Justiça com as próprias mãos? É assim que funciona? Ladrão é amarrado e arrastado por 300 metros
Saúde

Justiça com as próprias mãos? É assim que funciona? Ladrão é amarrado e arrastado por 300 metros



Homem amarra ladrão em carroça e o arrasta por 300 metros - A justiça de cada um


Justiça com as próprias mãos? É assim que funciona? Ladrão é amarrado e arrastado por 300 metros


Por Marise Jalowitzki
10.junho.2011
http://t.co/etboaVP


Tenho registrado muitas vezes o quanto parece que voltamos às histórias do velho-oeste, onde cada um, a seu jeito, toma as suas providências e faz a sua própria justiça. É assim que funciona?


Gente, precisamos conversar mais sobre isso. É bem verdade que nossas leis costumam relevar algumas situações, nossas polícias são sempre em número reduzido, os órgãos que existem para proteger, assegurar, prender, condenar, muitas vezes deixam a desejar. Mas, o que precisa acontecer é APRIMORAR o que já existe e não voltar ao tempo em que cada um, com suas próprias mãos, punia, julgava e executava.

Após ler o ocorrido, peço que reflitam:
- Usuário de droga é ou não é considerado um doente? Como se trata um doente?
- Quando alguém assalta uma residência e é possível prender o bandido, o correto é chamar a polícia, não é? OU conduzi-lo até à delegacia. O dono poderia tê-lo prendido e aguardado a viatura.
- As vinte pessoas que o ajudaram, pensam mesmo que são os juízes do mundo? Que, também, não tem as suas culpas e mazelas para cuidar?
- O que a violência consegue semear no coração de quem quer que seja, além de MAIS VIOLÊNCIA? Alguém, por acaso, pensa que pode redimir, fazer refletir,  melhorar a situação, fazendo justiça com as próprias mãos?

Com certeza, nesta minha longa vida já passei por situações de assalto e arrombamento. A sensação de impotência é terrível. Pensa-se no que se foi alvo, no que se perdeu, na impunidade. Mas, arrastar um delinquente por 300 metros? A situação só foi contornada porque um outro vizinho chamou a polícia e a viatura literalmente salvou o infrator.

"As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente; e do modo como o indivíduo age, a nação também agirá. Somente com a transformação da atitude do indivíduo é que começará a transformar-se a psicologia da nação. Até hoje, os grandes problemas da humanidade nunca foram resolvidos por decretos coletivos, mas somente pela renovação da atitude do indivíduo." Carl Jung
 
Homem amarrou bandido que assaltava sua casa em uma carroça e o arrastou por cerca de 300m nas ruas de Gravataí, no Rio Grande do Sul

"Amarrei-o pela cintura e pelos pés, botei a outra ponta da corda na carroça e saí arrastando. Mas não foi muito. Queria levá-lo à delegacia. Pior que ele se soltou três vezes: ele escapava, o povo pegava, eu amarrava."

Vinte pessoas teriam ajudado.

Homem amarra ladrão em carroça em Gravataí. Em cena de filme americano, lenhador amarrou ladrão em sua carroça e o arrastou pela rua. BM surgiu e recolheu o assaltante. Vítima também deve se explicar na Justiça - Renato Gava - DIÁRIO GAÚCHO - zero hora 08/06/2011

Aconteceu assim:

O Bairro Vera Cruz, em Gravataí, teve uma cena de filme americano de faroeste: segunda-feira, depois de ter a casa arrombada e alguns utensílios furtados, um lenhador amarrou o bandido em uma carroça e o arrastou por cerca de 300m pelas ruas.

A ação foi contida depois que a Brigada Militar chegou. César Augusto Nunes, 25 anos, e com quatro passagens por furto, foi desamarrado e levado ao hospital com vários cortes no corpo. Ele ficou três horas em atendimento. Depois, seguiu para o Presídio Central.


– Não vou dizer que fiz o certo, mas é brabo ver um usuário de drogas levar as coisas que a gente teve de trabalhar para comprar – contrapõe o lenhador Gilson da Silva, 35 anos.


O crime ocorreu na Rua São Sepé. Uma marreta, um machado e uma motosserra foram recuperados. Gilson prestou depoimento na 2ª DP e foi liberado.


O delegado Rolland Short informou que o homem não tinha permissão para usar a motosserra e foi autuado com base na Lei 9605, de 1998, que trata de crimes ambientais. O aparelho foi apreendido e só será liberado se Gilson conseguir no Ibama a documentação necessária. O delegado estuda ainda a possibilidade de indiciá-lo por crime de "exercício arbitrário das próprias razões", delito leve que pode gerar detenção de até dois anos.


