Na safra 2010-2011, mais da metade de toda a área semeada conta com tecnologia transgênica.
Do total de 37,54 milhões de hectares com plantação de soja, milho e algodão, cerca de 67%, ou 25,29 milhões de hectares, correspondem a produção transgênica, segundo levantamento da consultoria Céleres. Um hectare equivale a 10.000 metros quadrados.
Entre as três commodities cuja produção transgênica é permitida, a soja tem a maior área plantada, bem como a mais expressiva adesão à tecnologia. Do total de 23,61 milhões de hectares de plantação do produto, 75% contam com sementes modificadas. Na safra 2003-2004, quando o plantio foi regulamentado, a adesão à tecnologia era de 22,1% do total de terras onde a soja era cultivada. Já na safra que será colhida em 2011 essa percentual chega a 75,3%. A produção da oleaginosa foi a primeira a receber autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Híbridos com tecnologia Roundup Ready permitem
controlar, de forma mais eficaz, as plantas daninhas
que competem com a cultura do milho por água, luz
e nutrientes, segundo a Monsanto. (Foto:
Divulgação/Monsanto)
controlar, de forma mais eficaz, as plantas daninhas
que competem com a cultura do milho por água, luz
e nutrientes, segundo a Monsanto. (Foto:
Divulgação/Monsanto)
Na Monsanto, dois terços da produção de soja nesta safra é transgênica, segundo o diretor de marketing da empresa, André Franco. "A previsão é de que, na próxima safra, esse percentual chegue a 80%, podendo ser ainda maior nos próximos três anos." A perspectiva positiva da empresa deve-se ao tripé "maior produtividade, mais facilidade de manejo e menor custo de produção", de acordo com o diretor.
Na região Sul do país, que concentra a segunda maior área de produção transgênica de soja, 7,98 milhões de hectares - atrás apenas do Centro Sul, 16,34 milhões - o cultivo do grão só foi mantido graças à oferta das sementes transgênicas, na avaliação de Mauro de Rezende Lopez, pesquisador do Centro de Estudos Agrícolas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
"Se não fossem os transgênicos, a soja teria sido varrida do campo. A concorrência com a Argentina era muito grande. Os portos da Argentina, do Uruguai, do Paraguai são melhores que os nossos, sem contar o custo do frete, que aqui é muito maior. As sementes transgênicas baixaram os custos de produção. Os produtores tiveram de aderir. Você tem que se manter no mercado", afirmou.
A introdução da modificação genética também tem se intensificado entre os produtores de milho (inverno), alcançando 75,7% do total da área plantada do grão no país na próxima safra. Na de 2008-2009, época em que foi concedida a permissão para que as culturas contassem com sementes transgênicas, a adesão era de 14,7%.
Na segunda safra do milho 2010-2011, do total da área plantada, de 5,30 milhões de hectares, 4,019 milhões têm produção transgênica. O crescimento da produçõa no país tem sido da ordem de 10 pontos percentuais a cada ano, segundo o diretor da Monsanto.
"Não há restrições de produtores quanto ao uso de sementes transgênicas. A vantagem financeira é substancial. O uso de água, de diesel e até a emissão de CO2 na atmosfera são reduzidos. Não há motivos para que os produtores não optem por essa tecnologia", disse Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações de Biotecnologia, PhD em genética molecular de plantas.
A adesão às sementes transgênicas pelos produtores de algodão ainda é pequena, se comparada à de soja e milho. No entanto, a exemplo do que ocorre com as outras commodities, a utilização de sementes está crescendo. Na safra de 2004-2005, ano em que a autorização para o cultivo foi dada, 3,3% das terras tinham sementes transgênicas. Já nesta safra, que será colhida em 2011, a introdução da cultura já atinge 25,7% da área total.
Segundo informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a área global de plantações transgênicas ocupa mais de 100 milhões de hectares, em cerca de 50 países, seja cultivando ou importando variedades geneticamente modificadas para consumo humano ou animal.
Perspectivas
A tendência é que a utilização da tecnologia cresça cada vez mais, na avaliação do pesquisador da FGV, Mauro de Rezende Lopez, principalmente com o avanço da demanda pelo mercado externo. "A população de Índia e China crescem. Eles não têm comida suficiente e vêm procurar aqui", disse.
O "grande problema", para o pesquisador, é quanto à limitação da produção. "Todas as combinações levaram a produção a patamares incríveis de produtividade. Mas estamos chegando ao limite", afirmou Lopez, sinalizando o aumento dos preços.
No dia 17 de dezembro, o Grupo Intergovernamental para Alimentos da FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) afirmou que os mercados mundiais de alimentos enfrentam um longo período de elevação de preços, sem precedentes, e é provável que o índice de preços calculado pela entidade atinja novo recorde ainda em dezembro. Para ele, o aperto na oferta mundial de vários produtos agrícolas faz com que uma queda de cotações na safra 2011/12 seja altamente improvável.
Os transgênicos estão entre nós
Todos os segmentos da indústria de alimentos utilizam tanto o milho quanto a soja e seus derivados em larga escala. De acordo com levantamento do Conselho de Informações sobre Biotecnologia, há presença desse tipo de produto em bebidas e salgadinhos, balas, doces e chocolates, alimentos prontos, molhos, leites, queijo e congelados, entre outros.
De acordo com a Embrapa, estão em estudo outras variedades de produtos geneticamente modificados, como feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, soja com tolerância à seca, café e cana-de-açúcar com resistência à broca, entre outras. Para que comecem a ser produzidas e comercializadas, essas variedades ainda terão de ser aprovadas pela CTNBio.
O outro lado
Enquanto alguns têm perspectivas positivas quanto à expansão dos transgênicos, há aqueles que defendem ainda o cultivo tradicional. Para o Greenpeace, o avanço da produção transgênica tende a acabar com um mercado em potencial na Europa. "Há poucas semanas, foi enviado à Comissão Europeia um abaixo-assinado com 1 milhão de assinaturas contra esse tipo de produção. O Brasil ainda exporta sua produção convencional. Se isso acabar, acabará esse mercado no exterior", defendeu Iran Magno, coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace.
Magno também tem ressalvas quanto aos efeitos do consumo do produto transgênico na saúde: "os riscos ainda não foram comprovados, nem para um lado nem para o outro", afirmou.
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O natural parece quase utópico. Daqui há algum tempo, veremos quais os efeitos reais! Será tarde. Apenas restará correr atrás do prejuízo, remediar, como sempre, até agora! |