Óleo de Prímula: nutrition or health claims?
Saúde

Óleo de Prímula: nutrition or health claims?






Prímula é o nome da planta da espécie Oenothera biennis. Nativa da América do Norte, que atinge em torno de 1 m de altura e produz flores amarelas. O óleo de prímula é obtido das sementes dessa planta e muito rico em um tipo de ácido graxo essencial da família do Ômega-6 denominado ácido gama-linolênico (GLA), reconhecidamente benéfico para a saúde. Porém, este seria classificado como suplemento alimentar ou um produto para fins de saúde?


Os alimentos funcionais parecem desafiar a clara distinção entre alimento e medicamento, o que pode levar a confusão. Portanto, é importante rever a relação entre alimentos e medicamentos para tornar clara a finalidade dos alimentos funcionais.

Segundo Kruger & Mann (2003) ingredientes funcionais são definidos como um grupo de compostos que apresentam benefícios à saúde, tais como as alicinas presentes no alho, os carotenóides e flavonóides encontrados em frutas e vegetais, os glucosinolatos encontrados nos vegetais crucíferos os ácidos graxos poliinsaturados presentes em óleos vegetais e óleo de peixe. Estes ingredientes podem ser consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes, sendo estes alimentos considerados alimentos funcionais, ou individualmente, como nutracêuticos. Entretanto, estes produtos devem ter adequado perfil de segurança para consumo humano e não devem apresentam risco de toxicidade ou efeitos adversos de drogas medicinais (BAGCHI, et al., 2004).

O óleo de prímula vem sendo estudado para tratar de diversos problemas de saúde, entre eles destaca-se seu uso para aliviar os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM) nas mulheres além de outras indicações que incluem casos de eczema e outras irritações da pele, além de também apresentar benefícios contra a esclerose múltipla, hipertensão arterial e envelhecimento precoce.


A quantidade necessária de GLA é difícil de ser determinada. Taxas menores que 0,4 mg indicam deficiência, pois nesse nível sintomas da sua falta podem ser observados. A taxa endógena de formação de GLA em pessoas adultas normais é de 100 a 1.000 mg. Determinadas situações podem provocar um consumo metabólico exagerado de GLA, sendo necessária uma maior quantidade tais como: oxidação excessiva, reação inflamatória e o sexo masculino.
Dentre as fontes naturais de ômega 6 destacam-se o óleo de girassol, peixes de água fria (salmão, atum, sardinha, bacalhau), óleos vegetais, sementes de linhaça, nozes e alguns tipos de vegetais. Estudos indicam que 1 colher de sopa contém 8,5 g de GLA e estima-se que a taxa endógena de formação de GLA varia de 100 a 1000 mg. Então, qual o objetivo do suplemento para usuários que consomem 1 colher de óleo de girassol ao dia?

Na internet há vários sites que informam os benefícios do óleo de prímula, sem citar as referências científicas que comprovam a informação. Segundo o item 3.3 da Resolução ANVISA nº 18, “são permitidas alegações de função ou conteúdo para nutrientes e não nutrientes, podendo ser aceitas aquelas que descrevem o papel fisiológico do nutriente ou não nutriente no crescimento, desenvolvimento e funções normais do organismo, mediante demonstração da eficácia.

Tabela 1. Informações nutricionais do Óleo de Prímula



Portanto, sabemos que o objetivo não é garantir um benefício a saúde do usuário mas sim garantir o comércio pois no veículo eletrônico descrevem os benefícios do produto como um alimento funcional mas no rótulo não trazem nenhuma informação sobre seus benefícios. Conclui-se que estes não querem vender simplesmente um suplemento alimentar mas sim vender saúde uma vez que o consumidor ao acessar o site sente-se sugestionado a adquirir o produto para ter saúde.


Além do mais, a ausência de informações quanto as fontes naturais de obtenção de ômega 6, a necessidade diária recomendada e os riscos associados ao uso abusivo demonstram má-fé dos fabricantes no sentido de orientação e garantia do acesso a informações importantes para o consumidor sobre o produto e a associação com os alimentos.

Um site visitado diz que: “A carência de ácidos graxos essenciais pode acarretar, além da síndrome pré-menstrual, distúrbios como eczema atópico, envelhecimento precoce, esclerose múltipla, hiperatividade infantil e hipertensão arterial.”

Sabendo desta informação, é evidente que os indivíduos que consomem estes produtos não os fazem com o intuito de adquirir um suplemento alimentar mas sim um suplemento em saúde. Entendem que tomar cápsula de óleo de prímula vai ser “bom para a saúde”. Um outro site coloca como objetivo do óleo de prímula a seguinte informação “ indicado para a saúde da mulher”. Mais uma vez o questionamento os fabricantes comercializam um suplemento alimentar ou um alimento- medicamento?

Ao analisar o rótulo destes produtos não encontramos nenhuma informação de que este tenha alguma propriedade funcional, retirando a responsabilidade do fabricante caso o usuário não “adquira saúde” com o produto. Afinal de contas, o produto encontra-se em um site de suplementos alimentares e não de medicamentos!!! Para garantir que os fabricantes isentam-se de qualquer responsabilidade, ainda colocam a advertência abaixo, em destaque;



‘ATENÇÃO: As informações acima tem o caráter meramente informativo e não devem ser utilizadas em detrimento da orientação médica ou de um profissional de saúde. O consumo de suplementos não visa a cura ou a prevenção de doenças. ‘

A conclusão que resta a nós consumidores é que não devemos acreditar em tudo que a mídia nos mostra mas sim buscar evidências científicas que comprovem o real benefício de um produto.

Referências bibliográficas:



BAGCHI, D; PREUSS, H. G.; KEHRER, J. A. Nutraceutical and functional food industries: aspects on safety and regulatory requeriments. Toxicology Letters. v.150, p. 1-2, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 18, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde Alegadas em Rotulagem de Alimentos. Brasília, 1999c.

KRUGER, C. L.; MANN, S. W. Safety evaluation of funcional ingredients. Food and Chemical Toxicology. v. 41, p.793-805, 2003.

http://www.saudecominteligencia.com.br/primula.htm.%20(Acessado%20em%2009/11/11)




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