Se seu filho ou filha, especialmente menor de seis anos de idade, toma algum tipo de remédio para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), fique em alerta. Uma pesquisa feita por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Campinas (Unicamp), mostrou que, aproximadamente, 75% das crianças e dos adolescentes brasileiros tomam remédios para esse déficit sem um diagnóstico adequado.
A notícia não surpreendeu os neurocirurgiões Ricardo Santana, 55, e Dante Luiz Gacia Rivera, 49. Doutor em Ciências Médicas pela USP, Ricardo Santana chama o TDAH de “doença da moda”.
Segundo ele, isso acontece porque as pessoas têm a tendência de querer resolver tudo comprando na pílula na farmácia, embora precise envolver, principalmente, um acompanhamento multidisciplinar com psicólogo, psicopedagogo, pedagogo e a escola, além da família.
Dante chama a atenção para a necessidade de critérios para ser fazer um diagnóstico. COMPARAÇÕES A pesquisa ouviu 5.961 jovens, de 4 a 18 anos, em 16 Estados do Brasil e no Distrito Federal.
Foram aplicados questionários a pais e professores buscando identificar a ocorrência do transtorno, tendo como base os critérios do DSM-4 (manual americano de diagnóstico em psiquiatria).
Feitas as comparações das informações aos relatos dos pais sobre o diagnóstico recebido pelos filhos de outros profissionais, antes do período das entrevistas, eles chegaram à conclusão de que só 23,7% das 459 crianças com diagnóstico realmente tinham o transtorno, segundo os critérios do manual.
Das 128 que tomavam remédios para tratá-lo, somente 27,3% tinham o problema. RÓTULOS Santana observa que, hoje, uma criança mais ativa já recebe logo o diagnóstico como hiperativa, mas é preciso saber que, dificilmente, esse resultado pode ser definitivo antes dos seis anos de idade, quando é possível estabelecer um laudo com maior segurança.
“Rotula-se logo e ministra-se medicamentos porque existe estímulo de laboratórios”, afirma ele, lembrando aos pais o equívoco de tentar resolver a questão com a “solução da farmácia”. Ironizando, ele diz que alguns pais gostariam de ter um interruptor para “desligar” os filhos quando fosse conveniente, quando a questão maior seria eles reservar mais tempo para ficar com as crianças.
Pensamento suicida pode ser efeito colateral de medicamento
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O Focalin, medicamento usado para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), foi relacionado a efeitos colaterais como pensamentos suicidas. Alguns membros da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos medicamentos e alimentos norte-americanos, têm estudado a possibilidade de incluir na bula do remédio um alerta para o risco do problema. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira (1).
Segundo o jornal, o Focalin, que não é vendido no Brasil, traz na bula indicações de sintomas psicóticos ou de euforia, mas não de pensamentos suicidas. Em entrevista para a Folha, Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da Universidade de São Paulo (USP), há um número enorme de pessoas que usam esse remédio e não têm esses efeitos, e é difícil saber se os pacientes teriam isso sem o remédio.
A Novartis, fabricante do remédio, assegurou que o Focalin não tem semelhança com as medicações à base de metilfenidato, disponíveis para o tratamento do TDAH no Brasil.
Outros casos
Outra droga comumente usada no tratamento do TDAH é a Strattera, que também demonstrou a possibilidade de pensamentos suicidas e depressivos em crianças e adolescentes. A empresa colocou um alerta em seu site para o fato de que em testes clínicos com mais de 2,2 mil portadores do TDAH, a chance de desenvolver pensamentos suicidas é de um a cada mil pacientes e que os pais devem ficar atentos às mudanças de humor e comportamento dos filhos, procurando o auxílio médico sempre que surgirem dúvidas.
O jornal norte-americano Fox News informou nesta terça-feira (31) que o FDA recebeu oito relatos de pensamentos suicidas ao longo de seis anos e quatro casos eram ligados ao Focalin. Estima-se que entre 3 e 5% da crianças do mundo sofram de TDAH, que resulta em comportamento desatento, impulsividade, problemas em casa e na escola, entre outros sintomas. O tratamento do transtorno combina medicamento e terapia. A farmacêutica Novartis, fabricante do Focalin, anunciou que está comprometida com a segurança dos pacientes e vai trabalhar junto ao FDA e outras agências para rever a bula do medicamento.