Segurança alimentar
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Professor do CCH/UENF coordena mapeamento das políticas públicas ligadas à área de segurança alimentar no Norte Fluminense

Você sabe como é a produção dos alimentos no município ou como essa produção agrícola é comercializada e distribuída? Essas são algumas das perguntas que o projeto “Estratégias em Segurança Alimentar e Nutricional: um mapeamento das políticas públicas do Norte Fluminense”, coordenado pelo professor Mauro Campos, tem tentado responder há pouco mais de um ano. O projeto tem como eixo central ações previstas no quadro conceitual de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e tem como foco o município de Campos dos Goytacazes e suas interrelações com os demais municípios do Norte Fluminense.

— O programa inovador de SAN implantado em Belo Horizonte a partir de 1994, sob liderança da professora Maria Regina Nabuco, uma das colaboradoras do Projeto Fome Zero ora executado pelo Governo Federal, servirá de modelo para a formulação do projeto em implementação pela UENF — explica o professor Mauro Campos, que é economista e doutor em Ciência Política.

Ele conta que a primeira etapa do trabalho foi um levantamento da produção de alimentos, renda, abastecimento, políticas sociais e segurança alimentar. Uma das primeiras constatações (à semelhança de outros municípios) foi que os principais órgãos municipais como as secretarias de Agricultura, Educação, Saúde e Promoção Social não “conversam”, ou seja, não trabalham de maneira articulada.

— Além disso, muitos dados não estão ainda catalogados. A gente não conseguiu saber, por exemplo, quantas hortas comunitárias existem na cidade porque não há um cadastro sobre isso — conta o professor.

Embora já tenha diagnosticado algumas lacunas na condução das políticas de SAN, há uma boa notícia ressaltada pela equipe do projeto, que é o surgimento do Conselho Municipal de Segurança Alimentar, criado recentemente e que tem como integrantes representantes da UENF, Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Federal Fluminense (IFF) e representantes da sociedade civil.

— O conselho é importante porque pode colaborar na articulação e nessa “conversa” entre os órgãos públicos — acredita Mauro.

Constata-se que a maioria dos alimentos produzidos na região vai para o Ceasa, no Rio de Janeiro. O resultado é o aumento de preços, o desperdício da produção (com perdas no processo de comercialização) e o custo elevado, já que os alimentos passam por atravessadores nessa trajetória de ir e voltar para Campos.

Outro dado importante é que a desnutrição e a obesidade ainda são consideráveis no município, que tem a maior área agricultável e a maior produção do estado.

— As pessoas ainda se alimentam de forma errada. Um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 36% da população tem dificuldades para se alimentar corretamente —, diz Mauro.

Ele acredita que o papel da extensão e da Universidade é facilitar essa “conversa”, ao colaborar no levantamento de dados e formulação de um diagnóstico que possa permitir o desenho de um projeto de um programa ou de uma política pública de SAN para Campos e região.

— O objetivo geral do projeto é formular um diagnóstico e formular uma proposta ou um desenho preliminar de uma política pública em segurança alimentar e nutricional para o município de Campos e o Norte Fluminense — diz. 

Em sua primeira fase de execução, o projeto vem buscando promover novas linhas de pesquisa na Universidade, bem como articular ações, juntamente com as comunidades envolvidas, nas áreas de produção, distribuição/comercialização (regulação do mercado de alimentos) e consumo de alimentos de maneira saudável. Para tanto, parte de diagnósticos das ações de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), nos municípios da região.

Além de Mauro, o projeto tem a participação dos bolsistas Daniet Fernandes Rocha (economista e doutora em sociologia), Moisés Machado (economista e mestre em Administração Pública, atuando como consultor do projeto), além dos alunos do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF Décio Vieira da Rocha e Sabrina Fernandes Santos.



Mariane Pessanha



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