O chocolate é um alimento de grande valor nutritivo e energético (cerca de 523,8 Kcal/100mg). Contém proteínas, carboidratos, lipídios, sais minerais e vitaminas. Além disso, apresenta substâncias precursoras da serotonina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar. A fim de proporcionar esses benefícios, o chocolate deve manter suas características iniciais. Muitos relatos têm sido encontrados em torno da perda de qualidade desse produto. Ela geralmente está associada a características sensoriais e, às vezes, à contaminação microbiológica. Dessa forma, será que a qualidade do chocolate é assegurada pelo produtor? Há coerência nos prazos de validade estipulados?
O chocolate é um alimento de grande valor nutritivo e energético (cerca de 523,8 Kcal/100mg). Contém proteínas, carboidratos, lipídios, sais minerais e vitaminas. Além disso, apresenta substâncias precursoras da serotonina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar.
Segundo a RDC 264, de 22 de setembro de 2005, da ANVISA, o chocolate é definido como ‘’produto obtido a partir da mistura de derivados de cacau (Theobroma cacao L.), massa de cacau, cacau em pó e/ou manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo, no mínimo, 25% de sólidos totais de cacau’’. Esta RDC permitiu aos fabricantes de gorduras e chocolates, a substituição parcial da manteiga de cacau por outras gorduras vegetais alternativas, promovendo muitas vezes perdas de qualidade do produto.
A qualidade do chocolate também é ditada pelo seu processo de fabricação. Dentre as diversas etapas, a temperagem (choque térmico) mostra-se como grande responsável pelas características de dureza, brilho, rápida e completa fusão na boca.
O desvio da qualidade de chocolates está geralmente associado a características sensoriais. Caso haja o derretimento e posterior resfriamento do produto, podem surgir manchas brancas devido à migração da gordura. Deve-se considerar também que se a embalagem estiver aberta e for exposto à umidade, o chocolate pode apresentar bolor e estará impróprio para o consumo.
Um risco à saúde dos consumidores que muitos chocolates estão apresentando ultimamente é a presença de contaminação por larvas e ovos de insetos. Existem besouros de diferentes famílias e hábitos alimentares, popularmente chamados de carunchos. Eles se alimentam de grãos ou produtos armazenados e podem atacar outros alimentos, como chocolate e frutas secas. Há ainda a traça do cacau. As larvas apresentam grande mobilidade e produzem fios de seda intensamente, formando massas de teias nos produtos que infestam.
A fim de assegurar a qualidade do produto até o seu consumo, os fabricantes determinam prazos de validade. Estes devem constar nas embalagens dos produtos de acordo com a legislação do Ministério da Saúde e a Secretaria de Vigilância Sanitária (Resolução RDC nº 123/04).
Esses prazos são variáveis e difíceis de serem regulamentados com precisão já que cada fabricante define seu próprio prazo de validade, uma estimativa de tempo verificada por testes chamados “vida de prateleira”, a partir de conhecimentos práticos que possui sobre seus processos e produtos, bem como sobre as condições em que os mesmos são transportados, armazenados e comercializados.
Sendo assim, o prazo de validade pode ser considerado apenas uma exigência contratual e uma questão de garantia estipulada pelo fafricante. Porém não é algo científico bromatológico e é apenas indicativo de que se o produto for consumido antes desta ‘’data de vencimento’’ deveria garantir a sua qualidade e não apresentar riscos à saúde do consumidor.
Um ponto importante observado nesta análise comparativa é que os chocolates apresentam somente a data de vencimento no rótulo, não apresentando a informação que seria mais importante: a data de fabricação, já que a mesma não é exigida por lei.
É válido ressaltar que dentro do ‘prazo de validade’ estipulado, a qualidade do chocolate deveria ser mantida em termos nutricionais, sanitários e sensoriais. Porém os chocolates, de uma forma geral, depois de algum tempo perdem a sua principal característica sensorial de aroma e sabor, tornando-se de baixa qualidade.
Comparação dos prazos de validade entre diferentes marcas
Para a maioria dos chocolates, a Nestlé estabelece um prazo padrão de 10 meses e a Garoto de 12 meses, sendo que os ingredientes e os chocolates das duas empresas são muito similares, não tendo uma explicação para tal fato e mostrando como o ‘’prazo de validade’’ é arbitrário.
Esses dados foram obtidos nos sites, já que nos chocolates não há a data de fabricação, apenas uma data de vencimento que nada pode assegurar.
Os chocolates Nestlé Linha Gold são suíços e não apresentam em seus ingredientes a adição de gordura vegetal, assim o prazo de validade deveria ser menor que os demais produtos. No entanto, observamos exatamente o contrário. A gordura vegetal é utilizada para reduzir os custos e alargar o prazo de validade. Chocolates mais finos como da Kopenhagen (sem adição de gordura vegetal) apresentam um prazo de validade de poucos meses.
O Crunch é um chocolate ao leite Nestlé com flocos de arroz, a presença desse cereal pode ser o motivo do período de validade estipulado ser menor, já que é mais suscetível a contaminação por carunchos, por exemplo.
Talento Intense da Garoto tem teor de cacau (55%) e pedaços de amêndoas, apresentando prazo de validade inferior ao Talento Nuts Intense da Garoto que contém amêndoas inteiras. Essa pode ser uma questão explicada pela possível contaminação pela presença das amêndoas e da maior suscetibilidade da fragmentada ao ataque de larvas.
O amendoim também apresenta maior possibilidade de contaminação, reduzindo o prazo de validade do chocolate Max Amendoim da Garoto.
Desta forma podemos concluir que há, freqüentemente, uma lógica para as indústrias estipularem prazos maiores ou menores entre seus produtos, mas ainda assim não há como assegurar que a diferença na manutenção de qualidade seja de 2 ou 4 meses entre esses produtos, confirmando novamente que os prazos de validade são mais contratuais que científico-bromatológicos e que o importante seria o consumidor ter a informação da data de fabricação e das possíveis alterações e riscos oferecidos pelos alimentos.
Referências bibliográficas:
[oglobo.globo.com/sp/mat/2007/04/10/295296098.asp]
[www.direitolegal.org/tribunais-estaduais/chocolate-infestado-por-larvas-gera-indenizacao-por-danos-morais/][www.protectapragas.com.br/pragas.php]
[revistagloborural.globo.com/editoraglobo/componentes/article/edg_article_print/1,3916,905115-1489-5,00.html]
[www.ica.ufmg.br/insetario/images/aulas/Pragas_de_produtos_armazenados.pdf]
Marissol Richter; Suzana Caetano da Silva Lannes. Ingredientes usados na indústria de chocolates. Rev. Bras. Cienc. Farm. vol.43 no.3 São Paulo Julho/Set. 2007.
[www.dupontdistribuidora.com.br/produtos_chocolates_tabletes.php
[www.garoto.com.br/portal/produtos/]
[www.valedourado.com.br/index.php/produtos/listar/categoria/15]