Jogo do Desmaio e todas as ações agressivas precisam de ações preventivas
Saúde

Jogo do Desmaio e todas as ações agressivas precisam de ações preventivas





Jogo do Desmaio e todas as ações agressivas precisam de ações preventivas

Por Marise Jalowitzki
03.novembro.2014
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2014/11/jogo-do-desmaio-e-todas-as-acoes.html

Quando compareço nas escolas para dialogar sobre a situação das crianças e jovens, alertar para a necessidade de mais critério em relação a certos diagnósticos e consequente medicalização indiscriminada, também abordo a questão da auto mutilação, os pactos de suicídio, o jogo do desmaio, o jogo do equilíbrio, sugerindo a implantação de práticas prevencionistas eficazes. Ao expor slides no telão ou cartazetes com imagens, as expressões são sempre as mesmas: "que irresponsabilidade!"; "idiota", "tem de internar esses caras!", "desprezíveis", "tinha de banir da sociedade"... e, na maioria das vezes, são professores que exclamam! E, quando, em resposta, emito as minhas expressões: "coitado! Irresponsável, sim, mas um coitado!" - e continuo falando em compaixão, acolhimento, maior divulgação sobre os riscos e a necessária vigilância, espero estar contribuindo para, pelo menos, inspirar mais ação preventiva em todos!

E o sigilo que as famílias vítimas mantêm, serve para perpetuar a incredulidade. Mas, como reprovar a atitude das famílias? Em uma sociedade condenativa, onde, sem dó nem reflexão prévia, apenas emitem pejoras e desprezo frente a essas atitudes? Sim, pois há uma distância enorme entre a não aprovação e o desprezo. Na primeira reação (não aprovação), as pessoas rejeitam a ocorrência (no caso deste artigo, o Jogo do Desmaio) e envidam todos os esforços para divulgar para mais pessoas, com compaixão e responsabilidade, os alertas necessários; na segunda reação (desprezo), tudo que emitem são manifestações de rechaço e repulsa, ainda culpando os pais que não preveniram, que não cuidaram, que não dão a devida atenção.

A verdade é que nunca poderemos entrar no âmago do coração de outra pessoa, mesmo sendo filho, por mais que nos esforcemos! Mesmo quando existe todo o carinho, desvelo, cuidado e atenção. A mente em formação pode, simplesmente, achar "irado" e querer vivenciar a experiência, "saber qual é"... ainda mais quando há a perspectiva de "ficar famoso", indo o video parar na web...

Apesar de tudo, temos de continuar fazendo a nossa parte! Conversar cada vez mais com nossos jovens - coisa que anda cada vez mais escassa, pois, mesmo quando o adulto se dispõe, os adolescentes e jovens 'não tem mais tempo', não tem mais interesse em ouvir!

E as escolas? Organizações constituídas que são, precisam aprimorar-se cada vez mais! Receber reforços, ter maior efetivo de observação e segurança nos corredores e pátios, guardas prevencionistas circulando, evitando deixar os "bolinhos" sem observação e vigilância. Para poder intervir imediatamente quando observar cenas de bullying, agressões diversas e, neste caso, os detectáveis exercícios físicos pré-desmaio! E trabalhar os professores e os pais para que evitem pronunciar, nas explanações, expressões como "idiota!", "não tem o que fazer!". Não será com xingamentos que vamos intervir positivamente para frear essas deploráveis ações.

O que precisa ser ensinado é o Amor e a Compaixão!

Em 22.outubro pp a UOL publicou este artigo:

Desmaio forçado: 'brincadeira' famosa entre jovens pode ser fatal

Rita Trevisan e Suzel Tunes
Do UOL, em São Paulo - 22.outubro.2014




Ao bloquear a respiração, os jovens buscam estados alterados de consciência
Pense duas vezes." Essa é a principal mensagem que o surfista sul-africano Shaun Tomson tenta transmitir em suas palestras motivacionais direcionadas a jovens. "Pense duas vezes" é o que ele gostaria de ter dito ao filho, Mathew, em 2006, antes que o adolescente de 15 anos tomasse a fatal decisão de praticar a "brincadeira do desmaio", como tem sido chamada pelos adolescentes a prática da interrupção voluntária de oxigênio ao cérebro, com o objetivo de provocar desmaio, vertigens e sensação de euforia. A prática não é nova, mas tem preocupado pais, professores e médicos por conta de sua disseminação pelas redes sociais.
Assim como o sul-africano Tomson, a norte-americana Judy Rogg também tem se dedicado a conscientizar adolescentes e suas famílias a respeito dos perigos dessa prática desde a morte do filho, Erik, em 2010. No site Erik's Cause (em inglês), ela publica pesquisas e orientações sobre o tema e mantém uma lista de outros grupos engajados na mesma causa.
Ao fazer um bloqueio da respiração por alguns segundos, pressionando o peito ou o pescoço, os jovens buscam desafiar a morte e experimentar estados alterados de consciência. "A queda da oxigenação do cérebro leva a espasmos musculares, dormência dos membros, tontura, vertigens e desmaio. Quando há retorno da oxigenação, tem-se a sensação de euforia, semelhante à obtida com o uso de drogas ilícitas", afirma Filumena Gomes, pediatra no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Mas, assim como ocorreu com Mathew, sempre existe o risco de o adolescente não voltar do desmaio induzido. "A falta de oxigênio pode levar a lesões graves, como paradas cardiorrespiratórias, convulsões e provocar a morte. A repetição dessa prática pode, ainda, causar uma lesão cerebral irreparável, com paralisia motora e perda de certas habilidades neurológicas", diz Filumena. Problemas de memória e atenção também são consequências possíveis da "brincadeira".
A neuropediatra Alessandra Freitas Russo, mestre pela Faculdade de Medicina da USP e doutoranda em psicologia, salienta que o cérebro humano é extremamente dependente de glicose e oxigênio. Por isso, qualquer privação pode ser muito prejudicial.
"Algum mal sempre fará. Mas é difícil prever a extensão, pois isso depende da sensibilidade de cada um", fala Alessandra. O acidente fatal pode ocorrer mesmo com adolescentes saudáveis.

