Saúde
SUPLEMENTOS ALIMENTARES, VALE A PENA?
Evidências médicas sugerem que a suplementação alimentar pode ser benéfica para um pequeno grupo de pessoas, aí incluídos atletas competitivos, cuja dieta não seja balanceada. Nesses casos, comprovada a deficiência de um nutriente, o aumento da sua ingestão, quer através da alimentação habitual, quer através de suplementos, é indicado. Entretanto, tem-se observado que adolescentes envolvidos em atividade física ou atlética estão usando cada vez mais tais suplementos. Infelizmente, esse uso, na maioria das vezes, ocorre sem a necessária orientação, como resultado das recomendações de colegas, treinadores, revistas, sites na internet e de ouvir dizer nas academias de ginástica. Adicionalmente, esses produtos são vendidos em qualquer farmácia ou academia de ginástica sem necessidade de prescrição médica e sem orientação de nutricionistas. Nos consultórios de endocrinologia pediátrica, hebeatria e de nutrição é comum o agendamento de consultas para avaliar as indicações e possíveis efeitos adversos dessa prática.
Suplementos alimentares
Suplementos alimentares são definidos como substâncias utilizadas por via oral com o objetivo de complementar uma determinada deficiência dietética. Muitas vezes eles são comercializados como substâncias ergogênicas capazes de melhorar ou aumentar a performance física. Proteínas e aminoácidos, creatina, carnitina, vitaminas, microelementos, cafeína, betahidroximetilbutirato e bicarbonato são os suplementos alimentares mais utilizados.
Proteínas
Os preparados proteicos são os suplementos alimentares mais consumidos, principalmente as proteínas do soro do leite e albumina. As proteínas do soro do leite, conhecidas como whey proteins, são obtidas após a extração da caseína do leite desnatado. Possuem alto valor nutricional, alto teor de aminoácidos essenciais e de cadeia ramificada, alto teor de cálcio e peptídeos bioativos do soro. Seus efeitos biológicos resultam do aumento da síntese proteica muscular, redução da gordura corporal em função do seu alto teor de cálcio e alta concentração de glutationa, diminuindo a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos e aumento da concentração de insulina plasmática favorecendo a captação de aminoácidos para o interior da célula muscular. A whey protein é disponibilizada sob a forma de pó, a ser diluído com água ou leite, na dose média de 30 g/dia, pela manhã em jejum ou logo após a atividade física.
A albumina é um suplemento com elevada concentração de proteínas, obtida a partir da clara do ovo desidratada e pasteurizada, possuindo alta digestibilidade e elevado valor biológico. Geralmente é utilizada na dose de 1 g/dia.
Esses dois produtos são muito utilizados porque os atletas frequentemente insistem que é necessária uma quantidade muito alta de proteína para aumentar a massa muscular, citando quatro razões para tal atitude: 1) aumento do requerimento proteico em indivíduos que realizam treinamento físico intenso; 2) risco de balanço nitrogenado negativo com perda de massa magra, quando a ingestão proteica é reduzida; 3) efeito anabólico da suplementação de aminoácidos estimulando a síntese proteica muscular; e 4) aumento na liberação do hormônio do crescimento.
Apesar disso, ganho de força e massa magra, não encontraram efeito benéfico da suplementação proteica, e mostraram que com o consumo de uma dieta de conteúdo normal de proteína (12-15% do total de energia), mesmo atletas em treino não requerem qualquer suplementação proteica. O excesso de ingestão proteica pode, ainda, aumentar a produção de ureia, causar cólica abdominal e diarreia e aumentar o risco de desidratação. Além disso, como a proteína é a principal fonte de produção ácida endógena através da excreção de sulfato, essa produção aumentada pode influenciar negativamente a densidade mineral óssea, se não for balanceada com uma dieta adequada (frutas e vegetais).
