Como possível solução para este problema, surge o chá de maracujá, que é comercializado em diferentes marcas, como por exemplo, o Chá Mais®, sendo utilizado como um grande aliado da indução do sono e da redução da ansiedade. Porém, será que ele de fato funciona ou é apenas um mito proveniente da medicina popular? Qual a quantidade mínima regulamentada pela ANVISA para se atingir o efeito ansiolítico esperado? Será que os atrativos sachês do chá de maracujá Chá Mais® possuem esta quantidade mínima?
Entre as plantas utilizadas como medicinais, destacam-se as espécies da Família Passifloraceae, sendo a sua utilização tão antiga quanto a própria civilização. A literatura etnofarmacológica destaca o uso do chá de maracujá na medicina popular como um grande aliado contra a ansiedade e a insônia, sendo a Passiflora alata uma droga oficial da farmacopéia brasileira reconhecida por combater tais efeitos.
Pela praticidade, e com o objetivo de alcançar esses benefícios, muitas pessoas fazem uso dos sachês industrializados largamente vendidos nos supermercados, que apresentam propagandas que acentuam seus poderes ansiolítico e indutor do sono com mensagens como: “Calmante e diurético. Pode combater insônia e os efeitos da menopausa. Ajuda a prevenir tosse, asma, palpitações e dores de cabeça” ou ainda ”O Chá de Maracujá é usado no controle de ansiedade, insônia, pressão alta e irritabilidade”.
Apesar de serem muitas as espécies com uso tradicional, a maioria dos estudos mostra que a possível atividade ansiolítica de indivíduos é alcançada pelo uso da Passiflora alata. De fato, o chá de maracujá é um excelente ansiolítico natural uma vez que as folhas da espécie Passiflora alata apresentam comprovação científica quanto às suas propriedades medicinais. A composição química dos extratos da folha da Passiflora alata tem sido extensamente estudada e tem revelado a presença de alcalóides polifenóis como um dos principais responsáveis pelos seus princípios ativos e saponinas.
Uma classe de compostos naturais que tem demonstrado um grande potencial na busca de novas moléculas com atividades ansiolíticas é a dos flavonoides, um grupo metabólitos secundários amplamente distribuídos no reino vegetal (MARDER E PALADINI, 2002). Em ensaios foram comprovados que uma porção rica em flavonóides era capaz de inibir a excitação em animais induzida pela cocaína. O primeiro monoflavonóide ligante específico de benzodiazepínico e com atividade in vivo foi a crisina, e por isso Zanoli et al (2000) atribuíram o efeito biológico contra ansiedade e o efeito sedativo principalmente a este flavonóide que atua nos receptores GABA-A, mas, com efeito, dez vezes menor que o diazepam sem apresentar efeito miorrelaxante.
Porém, podemos presumir que para um indivíduo atingir o efeito ansiolítico esperado, a quantidade ingerida do chá de maracujá Chá Mais®, que é constituído pela espécie Passiflora alata, deve ser superior àquela presente em um único sachê industrializado. Assim, objetiva-se fazer uma análise da quantidade mínima requerida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do modo de preparo sugerido pela empresa Chá Mais® visando os efeitos prometidos.
A RDC Nº 10, DE 9 DE MARÇO DE 2010, visa regulamentar as drogas vegetais garantindo a promoção da segurança, eficácia e qualidade do uso das mesmas, certificando a parte utilizada, a forma de utilização, posologia e modo de usar, via, uso, alegações, contraindicação e efeito adverso sendo estes presentes no Anexo I disponibilizados no site da ANVISA. Com base nesta resolução, temos que para combater quadros leves de ansiedade e insônia e atuar como calmante suave deve ser feita uma infusão com 3 g da folha da espécie Passiflora alata com 150 ml de água. Em contrapartida, a instrução do modo de preparo do chá de maracujá Chá Mais®, que contém folhas secas disponibilizadas em sachês, sugere que um sachê contendo 1,5 g seja submerso em 200 ml de água fervendo. Assim, para se atingir o efeito ansiolítico proposto a infusão deveria ser realizada no mínimo com dois sachês, somando 3 g, em 150 ml de água fervente. Isso demonstra que um único sachê de chá de maracujá não promove o efeito farmacológico descrito nas propagandas, e que o seu modo de uso está inconsistente diante da proposta apresentada pelo produto.
Portanto, verificamos nas linhas acima que há pontos que precisam ser melhorados no uso dos chás. Mostrou-se notório que as Indústrias produtoras prometem uma série de benefícios para os usuários de seus produtos. Porém, o cumprimento dessas promessas não é tão certo assim. A fim de que se possa obter o efeito desejado de forma eficiente, seria primordial um correto embasamento na legislação vigente, orientando os usuários quanto ao seu modo de uso real. Somente assim os consumidores poderiam comprar o produto e de fato confiar naquilo que as embalagens e propagandas preconizam tão efusivamente.
BARBOSA, P. R. Estudo da Ação Psicofarmacológica de Extratos de Passiflora alata dryander e Passiflora edulis sims. Universidade do Extremo Sul Catarinense, 2006.
PEREIRA, C.A.; VILEGAS, J.H.Y. Constituintes químicos e farmacológicos do gênero Passiflora com ênfase a P. alata, P. edulis e P. incarnata: Revisão da literatura. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. 3.1-12. 2004.
PROVENSI, G. Investigação da Atividade Ansiolítica de Passiflora alata cutiis (Passefloraceae). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2007.
RDC Nº10, de 9 de Março de 2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
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