A enzalutamida aumenta a sobrevivência e protela o avanço do câncer, de acordo com testes radiográficos, em pacientes que não respondem mais aos tratamentos hormonais. É o que demonstra um trabalho apresentado ao 2014 Genitourinary Cancers Symposium. Como não houve outros tratamentos, o efeito protelativo pode ser atribuído à enzalutamida, disse o conhecido especialista Tomasz M. Beer.
Os testes com medicamentos, nos Estados Unidos, com frequência são feitos com tipos de pacientes e não com todos os pacientes. Antes as pesquisas com pacientes muito avançados, que haviam feito químioterapia com docetaxel, demonstraram que a enzalutamida aumentava a sobrevivência.
Mas, e entre os pacientes que ainda não fizeram químioterapia? A enzalutamida funciona?
Esse é um grupo grande de pacientes, maior que o anterior, sendo de interesse para o fabricante que o medicamento fosse indicado também para essa faixa do mercado. Daí a pesquisa, que custa caro.
A faixa é a de pacientes sem sintomas ou com poucos sintomas, que não respondem ao tratamento anti-hormonal. Como de praxe, grupo experimental (160 mg de enzalutamida diariamente) e grupo controle. Mais de mil e setecentos pacientes no total.
Fizeram uma primeira avaliação depois que perto de um terço (539) dos pacientes faleceu. Naquele momento, 35% do grupo placebo morreram, estatisticamente mais do que os 28% do grupo enzalutamida. A grande diferença foi no avanço da doença, 85% menor. Um indicador do avanço é a quimioterapia: os pacientes do grupo enzalutamida fizeram químio 17 meses mais tarde que os do grupo placebo.
Interessante como parece, as desistências devidas aos efeitos colaterais foram iguais nos dois grupos: 6%.
A enzalutamida (o nome na farmácia é Xtandi) é mais uma opção para nós, com cânceres avançados. Sua principal contribuição não me parece o ganho de dois meses na sobrevivência geral e sim o ganho no tempo até quando teremos que usar o docetaxel, a químioterapia: 17 meses.
GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