Aminoácidos
Os aminoácidos mais utilizados sob a forma de suplementação alimentar são: glutamina, aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, valina, isoleucina), arginina, lisina e ornitina. Eles geralmente são usados em combinação com a ingestão de carboidratos, logo após uma atividade física, para favorecer o aumento de massa muscular.
O consumo de arginina e ornitina como suplementos alimentares não se associa a mudanças na massa magra ou função muscular, exceto em indivíduos sob estresse (trauma, queimadura, cirurgias), nos quais a suplementação pode reduzir a extensa perda muscular. Em relação ao estímulo da secreção do hormônio de crescimento, apenas a infusão venosa é capaz de tal estímulo – a ingestão oral desses aminoácidos é ineficaz em promover maior liberação do hormônio de crescimento.
Carnitina
A carnitina é encontrada na carne vermelha, leite e derivados, e sintetizada a partir da lisina e metionina no fígado, rim e cérebro. Exceto em seguidores de uma dieta vegetariana rígida, a deficiência de carnitina é incomum. Ela também pode aumentar o fluxo sanguíneo aos músculos, por seu efeito vasodilatador e antioxidante. Devido a essas funções, a carnitina tem sido utilizada por atletas em busca de melhor performance e maior resistência muscular à fadiga. Outros a utilizam em busca de perda de peso devido a sua ação promotora de oxidação de ácidos graxos e, consequentemente, maior utilização dos depósitos de gordura. Embora o conteúdo muscular de carnitina diminua com o exercício, o significado funcional de tal mudança, ou sua prevenção, através da suplementação, não pode ser prevista, uma vez que sua suplementação aumenta a concentração plasmática, mas não aumenta o seu conteúdo muscular. A dose de suplementação habitualmente utilizada é de 2-6 g/dia por um período de 10 dias a 10 semanas. Não há relatos de danos renais em indivíduos sadios que utilizam carnitina como suplemento dietético, mas há risco de agravamento da função renal em nefropatas. No momento, não existem conclusões definitivas sobre o efeito benéfico da carnitina no metabolismo do exercício em atletas sem deficiência nutricional.
Creatina
A creatina é produzida no fígado, rins e pâncreas a partir da glicina, arginina e metionina. Ela também é encontrada naturalmente na carne. O requerimento diário médio é de 2 g/dia, sendo 1 g proveniente da dieta e 1 g da produção endógena.
A suplementação com creatina pode causar um aumento de 20% na fosfocreatina muscular, acelerando o reabastecimento da mesma no período de recuperação, o que potencialmente atrasa o início da fadiga.
A dose de creatina habitualmente utilizada por atletas é de 20 g/dia, por 4 a 5 dias (dose de ataque), seguida de 1-2 g/dia (dose de manutenção) por 3 meses. A suplementação nas doses usuais não causa alteração da função hepática ou renal. Os efeitos adversos do uso prolongado são: ganho de peso, desconforto gastrointestinal e câimbras musculares.
Conclusão
O consumo de suplementos alimentares é amplamente difundido, especialmente entre atletas e adolescentes frequentadores de academias. As principais razões para tal prática são: compensar dieta inadequada, melhorar a imunidade e prevenir doenças e melhorar o desempenho físico e competitivo. A fonte de informação mais utilizada é a recomendação de amigos e técnicos. Até o momento, os dados disponíveis, não conseguiu demonstrar o benefício do uso de tais suplementos, a não ser em situações de carência, uma vez que a dieta pode fornecer a uma pessoa saudável todos os nutrientes necessários, nas quantidades adequadas. A suplementação nutricional é recomendada apenas em situações específicas. É emergente a necessidade de pesquisas científicas em adolescentes para avaliar os efeitos benéficos e a segurança do seu uso a longo prazo. Tão importante é a educação nutricional para os adolescentes atletas. Finalmente, a elaboração de regulamentações sobre o assunto facilitaria a atuação dos profissionais de saúde e a educação do público em geral sobre o uso seguro e eficiente desses produtos.
Leia mais em: www.scielo.br/artigos
Até a próxima!
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