Todos já sabemos, ou deveríamos saber, que o risco de câncer da próstata aumenta com a idade e que se concentra entre os idosos. Também sabemos que, com raras exceções, a maioria dos que são diagnosticados com este câncer acaba morrendo de outras causas e que, se bem tratados, mesmo os que morrem vitimados por ele, têm uma ampla sobrevivência.
Mas nem sempre: risco não é certeza! Já foram identificados 25 tipos diferentes do câncer da próstata; a maioria é indolente e avança lentamente gerando um padrão de comportamento médico, dominante em alguns países, de não tratar os pacientes de formas indolentes deste câncer, particularmente os mais idosos. Esses pacientes são acompanhados e são tratados apenas se e quando o câncer se torna mais agressivo e avança rapidamente.
Mas há casos de homens jovens com câncer da próstata, inclusive de homens jovens que morrem vitimados por ele. Foi o que aconteceu com um policial americano, Tim Barber, que faleceu aos 42 anos. Tim se tornou conhecido porque após a descoberta de que tinha câncer da próstata e de que era uma das suas variantes agressivas, ele se tornou um ativista em Tempe, no Arizona. Durante sua carreira de policial não faltou ao trabalho um só dia e gozava de excelente saúde. O câncer foi descoberto em 2009: era uma forma agressiva que já havia avançado muito. O tratamento foi igualmente agressivo (quimioterapia e radioterapia); usualmente a quimioterapia só é usada em casos avançados, depois de que outros tratamentos fracassam. Por quê? Porque a químio aumenta a sobrevivência dos que sofrem deste câncer em apenas quatro meses – na mediana (mediana: metade dos pacientes sobrevive mais do que quatro meses e metade menos) e os efeitos colaterais são pesados. Os tratamentos produziram resultados temporários: o PSA voltou ao normal e os sintomas desapareceram, mas esse período de remissão durou pouco: voltaram, o câncer progrediu rapidamente e Tim faleceu perto de dois anos após o diagnostico, muito mais rapidamente do que a grande maioria dos pacientes. Estatisticamente, a maioria dos pacientes não morre deste câncer, nem mesmo os diagnosticados com formas relativamente agressivas. Quanto mais alerta e conhecedora a população, mais baixa a taxa de mortalidade e, mesmo entre os que morrem, é maior a sobrevivência. Morrem muito menos e, mesmo entre os que morrem, há diferenças: sobrevivem por um tempo muito maior. Eu tenho uma forma agressiva, fui diagnosticado há 16 anos, e estou aqui nessa campanha de prevenção e cura, escrevendo para vocês.
A esposa de Tim participou da cruzada do marido e pretende seguir lutando para que os homens comecem a fazer testes de PSA cedo e não descuidem do tratamento. A campanha de prevenção deste câncer é empurrada, em medida substantiva, por mulheres e filhas de pacientes que morreram.
Não descuide!
GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