Vinte pessoas teriam ajudado

Para amarrar o arrombador, Gilson usou a corda e a carroça com a qual trabalha. Pelo menos 20 pessoas teriam participado da ação. O criminoso tentou fugir, mas foi contido e agredido pela multidão, que ainda ajudou o lenhador a amarrá-lo. Um vizinho acionou a Brigada Militar, que chegou ao local meia hora depois.


"Ele escapava, o povo pegava"


Qual o limite social que separa o trabalhador que precisa do apoio da segurança pública e do drogado que, igualmente, carece do apoio dos órgãos públicos para não agravar seu quadro de dependência? 
 

- Lenhador conta detalhes da ação na qual ajudou a polícia a deter um assaltante:


Diário Gaúcho - Como foi o ocorrido?


Gilson da Silva - Estava no bar aqui do lado, tomando cerveja. Era o final da noite de domingo. Cheguei em casa e vi a porta arrombada. Dei falta da motosserra, do machado, da marreta, meu material de trabalho. Em seguida, escutei barulho. Eram vizinhos trazendo o vagabundo. Capturaram ele aqui perto.


Diário - E então?


Gilson - Fiquei irritado, né, tchê? Vou gastar dinheiro para arrumar a porta. O machado ainda estava com ele, mas a motosserra, que custa uns R$ 1,8 mil, não. Só acharam ela depois. A vizinhança começou a bater nele, todo mundo queria dar um tapa.


Diário - O senhor também?


Gilson - Sei que não é certo, mas estava nervoso. Amarrei-o pela cintura e pelos pés, botei a outra ponta da corda na carroça e saí arrastando. Mas não foi muito. Queria levá-lo à delegacia. Pior que ele se soltou três vezes: ele escapava, o povo pegava, eu amarrava. Na terceira vez, chegou a Brigada e levou todo mundo para a delegacia.


Diário - Não teme problemas com a Justiça?


Gilson - Sim, sei que posso me incomodar. Mas repito o que disse ao delegado: fiquei nervoso. A gente trabalha a vida toda. Aí, aparece um sujeito, pega tudo e vende por R$ 10 para comprar droga. Isso aqui é a minha vida, meu ganha-pão! Sei que a gente não pode fazer justiça com as próprias mãos, mas se fosse contigo, não ias te irritar?


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Quando a notícia foi divulgada no Jornal do Almoço, no mesmo dia 08.junho.2011, causou assombro o comentário do Lasier Martins, conhecido em todo o RS. O mesmo declarou: "Esta notícia, num primeiro momento, até desperta graça!"... Graça em quem? Quem pode se divertir achando que esta é uma prática pitoresca, justificável?

Volto a repetir: O Mundo só mudará quando os seres humanos, os cidadãos, cada indivíduo, mudar a sua atitude em relação ao seu próximo. Tomar as providências, sim, mas fazer justiça a seu estilo, movido por indignação, por impotência, por raiva!... Não é assim que funciona!

A drogadição é um problema terrível com o qual estamos todos nos deparando. A nós, como espectadores e, por vezes, vítimas decorrentes, a nós cabe trabalhar e lutar para que as coisas melhorem, que mais e mais casas de recuperação sérias proliferem, que o Estado e a Iniciativa Privada entrem em parceria para debelar um mal que cresce a cada dia.



A droga é um problema social que diz respeito a todo nós

E não será com violência que iremos deixar a vida mais aprazível.
Exclusão nunca deu certo.
Desprezo e punição violenta só geram desejos de vingança.

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E mais:

QUE SE AVERIGUE A SITUAÇÃO DO LENHADOR-PUNIDOR QUE, AO QUE SE SABE, NÃO TINHA AUTORIZAÇÃO PARA USO DA MOTOSERRA. É PRECISO INVESTIGAR O QUE ESTAVA CORTANDO, ONDE ESTAVA DESMATANDO E PARA QUEM ENCAMINHAVA A MADEIRA QUE PRODUZIA.

PAZ PARA TODOS!

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Mais:

Amor ou violência


As nações fazem exatamente o que cada um faz individualmente

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Querendo, leia mais em: http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/11/crack-epidemia-25-anos-depois-link-de.html


Crack - links para artigos sobre o tema e Campanhas



Crack, Epidemia, 25 anos depois - Link de artigos e Campanhas - Hipocrisia Social 

Links para artigos, referenciados por ordem de publicação

Marise Jalowitzki
Compromisso Consciente



[email protected]
Escritora, pós-graduação em RH pela FGV,
international speaker pelo IFTDO-EUA

Porto Alegre - RS - Brasil












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