Saúde
Ligação entre obesidade e cancro: insulina
Para aqueles que ainda não levam a sério a importância de manter células sensíveis à insulina e uma exposição controlada à hormona, este artigo é para vocês. Como já devem saber, isto se acompanham o blog com alguma regularidade, a obesidade anda de mãos dadas com a resistência à insulina, e é a inflamação que faz a ponte entre ambas. Sabe-se que a obesidade está associada a quase todos os cancros de carácter inflamatório, como o colorectal, esófago, pâncreas, mama, e outros tipos de origem epitelial. Um trabalho publicado recentemente avança com a estimativa de que pelo menos um terço de todos os casos de cancro podem ser atribuídos à obesidade e hiperinsulinémia que advém da resistência metabólica [link].
A obesidade, em particular quando a acumulação se dá na região abdominal, é um estado inflamatório. O tecido adiposo produz citocinas que afectam o funcionamento normal de outras células, nomeadamente o metabolismo da glicose - promovem resistência à insulina. Em consequência, os níveis de insulina disparam de forma a compensar a dificuldade em lidar com a glicose no sangue. A inflamação pode também promover a iniciação do processo carcinogénico, células estas que proliferam sustentadas pela glicose e insulina. Os mecanismos de captação de glicose nas células cancerosas é independente da insulina e não fica comprometido. Se os níveis de glicemia estão altos, há um fornecimento constante de substrato energético. Além disso, a insulina estimula vias anabólicas que aumentam a massa tumoral. Tudo isto favorece o desenvolvimento do tumor e progressão do cancro.
Nos últimos anos tem surgido uma corrente que sugere a restrição em hidratos de carbono como terapia anti-cancro. Claro que isto faz sentido conceptual tendo em conta aquilo que discutimos. Se a glicose é o substrato preferencial, e se a insulina promove a proliferação da massa tumoral, reduzir a glicemia e insulinemia são, em teoria, estratégias interessantes no controlo do cancro, ou quem sabe ate sua regressão. A verdade é que os estudos são ainda insuficientes para concluir algo com aplicação clínica, embora não veja com maus olhos optar por esta via quando o resto falha. Apenas o exacerbar de um estado já por si hipercatabólico me deixa um pouco renitente. Mas há alturas da vida em que vale tentar de tudo, ou quase tudo... O cancro é provavelmente um delas.
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