Na asma, a semiobstrução das vias aéreas é o resultado da contração da musculatura lisa brônquica (broncoespasmo) da inflamação da mucosa (edema) e da hipersecreção das glândulas mucosas (tampões mucosos). Estes três eventos patológicos determinam a redução do calibre brônquico desencadeando os sintomas de dificuldade respiratória (dispnéia) e chiados (sibilância).
A cortisona é a medicação antinflamatória por excelência, revertendo a inflamação da mucosa, reduzindo a secreção glandular e recuperando a capacidade da atuação da medicação broncodilatadora, proporcionando portanto o alívio da crise asmática.
Até a década de 1950, antes do emprego da cortisona, a asma era uma doença muito grave e potencialmente fatal, quando manifestada por crises fortes e demoradas. Atualmente, graças ao emprego criterioso da cortisona, as crises são perfeitamente controladas e os índices de mortalidade são discretos.
A cortisona atua no tratamento de resgate das crises em doses de miligramas e quando seu emprego é feito sem moderação ou mesmo de forma abusiva, podem ocorrer efeitos adversos. Esta é a principal razão pela qual esta medicação tão eficiente e salvadora de vidas é discriminada e até rejeitada por muitos pacientes, criando uma legião de “corticófobos”, ou seja, uma multidão de asmáticos que têm mais medo da cortisona do que da crise asmática.
Todos os efeitos benéficos terapêuticos da cortisona são bastante conhecidos. Os efeitos colaterais adversos, por sua vez, também são amplamente sabidos e discutidos pelos médicos, sendo a maioria destas reações perfeitamente controláveis.
Mas a asma não é feita só de crises, mas sim de um processo inflamatório crônico responsável pela hiperreatividade (labilidade) brônquica e consequentemente por um estado potencial de episódios asmáticos. Surge então, de novo, a participação benéfica e insubstituível da cortisona inalada sob a forma líquida ou de pó seco, fundamental para o controle da inflamação brônquica, prevenindo o aparecimento de novas crises.
É importante salientar que a cortisona inalada é dosificada em microgramas, ou seja, em dose mil vezes menor do que a cortisona sistêmica. Por isso, embora com efeito terapêutico muito eficiente, apresenta efeitos adversos mínimos e desprezíveis.
E finalizando, como o nariz, inflamado pela alergia participa patologicamente da asma (vias aéreas unidas) o emprego concomitante da cortisona em forma de spray nasal, controlando a inflamação da mucosa nasal, complementa o papel benéfico e insubstituível da cortisona na asma.