Saúde
Cafeína e oxidação lipídica
Vimos anteriormente todo o processo de oxidação lipídica, ficando mais fácil agora citar o nome de enzimas ou vias! Assim, passamos de assuntos mais básicos para outros mais polêmicos..
Para esse texto, eu contei com a ajuda da mestranda Charlene Blois (Zuka), que é fisioterapeuta e triatleta, ela realiza pesquisa com atletas, cafeína e cortisol. Vamos ao texto:
A cafeína é a substância, com propriedades estimulantes, mais conhecida e utilizada no mundo. A administração de cafeína pode ser efetiva no estado de alerta e no desempenho de um exercício físico. A cafeína atua no comportamento fisiológico e neurocognitivo. Dessa forma, possui capacidade de retardar a fadiga, minimizar a dor e influenciar a percepção subjetiva de esforço (PSE). Diversas teorias têm sido propostas para estes efeitos da cafeína.
Os primeiros estudos que utilizaram a suplementação com cafeína mostraram elevadas taxas de oxidação lipídica. A partir disso, a primeira teoria relacionada aos efeitos da cafeína foi de que elevadas taxas de oxidação lipídica geram um efeito poupador do glicogênio intramuscular e consequentemente diminuem a PSE. A segunda teoria está relacionada aos efeitos da cafeína e o aumento da reabsorção de Cálcio pelo retículo endoplasmático. A entrada de cálcio através de receptores rianodina possuirá atuação no aumento da força contrátil em contrações submáximas . No entanto, essa teoria não está comprovada e acredita-se que estes efeitos só aconteceriam com administração de altas doses da substância.
Novas abordagens mostram um mecanismo de atuação primário da cafeína no Sistema Nervoso Central (SNC) através da via antagonista do receptor de adenosina. Dessa forma, a adenosina deixaria de inibir a reabsorção de neurotransmissores excitatórios, incluindo dopamina e noradrenalina. Consequentemente, a resposta relacionada à cafeína seria aumento da excitação e da atividade espontânea.
O efeito principal da cafeína na oxidação da gordura é através do estímulo da efedrina. Outros efeitos também são vistos. Nesse artigo http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17906192, tem uma ótima figura para entendermos a aç]ao da cafeína e de outros estimulantes.
Este termogênico, EGCG, encontrado no chá verde, inibe a COMT, que é uma enzima que degrada a norepinefrina (noradrenalina). Já a efedrina e a anfetamina estimulam a ligação da norepinefrina no seu receptor, enquanto que a sibutramina inibe a saída da norepinefrina da fenda sináptica. Uma vez ligada ao seu receptor, a ação da norepinefrina dentro da célula é por ação de um segundo mensageiro, ou seja, ela estimula a ação da adenil ciclase que quebra ATP em AMPcíclico. E este AMPc é capaz de ativar uma série de ações dentro da célula. A ação da cafeína aqui é inibir a enzima (PDE) fosfodiesterase, que iria degradar o AMPc. O AMPc ativa a PKA (proteína quinase), que estimula o hormônio lipase sensível. No adipócito, este hormônio degrada triacilglicerol em ácido graxo livre e glicerol!
Entretanto, para tais efeitos é necessário ingerir em torno de 800 mg de cafeína (7 xícaras de café!?!?!). Além disso, essa revisão muito boa http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22136984, conclui que não está muito bem estabelecido, e que teria mais efeito a cafeína e o chá verde juntos!
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