Remédios para alergia são faca de dois gumes?
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Remédios para alergia são faca de dois gumes?


smile espada



O extraordinário avanço da medicina revolucionou o tratamento,com novos remédios para combater doenças alérgicas. Mas, estes mesmos remédios podem também provocar efeitos colaterais indesejáveis. Trataremos aqui dos principais remédios usados em Alergia, a saber: antihistamínicos(antialérgicos), broncodilatadores e corticosteróides (cortisona).
Vejamos cada grupo separadamente, um a um:

Antihistamínicos ou antialérgicos

Os antihistamínicos (ou antialérgicos) são a medicação de escolha em várias doenças alérgicas, como por exemplo na urticária, rinite alérgica e conjuntivite alérgica.

A urticária, caracteriza-se por placas avermelhadas com coceira e às vezes se acompanhando também de inchação de lábios e pálpebras. A rinite alérgica apresenta por sua vez, espirros, coceira, coriza e obstrução nasais. Na conjuntivite alérgica, os olhos estão avermelhados, com lacrimejamento, coceira e fotofobia.Os antihistamínicos (antialérgicos) são capazes de controlar os quadros alérgicos por sua atuação nos receptores localizados em vasos sanguíneos, reduzindo os sintomas clínicos.

No passado, todos os antihistamínicos provocavam aumento do apetite, fazendo com que a pessoa engordasse. Além disso, era comum sonolência, prejudicando as atividades na escola, no trabalho e na direção de veículos. Hoje, os novos antialérgicos não provocam estes sintomas, facilitando sobremaneira seu emprego.


Broncodilatadores

Os broncodilatadores são remédios importantes para aliviar sintomas da asma. Atuam porque relaxam a musculatura que circunda os brônquios e bronquíolos e que está contraída na crise de asma. Desta maneira, aliviam o broncoespasmo, que é um fator importante na redução do calibre das vias respiratórias, responsável pelos sintomas da asma.

Os efeitos colaterais mais comuns dos broncodilatadores são: taquicardia, palpitação e tremores nas mãos. Hoje, os broncodilatadores mais modernos, por atuarem em receptores mais específicos localizados nos brônquios, tem menores efeitos adversos sobre coração e vasos. O tremor ainda permanece mas, embora incômodo não é grave e desaparece rapidamente.

Mas, é importante entender que os broncodilatadores são apenas aliviadores e não tratam o problema da asma, que é a inflamação dos brônquios. Por isso, devem ser usados apenas como resgate e passada a crise, devem ser substituidos por medicamentos controladore.

Um preconceito comum é temer o uso de remédios inalados e preferir usar xaropes. Mas é um grande erro: broncodilatadores sob a forma de comprimidos ou xaropes são mais fortes, pois são dosados em miligramas. Os remédios inalados são dosificados em microgramas, ou seja, numa dose mil vezes menor. Assim, comprimidos, xaropes e nebulizações provocam muito mais efeitos cardiovasculares e tremores do que os sprays (“bombinhas”).

Não se justifica o medo das "bombinhas", que quando criteriosamente usadas são absolutamente seguras e eficientes. Notícias veiculadas sobre pessoas que morreram em crises fortes e graves portando "bombinhas" são incompletas, pois a morte provavelmente decorreu do retardo na busca de socorro médico para a insuficiência respiratória que se instalou enquanto o paciente confiou demais no spray empregado intempestivamente. À esta altura, já não existia apenas broncoespasmo, mas também um grande edema inflamatório e retenção de muco, obstruindo as vias respiratórias.


Corticosteróides ou cortisona

A cortisona é o maior alvo de preconceitos, sendo aqui o maior uso da expressão: "faca de dois gumes". De fato, quando a cortisona é usada em doses generosas e por tempo demorado (algumas doenças necessitam manter uso por meses ou anos) poderão surgir vários efeitos adversos no organismo. Mas certamente estas doenças também são muito graves sem a cortisona.

