O sono e o ganho de peso - resultados do maior estudo controlado até hoje
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O sono e o ganho de peso - resultados do maior estudo controlado até hoje



Temos falado aqui do efeito da privação do sono na obesidade e tendência para acumular gordura. Esta associação tem sido validada de forma consistente em estudos observacionais e ensaios clínicos, embora estes últimos pequem pela sua fraca potência tendo em conta o baixo número de indivíduos. Ora, foi agora publicado na revista científica Sleep [link] aquele que é provavelmente o maior estudo controlado em internato feito até hoje, que envolveu 225 voluntários entre os 22 e os 50 anos. Os resultados são tudo menos surpreendentes.

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Estes indivíduos foram sujeitos a um protocolo de privação de sono (4h por noite - 04:00-08:00) versus controlo (10 h por noite - 22:00-08:00) durante 5 dias, no hospital da Universidade da Pensilvânia. Os resultados indicam que as pessoas privadas de sono ganham mais peso (0,97 kg vs 0,11 kg, quase 9 vezes mais!), e que os homens aumentam mais facilmente do que as mulheres. Os indivíduos com restrição de sono também consumiram em média 30% mais energia durante o dia do que as suas necessidades estimadas, o que não se verificou no grupo controlo (100,6% das necessidades energéticas). O aumento do teor calórico da dieta foi devido ao maior número de refeições e ao consumo adicional de cerca de 500 kcal entre as 22:00 e as 04:00. Apesar do maior dispêndio energético total por passarem mais tempo acordados, o excedente energético é superior à diferença no gasto, criando-se um balanço largamente positivo.

Neste estudo não foram avaliados parâmetros metabólicos, fisiológicos e bioquímicos que seriam relevantes para entender este efeito. No entanto, os resultados de outros estudos mostram um claro impacto da privação de sono, seja ela crónica ou aguda, nos mecanismos de homeostase energética centrais, reguladores da saciedade, e sensibilidade periférica à insulina. Portanto, as conclusões deste trabalho não são estranhar nem novidade para os mais atentos. O contributo fica pela sua robustez. Segundo os autores, e muitos outros por sinal (eu incluído), uma intervenção terapêutica global e integrada para a obesidade deve passar por um sono restaurador que possibilite a optimização de todos os processos metabólicos que regulam os nossos níveis de gordura.

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