação do cuidado ao paciente crônico: discussão de modelos e experiências”, promovido pela Aliança para a Saúde Populacional (ASAP), no dia 2 de setembro, a questão foi levantada sob diferentes aspectos no âmbito das instituições de saúde pública e do setor privado. O evento foi aberto com as boas vindas de Paulo Marcos, presidente do Conselho de Administração da ASAP, e da CEO da ASAP, Milva Gois. Com moderação de Kylza Estrella, diretora da Semeando Saúde, as apresentações de Anelise Fonseca (médica, coordenadora do Núcleo de Cuidados Paliativos do Procare Saúde e do Hospital Adventista Silvestre) e de Lívia Coelho (médica, professora de pós-graduação de geriatria e gerontologia da Fundação Unimed), contaram com comentários de Martha Oliveira (médica, diretora da Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Entre as considerações sobre modelos, as experiências relatadas pelas expositoras, por um lado, questionaram a distância entre governo, profissionais e sociedade sobre a possibilidade de inserir os cuidados paliativos na atenção primária e na hospitalar, como estratégia de cuidado da pessoa idosa em processo de adoecimento ou de fim de vida. Anelise Fonseca refletiu sobre “em que medida o cuidado integrado envolve o próprio paciente, os profissionais e a coordenação organizacional, promovido de acordo com as necessidades do paciente, com centralidade e troca de informações, em níveis macro, mezzo e micro.”
Um modelo organizado como “Rede de Atenção ao Idoso” implica conhecimento da população idosa, estratificação por risco e destaque à heterogeneidade – identificando “o idoso robusto, idoso com risco de perda funcional e idoso frágil”, segundo Lívia Coelho.
Durante o debate, Martha Oliveira pontuou que “o sistema de saúde é organizado de forma que cria dificuldades, com baixa eficiência e alto custo”. Considerou, ainda, que o setor deixou de discutir qualidade, do mesmo modo que abandonou o aspecto da cultura. “Sem qualidade não se discute modelo”, afirmou.
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