UM POUCO SOBRE A HIPOCRISIA SOCIAL
Saúde

UM POUCO SOBRE A HIPOCRISIA SOCIAL




UM POUCO SOBRE A HIPOCRISIA SOCIAL
Marise Jalowitzki 


22.junho.2010
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2010/06/um-pouco-sobre-hipocrisia-social.html


Em outro site publiquei um artigo que leva como título PEDOFILIA - CASTRAÇÃO QUÍMICA - O QUE VOCÊ OPINA? cujo link é: http://www.via6.com/topico.php?cid=9760&tid=458040&pg=1 - Lá, alguns amigos interagem na discussão desse tema, que tem merecido divulgação na mídia, pelo menos enquanto há um fato "novo". Depois, cai no esquecimento, sem que uma campanha efetiva de conscientização seja levada a efeito.


No artigo mencionado, encerro o comentário mais atual com a seguinte pergunta: "Se é sabido que o maior número de estupros e abusos acontecem no seio familiar, onde estão os programas para ministrar palestras elucidativas e sistemáticas nos centros comunitários, das igrejas/religiões? Onde a divulgação permanente do Disque Abuso- Disque 100??" Isso é o mínimo para fazer em termos de prevenção!



Para mim, o meu maior desafio é motivar-me para continuar escrevendo, qual pequena gota em bico de pássaro para apagar um incêndio. Faz MUITO tempo que percebi o quanto a sociedade é hipócrita e alienada, o quanto, na atualidade, muitas ongs ganham recursos para atividades de fachada, o quanto um largo segmento da mídia utiliza fatos que poderiam servir para educar e auxiliar na evolução humana e, ao invés disso, apenas utiliza as informações para, com sensacionalismo voraz, angariar audiência, mesmo que à custa de expor pessoas.


Em 1985 (!!!) publiquei meu primeiro livreto que se chamava DROGA DE VIDA, VIDA DE DROGA! Nele, além de alguns aconselhamentos de vida afetiva saudável, fiz um resumo de um livro do Dr. Rottmann intitulado "Salvar o Filho Drogado". Havia o nome das drogas mais pesadas da época, além de uma listagem com os efeitos colaterais dos medicamentos controlados e os perigos das super dosagens e interações medicamentosas. Era meu intento esclarecer meus colegas de empresa, que eram pais, assim como eu, de crianças e adolescentes, além de elucidar aos eventuais usuários para que soubessem em que terreno estavam pisando e quais as consequências que iriam sofrer, física, psíquica e socialmente.


Por decisão do gerente de recursos humanos, foram editados 300 exemplares do livreto e uma proposta para iniciar um ciclo de palestras, em caráter preventivo, em todo o RS, foi encaminhada à direção geral. Nunca foram proferidas as palestras, seja pelo serviço de assistência social, seja pela área de psicologia (mesmo que os profissionais envolvidos se mostrassem interessados) nem quando apresentei um programa embasado e pertinente que a Cruz Vermelha ministrava e que também divulgava através de palestras.

Um jornalista e político importante que tinha um programa altamente denunciativo na tv, todos os dias, batia fortemente na mesa, ao encerrar seu programa diário, estava anunciando a divulgação de uma lista de parlamentares envolvidos em corrupção e tráfico. Foi assassinado na porta de sua casa e a culpa ficou por conta de um marido eventualmente traído pelo jornalista; os pudicos também ocuparam as páginas dos jornais para falar contra a sua suposta prática homossexual e todos "acharam por bem encerrar o assunto por aí".

Na área empresarial a qual eu pertencia, insisti para que as palestras acontecessem. Naquele tempo eu dirigia uma seção que processava os formulários gerados no setor de expedição e sempre que se fazia necessário checar informações, eu descia para o local - geralmente diuturnamente, por vezes, também à noite. E percebia o quanto alguns trabalhadores estavam com os olhos vidrados, o riso alucinado escancarado, ou as reações de agressividade demasiada. Cheguei no diretor da área e solicitei novamente a liberação para que as palestras acontecessem.


- Não precisamos disso aqui! - disse-me ele. - Não temos isso aqui!


Quando afirmei que eu conhecia alguns casos, respondeu, imediatamente:


- Então, me dá os nomes!


- Para que? - perguntei. - Para que sejam sumariamente demitidos?


Não preciso dizer que nada foi feito no sentido da prevenção.


Quando estava finalizando o livreto, era uma sexta-feira. Sérgio Chapelin estava apresentando o Globo Repórter... sobre drogas. Encerrou o programa (em 1985!) anunciando que estava entrando no Brasil a mais devastadora das drogas, o crack. Dava detalhes de como desenvolvia compulsão e de como iria se alastrar, caso as autoridades não envidassem esforços imediatos para coibir o fabrico e consumo. Mostrou como seria fácil obtê-la, pelo baixo custo e a facilidade em confeccioná-la em casa, no forno do fogão doméstico.

O que se fez? Qual o programa preventivo? Quais as providências?


Agora, 2010, vinte e cinco anos após (!!), quando os índices de consumo são alarmantes, quando vidas e vidas continuam a ser ceifadas, aglomeram-se programas e ongs para "salvar seu filho do crack"! O tema já virou até plataforma eleitoral, em nível nacional e estadual!!! Gente, para a nave que eu quero descer!


O que fiz, lá em 1985? O gestor de rh devolveu-me os livretos, eu contatei com os professores do ensino fundamental, primeiramente onde minha filha estudava e acertei alguns horários onde eu mesma fui dar as palestras. Tinha uma certificação do conselho estadual e da Cruz Vermelha e passei as informações a que tive acesso. Olhos bem abertos, atenção total voltada para o que estava sendo trazido, os adolescentes de então acataram com todo o interesse. Alguns, assustados, procuravam-me ao final das palestras, perguntando: "Professora, a gente foi em uma festinha de um amigo nosso na semana passada e lá cheiramos acetona! Será que a gente pode ficar viciado?"  Quem está lendo, agora, este artigo, pode rir. Parece bucólico, não é mesmo? Com tudo o que se vê nos dias atuais, uma perguntinha assim inocente... É, mas era assim! O que eu mais enfatizava era o cuidado com o seu cérebro, que ficassem donos de suas idéias, donos de suas mentes, para não se tornar massa de manobra, facilmente manipulados. Que se mantivessem "na sua" e desenvolvessem crenças próprias, para viver as SUAS verdades. Tenho certeza que muitos deles aproveitaram a mensagem!


Abraços a todos!
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MARISE JALOWITZKI é escritora, consultora organizacional, poetisa e palestrante internacional, certificada pela IFTDO-USA, pós-graduação em RH pela FGV-RJ, autora de vários livros organizacionais
Porto Alegre - RS - Brasil
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Mais sobre o tema:

Crack - links para artigos sobre o tema
e Campanhas


Crack, Epidemia, 25 anos depois - Link de artigos e Campanhas - Hipocrisia Social 

28.novembro.2011
http://compromissoconsciente.blogspot.com/2011/11/crack-epidemia-25-anos-depois-link-de.html



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