Campus da UENF é refúgio para espécies
Saúde

Campus da UENF é refúgio para espécies


Estudo mostra que área verde da Universidade abriga 138 espécies de animais silvestres, entre anfíbios, aves e mamíferos

O campus da UENF vem servindo de refúgio para a fauna urbana de Campos. É o que mostra um estudo realizado pelo hoje mestrando Henrique Nogueira durante sua graduação em Medicina Veterinária pela Universidade. Segundo Henrique, à medida que a vegetação do município vem diminuindo, devido ao crescimento urbano, os animais vêm procurando refúgio na área verde localizada no campus da Universidade. Segundo a pesquisa, o campus abriga 77,3% da fauna registrada para a área urbana de Campos.

A pesquisa avaliou diversas espécies de animais encontrados na área verde do campus. No período de abril de 2009 a abril de 2010 foram registradas no local 138 espécies —16 anfíbios, 16 répteis, 102 aves e quatro mamíferos. Dentre os animais encontrados, havia cobras, marrecos, gaviões, aves migratórias, cachorros-do-mato e até jiboia de 2,5m.

— No entanto, acredito que este número tenha caído pela metade de lá para cá, devido ao aceleramento do processo de crescimento urbano — disse Henrique, que teve a orientação do professor Leonardo Serafim, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF.

A pesquisa dá uma amostra da fauna urbana de Campos ao reunir, além das espécies encontradas na UENF, também os animais recebidos no período pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas com Animais Selvagens (NEPAS), que atua na preservação da fauna de Campos e municípios vizinhos. No período, o NEPAS recebeu 115 espécies de animais silvestres, provenientes de oito municípios, sendo 113 nativas, três exóticas de vida livre e nove exóticas mantidas como pets não convencionais.

O objetivo da pesquisa, segundo o doutorando, foi reunir informações que possam ajudar a criar estratégias relevantes de conservação, desenvolvimento sustentável, preservação e criação de parques ecológicos no município.

Em relação aos anfíbios encontrados, três espécies podem causar irritação ou intoxicação em animais domésticos e seres humanos. São elas: Rhinella pygmaea, Rhinella icterica e Trachycephalus nigromaculatus.  Quanto aos répteis, foram constatadas nove espécies de serpentes. Uma delas é a Trilepida salgueiroi, registrada pela primeira vez em Campos dos Goytacazes por Figueiredo de Andrade em 2011.

O exemplar encontrado na UENF representa o terceiro espécime registrado para o município. Já as aves, com maior diversidade (102 espécies), foram divididas em 17 ordens, 35 famílias e 88 gêneros. Algumas são relativamente abundantes dentro do campus, como é o caso do canário-da-terra, da coruja-buraqueira, do bem-te-vi e do anu-preto. Os quero-queros também são de fácil visualização, pois utilizam os extensos gramados da universidade para construir o ninho e se alimentar.

— O campus da UENF representa uma área de descanso, caça, nidificação ou simplesmente de passagem para grande parte das aves — explica Henrique.
   
A lista da fauna de áreas urbanas de Campos ficou composta por 176 espécies, segundo os dados coletados no período entre 2009 e 2012. Isto representa, segundo Henrique, 15,7% da fauna de vertebrados terrestres registradas para o estado do Rio de Janeiro, sendo 16 de anfíbios (9,6%), 29 de répteis (22,8%), 118 de aves (18,1%) e 12 de mamíferos (6,5%). Nove espécies estão ameaçadas de extinção e duas são insuficientemente conhecidas.

Henrique Nogueira
Áreas verdes ajudam a manter biodiversidade

Henrique ressalta que o conhecimento da fauna e flora locais é imprescindível para minimizar os efeitos do crescimento urbano, como a exploração e destruição de recursos naturais. Segundo ele, grandes áreas de vegetação nativa são substituídas por prédios, avenidas, fábricas e todo um “arsenal de concreto e asfalto”. Ele observa que a preservação e a ampliação das áreas verdes são de suma importância para a manutenção da biodiversidade local. 

— Apesar de apresentar uma pequena área de vegetação, o campus da UENF tem um grande potencial para abrigar espécies, constituindo uma área que deve receber maior atenção para sua preservação e reflorestamento. O município de Campos, apesar de estar em constante crescimento e apresentar pequenas áreas preservadas, possui uma riqueza de espécies bastante representativa quando comparada com a fauna descrita para todo o estado do Rio de Janeiro — conclui.


Thais Peixoto
Fúlvia D'Alessandri



loading...

- Efeitos Do Aquecimento Global
Cheia do Rio Muriaé, Campos (Wesley Machado, 05/01/12 )As altas temperaturas registradas em todo o país nos últimos meses podem se tornar cada vez mais frequentes no decorrer do século. É o que aponta o estudo sobre os impactos do aquecimento...

- Herbário Uenf Reúne Amostras De Plantas Da Região
Bolsistas trabalhando na montagem do acervo do Herbário Quem quiser conhecer mais sobre as diversas espécies de plantas existentes no Norte Fluminense deve fazer uma visita ao Herbário da Uenf, situado no 2º andar do Centro de Biociências e...

- Conhecendo A Floresta Atlântica
Palicourea A cobertura da Floresta Atlântica, que na época do descobrimento do Brasil estendia-se por uma área de 1,3 milhões de quilômetros quadrados (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul), abrange hoje apenas 7,9% da área original. Mais...

- Crescimento De Espécies Florestais Nativas
Jequitibá O Brasil já perdeu a maior parte de suas florestas devido ao desmatamento. Iniciativas de reflorestamento, no entanto, esbarram na carência de estudos científicos que possam tornar as ações nesta área mais eficazes.  Uma pesquisa...

- Homem, O Melhor Amigo Do Cão...
 Aluna colaboradora (à esquerda) e Indiara cuidando de um cão.  Há tempos eles deixaram definitivamente para trás a instabilidade das ruas e fizeram do campus da UENF a sua moradia. Estamos falando de um grupo de oito cães — três fêmeas...



Saúde








.