Saúde
Piscicultura ornamental em alta
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Betta do tipo Half Moon |
Contemplar peixinhos se mexendo em um aquário pode ser bastante relaxante — há até estudos indicando uma possível relação entre a aquariofilia e a diminuição do nível de estresse. Mas, por detrás deste
hobby milenar e dos seus supostos benefícios à saúde, existe um mercado altamente competitivo, impulsionado pelo uso de modernas tecnologias na área de piscicultura.
Com o apoio de pesquisadores da UENF, o produtor de peixes ornamentais Ronaldo Vilela, de Patrocínio de Muriaé (MG), está começando a se inserir neste mercado, que exige peixes de altíssima qualidade e paga muito bem por eles. Ronaldo foi um dos vencedores do Encontro Nacional de Criadores de Bettas (Enabettas 2011), realizado de 24 a 26/11 no Rio de Janeiro. Primeiro lugar nas categorias “HM Iridescente Long Fin” e “HM Não Iridescente Long Fin” e 2º nas categorias “HM Dragon Long Fin” e “HM Butterfly”, o produtor, que até pouco tempo vendia seus peixes por R$ 1 ou R$ 2, agora está vendendo cada exemplar por até R$ 150.
— Isso significa que a tecnologia que temos levado para estes produtores não só vem aumentando os parâmetros zootécnicos como também a qualidade dos peixes. Além disso, nos últimos cinco anos a UENF ministrou diversas palestras e cursos sobre seleção de reprodutores e padrões para julgamento, o que também contribuiu para a conquista dos prêmios — diz o professor Manuel Vazquez Vidal Junior, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF, que apoia cerca de 50 produtores de betta no município de Patrocínio de Muriaé. No total, são apoiados cerca de 450 produtores em toda a Zona da Mata Mineira, maior polo de produção de peixes ornamentais.
Manuel observa que um dos que mais vêm atuando junto aos produtores é o aluno de Zootecnia da UENF Allex Trindade Branco, que está prestes a se formar. Uma das tecnologias implementadas pelos pesquisadores da UENF é a da inversão sexual, que permite gerar mais machos que fêmeas (bem menos valorizadas no mercado). Isso só é possível porque os peixes não nascem com o sexo fenotípico definido. Levados a ingerir ração com hormônio metil testosterona, os peixes desenvolvem testículos. Embora a tecnologia seja antiga, não servia para os betta porque estes só conseguem ingerir a ração com 15 a 20 dias de vida, período em que as gônadas femininas já estão em desenvolvimento.
— Desenvolvemos uma ração finíssima que é consumida nos primeiros dias de vida pelos betta e, em maior quantidade, pelos minúsculos animais que servem de alimento natural nas suas fases iniciais de vida: os rotíferos e daphnias. Assim, os betta também podem ingerir o hormônio — explica o professor, lembrando que, naturalmente, o percentual é de 60% de machos. Com a inversão, este índice sobe para 90%.
Fúlvia D'Alessandri
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