Saúde
Cafeína na água
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O tratamento da água não elimina a presença da cafeína |
O café é um dos alimentos mais consumidos em todo o mundo — e o Brasil é o segundo maior consumidor da bebida. Mas se você não integra o grupo dos viciados em café, saiba que, mesmo sem querer, pode estar consumindo diariamente, através da água que consome, o seu principal componente: a cafeína.
É o que mostram estudos feitos por pesquisadores brasileiros financiados pelo CNPq e pela Fapesp e que resultaram no livro
Cafeína em Águas de Abastecimento Público, lançado durante a 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, realizada entre os dias 26 e 29/05/14, em Natal, Rio Grande do Norte.
Ao detectar a presença de resíduos de cafeína na água que abastece a população, a pesquisa — que envolve a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Brasília (UnB) — lança luz à possibilidade de que outras substâncias, potencialmente mais perigosas, também estejam presentes.
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Katia Bichinho (esq., autora), Wilson Jardim e Cristina Canela (editores*) |
— A presença de cafeína na água de abastecimento é um indicador da possível presença de outros contaminantes emergentes, que ainda não são legislados pela portaria do Ministério da Saúde, mas que podem ser prejudiciais à saúde humana — afirma a professora Maria Cristina Canela, do Laboratório de Ciências Químicas (LCQUI) da UENF, que também atua como coordenadora da Diretoria de Química Ambiental do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA).
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Estudos geraram livro com nove capítulos |
Coube à equipe da UENF coletar amostras da água que abastece as cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória e Salvador. O trabalho foi realizado juntamente com a aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Naturais da UENF (PPGCN) Camila Ramos de Oliveira Nunes, no período entre julho e outubro de 2011 e 2012.
— É justamente neste período que os rios estão mais secos, refletindo uma situação mais crítica, com uma maior concentração destes contaminantes na captação da água a ser tratada. Embora as estações de tratamento cumpram as normas, não é possível eliminar a cafeína da água, o que pode provocar interferência no organismo humano — afirma Maria Cristina, lembrando que o trabalho poderá servir como parâmetro de orientação para que, futuramente, sejam adotadas medidas com o objetivo de eliminar a dificuldade de ter uma água livre de contaminantes emergentes.
O livro, que possui nove capítulos, será distribuído gratuitamente às empresas responsáveis pelas estações de tratamento de água e esgoto e prefeituras que eventualmente tenham interesse nas informações. A previsão é de que, a partir de julho, também já esteja disponibilizado pelo site do INCTAA.
Cilênio TavaresFúlvia D'Alessandri
(*) Foto Cristiane Vidal
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