Saúde
A importância do consumo moderado de vinho
Recebi da Dra. Sonia Ferraz de Andrade:
Autora: Marlene Busko
Publicado em 06/26/2009
Um estudo de coorte de base populacional com indivíduos na Grécia esmiuçou os itens na dieta mediterrânea que parecem contribuir para a maior longevidade a ela associada[1].
Os maiores efeitos de mortalidade reduzida surgiram do hábito de beber quantidades moderadas de bebidas alcoólicas, comer pouca carne, ingerir muitos vegetais, frutas e castanhas e usar azeite de oliva. Entretanto, os componentes individuais da dieta mediterrânea apresentavam um efeito protetor adicional.
“A dieta global é mais importante do que os componentes individuais, com ênfase no consumo moderado, mas não excessivo, de vinho, particularmente, durante as refeições, preferência por azeite de oliva como a principal fonte externa de lipídios, pouca ingestão de carne e elevado consumo de vegetais, frutas e legumes”, declarou o autor Dr. Dimitrios Trichopoulos (Harvard School of Public Health, Boston, MA) ao Heartwire.
Os pesquisadores analisaram dados de pessoas saudáveis na Grécia que participaram do ensaio clínico European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC).
Embora este estudo não avalie as causas de morte, trabalhos anteriores nesta coorte demonstraram que a dieta mediterrânea é a que apresenta o maior efeito sobre a mortalidade cardíaca, segundo Trichopoulos.
Um brinde à vida longa
A fim de estudar a importância relativa de cada um dos componentes da dieta mediterrânea sobre a longevidade, os pesquisadores observaram dados do segmento grego do estudo EPIC, com mais de 23.000 homens e mulheres saudáveis entre 20 e 86 anos de idade, na época do recrutamento.
Os pesquisadores calcularam uma pontuação para a dieta mediterrânea a partir de um questionário alimentar preenchido pelos participantes, no momento em que entraram no estudo.
A pontuação baseou-se em nove componentes da dieta mediterrânea: vegetais, legumes, frutas e castanhas, laticínios, cereais, carne e produtos contendo carne, peixes e frutos do mar, razão entre lipídios monoinstaurados e saturados e consumo de etanol.
O elevado consumo de um alimento benéfico, a baixa ingestão de um prejudicial (carne ou laticínios) e o consumo moderado do álcool recebiam um ponto cada; outros níveis de consumo eram pontuados com o valor de 0, para um escore de 0 a 9.
Os pesquisadores compararam a longevidade para indivíduos com pontuações maiores ou menores do que a média, que correspondia a, aproximadamente, cinco porções de vegetais e três a quatro de frutas ou castanhas, por dia, disse ele. O consumo moderado de álcool era de uma a cinco taças de vinho (10 g/dia a menos de 50 g/dia), para homens, e metade disto, para mulheres.
Conforme o perfil típico da população grega, muitos indivíduos estavam acima do peso ideal ou eram obesos e grande parte fumava. Muitos eram moderadamente ativos.
Após um acompanhamento médio de 8,5 anos, ocorreram mais óbitos nos participantes com pontuações baixas do que nos com escores altos da dieta mediterrânea.
As contribuições de cada um dos componentes para a menor mortalidade foram: consumo moderado de álcool (23,5% do efeito), baixa ingestão de carne (16,6%), elevado consumo de vegetais (16,2%), assim como de frutas e castanhas (11,2%), elevada razão de lipídios monoinsaturados e saturados (10,6%) e elevada ingestão de legumes(9,7%).
Alimentação rica em cereais e pobre em laticínios contribuiu para somente 5% do efeito, e o consumo de peixes associou-se a um aumento não significativo na mortalidade.
Trichopoulos não ficou surpreso com o achado do estudo de que um consumo moderado de álcool – em maior parte, vinho durante as refeições – é um contribuinte tão proeminente da longevidade. O vinho consumido na dieta grega é comparável ao seu consumo que faz parte do “paradoxo francês”, ressaltou ele.
Os pesquisadores reconhecem que o longo período de acompanhamento significa que as alimentações poderiam ter sido alteradas ao longo do estudo. Além disso, os efeitos de cada alimento podem ser sinérgicos.
Não há alimento isolado que seja milagroso
Ao comentar sobre o estudo para Heartwire, Dra. Teresa T. Fung (Harvard School of Public Health, Boston, MA), que não estava envolvida com o estudo, declarou ter ficado surpresa com o fato do consumo moderado de álcool – conhecido por reduzir risco de doença cardíaca – representar uma contribuição tão forte para o menor risco de mortalidade.
Em suma, este trabalho confirma que não é um único componente da dieta mediterrânea que está levando ao menor risco de mortalidade, acrescentou ela. “A fim de promover longevidade, as pessoas teriam que fazer diversas coisas ao mesmo tempo. Elas não podem simplesmente focar-se em um único alimento – apenas comer mirtilos ou tomar comprimidos de ácido fólico. É necessário todo um estilo de vida, uma abordagem da dieta inteira, para promover saúde”.
No entanto, o estudo não indica se cada um dos componentes da alimentação mediterrânea ligados ao menor risco de mortalidade também se associam ao menor risco de incidência de doenças que causam o óbito, acrescentou Fung.
Os autores não apresentaram declarações de conflito de interesses. O estudo recebeu apoio do programa europeu contra o câncer, o Europe Against Cancer Program da European Commission, dos Ministérios de Saúde e Educação da Grécia e uma bolsa à Hellenic Health Foundation pela Stavros Niarchos Foundation.
Informação sobre a autora: Marlene Busko é escritora freelance para Medscape and Heartwire.
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