Saúde
Que efeitos, de vários tipos, a única vacina contra o câncer da próstata pode provocar?
O medicamento Provenge é o último de uma série que foi particularmente mal sucedida, a de usar o sistema imune contra o câncer. É o primeiro aprovado pela FDA contra o câncer da próstata. Estou convencido de que em cinco anos teremos outros, mais variados, mais específicos e melhores. Os analistas de Wall Street acham que venderá bilhões de dólares. Alguns duvidam. Afinal, custa 93 mil dólares, leva tempo para fabricar e aumenta a esperança de vida em, apenas, quatro meses na mediana. Talvez muitos paguem na esperança de que serão dos poucos que estarão muito acima da mediana, talvez dois ou três anos. Pior: aumenta a vida, mas não conseguiu demonstrar que reduz o crescimento do tumor. O porquê do aumento na vida ficou sem explicação.
Vai mudar a indústria farmacêutica ou não? O próximo produto não encontrará um campo aberto e sim um parcialmente ocupado pelo Provenge. É provável que muitas continuem insistindo em medicamentos mais simples, que use tecnologia disponível.
Quem já está no páreo? Uma empresa chamada Bavarian Nordic, que está testando uma vacina Prostvac, que usa tecnologia mais fácil. O fato de que Provenge já existe pode dificultar o crescimento de Prostvac pois os possíveis clientes usarão o que puderem, o que estiver disponível. Se o mercado, estimado em alguns bilhões anuais, é mais do que atraente, o paciente pode jogar no seguro e ficar com os quatro meses de vida obtidos a alto custo.
A próxima área a desenvolver "vacinas" talvez seja a dos cânceres do pulmão. O campo está aberto porque nada deu certo até agora. O último fracasso foi zibotentan, da AstraZeneca, que não aumentou a sobrevivência. Há dois clinical trials em andamento. Todos queremos que funcionem, por duas razões:
- Salvará vidas de pacientes com câncer no pulmão e
- Estimulará investimentos e pesquisas na área das "vacinas"anti-câncer.
Uma das vacinas, que está sendo desenvolvida pela GlaxoSmithKline, usa uma proteína MAGE-A3 encontrada nas células cancerosas do pulmão. Numa pesquisa Fase II cortou a percentagem de casos em que o câncer voltou em 27%, num período de observação de 28 meses. Estão atualmente trabalhando num clinical Trial Fase III. O leitor certamente percebe que os progressos são lentos: uns meses a mais de vida, uns pontos percentuais a menos de retorno do câncer. Ainda não atinamos com "grandes" curas.
Não obstante, no sistema em que vivemos os investimentos privados são cruciais. E a possibilidade de lucros altos pode atraí-los, ainda que a baixa taxa de êxito até agora os espante. Para nós que temos cânceres avançados é pouco provável que cheguem a tempo para nosso uso, mas outros, com cânceres iniciais, poderão se beneficiar.
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