Óleo de coco baseado em evidências (nada de achismos)
Saúde

Óleo de coco baseado em evidências (nada de achismos)


A internet é uma grande fonte de informação, e isso é inegável. No entanto, nem tudo que lemos em sites, blogs ou redes sociais passa por crivo científico criterioso. A literatura médica é vasta. E os diferentes estudos são hierarquizados de acordo com sua qualidade metodológica e com a força das evidências.

Por exemplo, um estudo pequeno que disse que determinado tratamento em ratinhos pode baixar o colesterol não deve ser interpretado da mesma maneira que outro estudo que avaliou a mesma intervenção em um grande número de seres humanos e observou que este tratamento não serviu para reduzir infartos ou mortes.

Em outras palavras, estudos que replicam as situações da vida real de maneira mais apropriada “pesam mais” na balança da ciência. Dito isto, vamos ao óleo de coco…

Basta digitarmos “óleo de coco” no Google para nos maravilharmos com efeitos positivos no colesterol e no risco cardiovascular, além de potencial antioxidante e até mesmo emagrecedor. Contudo, ao fazermos a mesma pesquisa na base de dados médicos Pubmed, podemos perceber que o óleo de coco ainda precisa provar muita coisa…

O óleo de coco virgem, que é obtido através da prensagem a frio do coco, retém grande quantidade de fitoesteróis, tocotrienóis, tocoferóis, além de outros compostos bioativos, substâncias que realmente têm potencial de redução do colesterol e efeito antioxidante. Contudo, aqui cabem duas ressalvas. O processo de fabricação do óleo de coco é bastante variável na indústria. Quando o processo de extração do óleo não controla a temperatura de forma apropriada, perde-se grande parte dos antioxidantes. Além disso, o potencial efeito benéfico dos fitoesteróis é contrabalanceado pelo alto teor de gordura saturada (92%).

Os defensores do óleo de coco argumentam que a gordura saturada nele presente é diferenciada. Os ácidos láurico e mirístico, por serem de ácidos graxos de cadeia média, seriam rapidamente metabolizados favorecendo a elevação do colesterol HDL (bom), menor oxidação do colesterol LDL (ruim) e queima de gordura, com potencial redução do risco cardiovascular e do peso. No entanto, os estudos que evidenciaram estes possíveis benefícios foram feitos em ratos (1) ou apresentaram limitações metodológicas (2). Como vimos no início deste texto, a Medicina hierarquiza a pequisa e, até agora, o óleo de coco permanece no nível mais baixo de evidência, isto é, precisa, no mínimo, ser melhor estudado.

Em março de 2016, um grupo de pesquisadores da Nova Zelândia compilou toda a literatura disponível sobre os potenciais benefícios do óleo de coco e publicou na revista Nutrition Reviews o artigo intitulado “Coconut oil consumption and cardiovascular risk factors in humans” (3).

Os autores localizaram 21 estudos (8 controlados e 13 observacionais). Segundo os autores, o óleo de coco aumentou os níveis de colesterol total e colesterol LDL (ruim). Apesar de aumentar os níveis de colesterol, o óleo de coco aparentemente não aumentou o risco de doenças cardiovasculares, pelo menos em populações que culturalmente o consomem.

Ou seja, o óleo de coco parece não aumentar o risco de problemas cardíacos dentro da dieta dos povos polinésios, mas não podemos dizer o mesmo dentro da dieta Ocidental.

Em resumo, não existem provas definitivas que o óleo de coco ajude a melhorar a imunidade e o metabolismo ou a reduzir o risco de doenças cardíacas. Não é um suplemento, muito menos um remédio. A preferência pelo seu uso restringe-se mais a uma opção culinária e deve ser feita com moderação.

Para quem ficou interessado nos antioxidantes e nos fitoesteróis, a sugestão é consumir a polpa do coco, que também é rica em fibras. Mas dentro de uma alimentação equilibrada, com atividades físicas regulares e… sem esperar milagres!

Fontes:
1 – Nevin KG, Rajamohan T. Beneficial effects of virgin coconut oil on lipid parameters and in vitro LDL oxidation. Clin Biochem. 2004 Sep;37(9):830-5.

2 – Cardoso DA, Moreira AS, de Oliveira GM, Raggio Luiz R, Rosa GA. COCONUT EXTRA VIRGIN OIL-RICH DIET INCREASES HDL CHOLESTEROL AND DECREASES WAIST CIRCUMFERENCE AND BODY MASS IN CORONARY ARTERY DISEASE PATIENTS. Nutr Hosp. 2015;32(5):2144.

3 – Eyres L, Eyres MF, Chisholm A, Brown RC. Coconut oil consumption and cardiovascular risk factors in humans. Nutr Rev. 2016 Apr;74(4):267-80.

Autor: Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576
www.facebook.com/drmateusendocrino

Fonte: http://www.drmateusendocrino.com.br/2016/05/01/oleo-de-coco-baseado-em-evidencias/




loading...

- Óleo De Coco - Benefícios
Os Benefícios do Óleo de Coco O óleo de coco é uma substância nutritiva e saudável, a qual proporciona diversos benefícios ao organismo.  Apesar de ser uma gordura saturada, o óleo de coco é vegetal e ajuda muito com o controle do peso e...

- A Polêmica Dos óleos Vegetais Do Programa Bem Estar
Médico José Carlos Souto desmistifica a polêmica sobe o óleo de coco do Programa Bem Estar da Globo, onde a nutricionista falou que o óleo de coco não era saudável e causava inflamação. E que o melhor óleo para o consumo seria o de Canola. ...

- Óleo De Coco
 O óleo é obtido a partir da polpa do coco maduro, que pode ser fresco ou seco. No processo de obtenção do óleo, não são empregados solventes químicos, nem elevadas temperaturas, portanto, seus fitoquímicos são mantidos. Isso resulta em...

- Dieta Do Óleo De Coco Elimina Até 8kg Por Mês
Saiba Como É Possível Emagrecer 8KG Com A Dieta do Óleo de CocoO óleo de coco é extraído do coco comum que conhecemos, o Coco Nucifera L, sem passar por processos de beneficiamento, o óleo vem diretamente da poupa, extraído fisicamente. Triturado,...

- O óleo De Coco Virgem Protege Contra A Peroxidação Lipídica
Os potenciais benefícios do óleo de coco virgem não são novos para vocês que lêem o blog, e vão para além do controlo de peso [link]. Ao contrário do refinado, extraído a altas temperaturas, o óleo virgem apresenta um conjunto de antioxidantes...



Saúde








.