Viciados em perigo

Casos de mortes de adolescentes que se envolveram nessa "brincadeira" já foram registrados em vários países. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, entre os anos de 1995 e 2007, pelo menos, 82 crianças e adolescentes, com idades entre seis e 19 anos, morreram no país por causa da prática, que é conhecida como "choking game" ou jogo de asfixia, em tradução livre.
Na França, desde 2000, existe uma associação de pais de vítimas de acidentes por estrangulamento, a APEAS (sigla do nome em francês, Association de Parents d'Enfants Accidentés par Strangulation), que registra uma média de dez mortes por ano. A associação hospeda-se no site Jeu du Foulard, cuja tradução é "jogo do lenço", pois a prática mais popular naquele país consiste em um estrangulamento com o uso de um laço em torno do pescoço.
No Brasil, não existem estatísticas de mortes de adolescentes por asfixia, mas a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul já divulgou um artigo alertando para os riscos da prática. Além dos danos da hipóxia (diminuição da oxigenação) no cérebro, a entidade chama a atenção para a possibilidade de hematomas e traumatismo craniano, por causa da queda do jovem ao desmaiar, e para o risco de dependência da sensação de euforia que ocorre no momento pós-desmaio. Essa dependência pode ocorrer por causa da liberação de neurotransmissores que causam uma sensação de prazer e cujo processo químico está associado à experimentação de emoções fortes.
"A prática desse comportamento de risco pelos jovens tende a ser de repetição", declara a pediatra Filumena, referindo-se a um relatório emitido, em 2012, pelo Crime Victims' Institute. Segundo o instituto de pesquisa, vinculado ao Sam Houston State University, dos Estados Unidos, 72% dos adolescentes praticaram o arriscado jogo mais de uma vez, o que multiplica as chances de um acidente grave.
"Por isso, ao terem notícia de que uma criança ou jovem está se submetendo a esse risco, pais e professores devem dar assistência. Muitas vezes, será necessário acompanhá-lo em atendimento psicológico", afirma a especialista. 
Para a psicóloga Vera Zimmermann, coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é comum no adolescente a necessidade de medir limites. "Diante das mudanças pela qual está passando, saindo da infância e se dirigindo à vida adulta, é importante para o jovem provar quem é e do que é capaz. A sociedade, hoje, tem poucos rituais de passagem e, para desenvolver a autoestima, ele precisa de situações que lhe darão a certeza de sua capacidade", diz Vera.
A família e a escola também podem ajudar, buscando a adesão do adolescente em projetos nos quais ele possa provar suas capacidades, estabelecer conquistas e cultivar ideais. 
A pediatra Filumena Gomes destaca que a conduta perigosa, geralmente, está associada a outros problemas comportamentais, como dificuldade de controlar os impulsos, conflito com pais e escola, sexo desprotegido e consumo de drogas.

"Temos de identificar as crianças sob risco e realizar intervenções o mais rapidamente possível. Elas devem ser monitoradas de uma forma amigável, sem recriminações, por pais e professores".
http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2014/10/22/desmaio-forcado-brincadeira-famosa-entre-jovens-pode-ser-fatal.htm#fotoNav=2 

Precisamos implantar aqui no Brasil um órgão legalizado, oficial, para tratar desse tema - todos os jogos violentos e que põem em risco a sanidade mental e até mesmo a vida de nossa juventude, sempre ávida por novas emoções. Vamos indo! Independente de qualquer identificação formal, nosso papel, enquanto cidadãos adultos, é de levar adiante tudo que esteja ao nosso alcance para aprimorar a Vida!!


Comentários colhidos na publicação do artigo da UOL:
Avatar de Demétrio Jereissati

Demétrio Jereissati

O assunto é bem mais sério e complexo, estive participando do "Segundo Simpósio Internacional de Jogos de Risco (06 e 07 out 2014 - Paris) promovido pela APEAS e pude perceber que, países como a França que se mobilizaram desenvolvendo ações educacionais preventivas estão conseguindo reduzir o número de acidentes.
  1. Avatar de Shamrock

    Shamrock

    Fala isso para os machões que nos treinos da academia preferem apagar do que bater a mão ao serem finalizados, vide JiuJitsu e MMA em geral.



PREVENÇÃO É SEMPRE O MELHOR E O ÚNICO VERDADEIRAMENTE EFICAZ!


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