Cogumelo do sol, para a ANVISA: suplemento alimentar. Para a propaganda: medicamento. No que isso interfere na vida do consumidor?
Saúde

Cogumelo do sol, para a ANVISA: suplemento alimentar. Para a propaganda: medicamento. No que isso interfere na vida do consumidor?


A propaganda do cogumelo do sol promete que se o indivíduo tomar três comprimidos do produto anunciado diariamente antes do café da manhã terá mais energia, bom humor, disposição e pique para enfrentar a rotina, além de fortalecer o sistema imune contra doenças predominantes no inverno provocadas por vírus. A propaganda afirma também que pessoas de todas as idades podem tomar o cogumelo do sol,já que é um produto 100% natural e por isso não oferece riscos. Será que todas essas informações procedem? O produto da marca “cogumelo do sol” tem em sua composição: o fungo Agaricus Sylvaticus, celulose micro-cristalina, amido de milho, goma arábica e talco. Possui registro na Anvisa como suplemento alimentar ou alimento,porém a propaganda desse produto divulga diversas propriedades terapêuticas. De fato, na literatura podem ser encontrados diversos estudos sobre o fungo Agaricus Sylvaticus onde foi possível identificar suas propriedades antitumorais, além de comprovar os benefícios que a ingestão desse fungo traz ao sistema imune, hematopoiético, digestório, ao metabolismo glicídico e lipidico. Porém, esses resultados benéficos foram obtidos utilizando-se extratos do próprio fungo Agaricus Sylvaticus com a administração diária de uma concentração pré-determinada na metodologia de cada estudo. Em nenhum dos estudos encontrados na literatura utilizou-se os comprimidos da marca “cogumelo do sol”. Além disso, o rótulo do produto “cogumelo do sol” não informa ao cliente qual é a concentração do fungo Agaricus Sylvaticus presente em cada comprimido. Assim sendo não se pode afirmar que a concentração que está sendo ingerida traz de fato algum benefício na saúde do consumidor. Um determinado composto para obter o registro no Ministério da Saúde/ ANVISA como medicamento precisa comprovar sua eficácia em tratar ou curar a doença que ele se propõe além de apresentar segurança na dose posológica. Se o fabricante não conseguir comprovar a eficácia e a segurança de sua substância, ela não poderá se tornar um medicamento. Quando um produto é registrado no Ministério da Saúde/ ANVISA como suplemento alimentar ou alimento ele não precisa comprovar nenhuma de suas propriedades cientificamente, já que não será utilizado como medicamento pelo consumidor e por isso o fabricante não poderá atribuir propriedades terapêuticas ao mesmo. Ao afirmar que o produto “cogumelo do sol” possui propriedades terapêuticas a propaganda engana o consumidor, já que nenhuma dessas propriedades foram comprovadas cientificamente pelo fabricante no ato de registro no Ministério da Saúde/ ANVISA. Outro erro que a propaganda desse produto induz ao consumidor é dizer que ele não possui efeitos tóxicos ao organismo por ser um produto natural. Qualquer substância,seja ela natural ou sintetizada, possui potencial de ser nociva ao organismo. A toxicidade de qualquer substância se dá pela dose administrada e pela sensibilidade do organismo a ela. Por isso, apesar da toxicidade do fungo Agaricus Sylvaticus ser baixa, seu uso não pode ser indiscriminado e a orientação médica deve sempre prevalecer. Atualmente devido à veiculação dessas propagandas enganosas que maliciosamente induzem o consumidor a tratar tal produto como medicamento o Ministério Público do Estado de São Paulo propôs uma Ação civil Pública que tem por objetivo processar os fabricantes da marca “cogumelo do sol” e ressarcir os consumidores lesados. Logo, fica o alerta ao consumidor para que não confie somente na propaganda principalmente naquelas que atribuem ao uso da substância um verdadeiro “milagre”. É necessário que o médico seja sempre consultado antes de se iniciar o consumo de qualquer substância que possa interferir na saúde do paciente. O consumidor deve sempre desconfiar de compostos “milagrosos” e pesquisar junto ao seu médico e farmacêutico se existem fundamentos científicos que corroborem com as afirmações veiculadas pela propaganda. É importante que a população tenha em mente que o objetivo da propaganda é vender e por isso muitas vezes divulgam informações que não são verdadeiras além de esconderem os riscos à saúde que o consumo do produto sem acompanhamento médico pode ocasionar ao consumidor.
Referências Bibliográficas:
Disponível em: http://www.fepecs.edu.br/revista/Vol18_3art06.pdf acessado em 30/04/12 às 13:40h
Disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/3147/3/2007_RenataCostaFortes.pdf acessado em 30/04/12 às 14:05
Disponível em: http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_consumidor/acp/acp_mp/acpmp_fitoterapicos/98-038.htm acessado em 01/05/12 às 10:25h
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?NR=1&feature=endscreen&v=RlYKbYEA-ac acessado em 23/04/12 às 15:20



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