Na asma e na alergia, o emprego da cortisona é feito em doses relativamente menores e por tempo curto - dias ou semanas. Por isso, os efeitos colaterais tendem a ser mais discretos, desaparecendo após o término do uso.

O uso prolongado é indicado apenas nos casos mais graves de asma, podendo surgir aumento de peso, cara de lua cheia, agitação, insônia, alteração da pressão e do açucar, etc. Mas, é preciso lembrar que a asma grave também é muito agressiva ao paciente, provocando alterações sérias no organismo, comprometendo o desenvolvimento infantil. Infelizmente, ainda hoje, com todos os recusros de tratamento disponíveis, ainda se morre de asma.

Aliás, a evolução de uma crise de asma pode ser dividida em "AC" e "DC", isto é, antes da cortisona e depois da cortisona. Antes as crises faziam sofrer, eram demoradas e podiam matar; depois da cortisona, as crises são perfeitamente controláveis, o sofrimento é bem menor e a mortalidade praticamente desapareceu. A experiência clínica e os estudos mostram que os asmáticos em crise que são internados em UTI, quase sempre tomaram broncodilatadores demais e cortisona de menos.

É evidente que a cortisona não é um medicamento para ser utilizado sem orientação médica, muito menos tomado por conta própria e menos ainda "receitado" por balconistas de farmácias. A cortisona é um remédio insubstituível na asma podendo ser considerado um verdadeiro "bisturi farmacológico" usado criteriosamente por médicos para "cortar" a crise de asma.


Cortisona inalada

Este tema merece uma apresentação à parte. É importante entender que embora o nome seja o mesmo, trata-se de uma medicação com características muito diferentes. A cortisona inalada é uma forma mais amena do corticóide usada sob a forma de sprays ("bombinhas"), nebulizações ou em inaladores (em vários modelos, chamados de pó seco inalado).

Este tipo de cortisona é cada vez mais empregado na prevenção de crises de asma. Neste caso, é dosificada em microgramos, sendo eficiente no controle da inflamação crônica da asma, em fórmulas isoladas ou combinadas aos broncodilatadores.

Os efeitos colaterais da cortisona inalada são mínimos, sendo mais comuns a irritação da garganta, rouquidão e aparecimento de monilíase ("sapinho") na mucosa da boca, evitado pela lavagem da boca com água corrente logo após o uso da "bombinha". O uso de espaçadores é muito eficaz na prevenção destes efeitos colaterais.

Corticóides inalados usados de forma adequada não impedem o crescimento da criança, não engordam e não fazem mal à pressão ou ao açucar no sangue. Por isso, podem ser feitos por tempo prolongado, com segurança, evitando as crises e a necessidade de usar a cortisona por via oral ou injetável.


Cortisona injetável "de depósito"

Estes medicamentos não estão indicados no tratamento das doenças alérgicas. Estas injeções tem doses altas e liberação lenta, fazendo com que uma unica injeção permaneça no organismo por cerca de 30 dias. O uso continuado pode levar a uma série de efeitos colaterais graves como a osteoporose, hipertensão arterial, catarata, diminuição da imunidade, aumento de peso , entre outros. O grande problema é que estas injeções oferecem uma falsa noção aliviadora e são vendidas sem receita nos balcões de farmácias.

Conclusão:

O que se pode concluir é que, se por um lado é verdade que efeitos colaterais dos remédios existem, por outro, as doenças alérgicas também são muito agressivas.

Dizer que existe um medicamento sem efeito colateral é utopia. Ao mesmo tempo que controla sintomas,qualquer remédio pode afetar outros segmentos do organismo, dando certa razão ao dito popular de que remédios podem ser "facas de dois gumes".

Por isso, cabe ao médico alergista estudar, conhecer e usar os remédios com critério, a fim de obter o máximo de benefícios, controlando possíveis efeitos adversos. Só assim será possível encontrar o "gume certo da faca", possibilitando eficiência e segurança no controle das doenças alérgicas.



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