Saúde
O efeito da abiraterona
Esse artigo interessa principalmente às pessoas que fizeram o tratamento hormonal, mas que já não respondem a ele. Interessa, também, a todos os que possam chegar a esse estágio.
As pesquisas são feitas com alguns objetivos, mas seus dados podem ser analisados com outras hipóteses em mente. É o que aconteceu com os dados da pesquisa com o invulgar nome de COU-AA-302.
Foram estudados 1.088 homens com cânceres avançados, 80% já com metástase óssea. Em cada grupo, metade tinha dez ou mais nódulos metastáticos. Foram divididos em dois grupos aproximadamente iguais.
Um grupo recebeu 1000 mg de acetato de abiraterona mais prednisona, diariamente, e o outro somente prednisona. O objetivo era avaliar o impacto da abiraterona sobre a sobrevivência total (overall survival), o que leva em consideração os efeitos colaterais do tratamento.
Durante o primeiro período, ficou clara a vantagem do grupo abiraterona sobre o controle: a sobrevivência era maior e o tempo até o uso de medicamentos à base de ópio contra a dor também era maior. Por questões humanitárias, os pacientes no grupo controle puderam, então, passar para o grupo abiraterona.
Após pouco mais de quatro anos (49,2 meses, na mediana), 741 pacientes morreram. Nesse momento, 92% dos pacientes sobreviventes no grupo abiraterona pararam a terapia e todos os do grupo controle fizeram o mesmo. A razão é que o câncer avançou em 68% dos casos no grupo experimental e 69% no grupo placebo.
A abiraterona aumentou a sobrevivência em 19%, de 30,3 meses para 34,7 meses. Levando em consideração o efeito da passagem de um grupo para outro, o ganho passa a ser de 26%.
Que outros fatores contam para aumentar a sobrevivência? O nível do PSA, da fosfatase alcalina, as metástases ósseas, a hemoglobina, a lactate dehydrogenasee a idade.
Esse é um nível de pessoas idosas com cânceres avançados, onde quatro meses contam, mas ainda não há esperança de cura nesse nível. As pesquisas estão orientadas para postergar o avanço do câncer e aumentar a sobrevivência dos pacientes.
GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ
Leia mais:
Ryan CJ, Smith MR, Fizazi K, et al. Impact of crossover and baseline prognostic factors on overall survival (OS) with abiraterone acetate (AA) in the COU-AA-302 final analysis. Presented at: 2015 Genitourinary Cancers Symposium; February 26-28, 2015; Orlando, FL. Abstract 142.
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