Ômega-3 em cápsulas: entenda mais sobre essa gordura multifuncional
Saúde

Ômega-3 em cápsulas: entenda mais sobre essa gordura multifuncional



Por Vinícius Pinto de Sousa

O Ômega-3 é um alimento funcional que ajuda a regular a fluidez do sangue e o nível de colesterol e triglicerídeos em nosso organismo, reduzir a agregação plaquetária, diminuindo o risco de formação de coágulos, sendo, importante coadjuvante na prevenção de doenças cardiovasculares, entre elas a arteriosclerose (obstrução das artérias), angina pectoris, enfarte do miocárdio e a hipertensão arterial.
Além disso, os ácidos graxos ômega-3 ajudam a aliviar os sintomas de várias doenças de pele como eczemas e psoríase.
Quais serão os tipos de ômega-3? Será que todos os tipos de ômega-3 são responsáveis por essas funções citadas? EPA e DHA? Que siglas são essas? É realmente necessário o uso de cápsulas de ômega-3 ou existem alimentos que suprem essa necessidade? Para entender melhor esses e outros aspectos clique no


INTRODUÇÃO:
Os ácidos graxos ômega-3 são gorduras essenciais(nosso organismo não as produz) e poli-insaturadas que possuem propriedades anti-inflamatórias, antitrombóticas, antirreumáticas e reduzem a concentração dos lipídeos do sangue, favorecendo a vasodilatação. O ômega-3 é capaz de evitar a formação das placas de gordura na parede das artérias e garantir a flexibilidade dos vasos sanguíneos, afastando o risco de doenças como infarto, hipertensão, aterosclerose e derrames. Além disso, esses ácidos graxos modificam a composição química do sangue, provocando o aumento dos níveis do HDL (colesterol bom) e a diminuição dos níveis de LDL (colesterol ruim). Ele também consegue reduzir os níveis de triglicerídeos do sangue. O organismo também utiliza o ômega-3 para produzir prostaglandinas, substâncias químicas que têm participação em muitos processos, inclusive no combate às inflamações dos vasos sanguíneos O consumo desse ômega não assume apenas efeitos preventivos.
O ômega-3 é formado por uma coleção de ácidos graxos: o DHA (ácido docosahexanoico), o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o ALA (ácido alfa-linoleico). A diferença é que os dois primeiros são encontrados em fontes animais, como os peixes, e tem efeitos mais potente no organismo. Já o ALA, é encontrado em fontes vegetais, como a linhaça, rúcula, feijão e o óleo de canola. O que o nosso organismo faz é converter parte do ALA em DHA e EPA.
Os peixes são as melhores fontes dessa gordura. As melhores escolhas são salmão, cavala, arenque, truta, sardinha, anchova e atum. A OMS recomenda como 12 quilos o consumo ideal por ano. De acordo com a American Heart Association, quem deseja proteger o coração deve comer esses peixes "gordos", pelo menos, duas vezes por semana. Já aqueles que já apresentam histórico de doenças cardíacas devem tomar a suplementação diária de um grama de ômega-3 (contendo tanto EPA e DHA). Mas, quem não é fã de peixes, pode investir nas fontes vegetais. As melhores escolhas do tipo ALA de ômega-3 incluem a linhaça (o carro-chefe do nutriente), óleo de canola, brócolis, melão, feijão, espinafre, folhas de uva, couve, couve-flor e nozes. O segredo para obter as quantidades ideais da gordura boa com este grupo está na dieta variada.
A exposição dos peixes às altas temperaturas pode reduzir as propriedades benéficas do ômega-3, que é sensível ao calor. Por isso, o consumo do peixe cru, cozido ou levemente grelhado é o mais recomendado. O mesmo vale para as fontes vegetais, como a linhaça e óleos de canola. O consumo preferencialmente deve ser in natura, misturados nas saladas, por exemplo.

LEGISLAÇÃO:
O produto em questão se enquadra na categoria H - Produto contendo Ácidos Graxos Ômega 3 e ou Ômega 6 como ingrediente. Somente poderá ser declarado na rotulagem o conteúdo de ácidos graxos das famílias ômega 3 e ou ômega 6 quando o produto apresentar na quantidade diária recomendada pelo fabricante ou apresentar em 100g ou 100ml do produto pronto para o consumo, a quantidade do ácido graxo correspondente a pelo menos 10% do consumo diário recomendado pela Anvisa, conforme estabelecido abaixo:

1g (um grama) para os Ácidos graxos ômega 3 EPA (ácido eicosapentaenoico)e DHA (ácido docosahexaenóico);
2g (dois gramas) para os Ácidos graxos ômega 3 Alfa-linolênico;
15g (quinze gramas) para os Ácidos graxos ômega 6 Ácido linoléico.
Veicular na rotulagem nutricional a composição de ácidos graxos, conforme disposto na Resolução RDC n.º 40/01, devendo constar no mínimo os três tipos: saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, discriminando dentro dos poliinsaturados o conteúdo em ômega 3 e ou ômega 6.

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS


Ácido Docosahexanóico (DHA) - cadeia longa; 22:6 (n-3)
O ácido docosa-hexaenóico (DHA) é um ácido essencialmente graxo do tipo omega-3. Quimicamente, é um ácido carboxílico. DHA é uma abreviatura em inglês que significa Ácido-Docosa-Hexaenóico (Docosa-hexaenoic-acid). É um ácido graxo vital para o desenvolvimento e manutenção da saúde.
O DHA encontra-se em algas e em peixes gordos. Existem suplementos de DHA. O DHA é um dos principais componentes da matéria cinzenta do cérebro, da retina, dos testículos, do esperma e das membranas celulares. Níveis baixos de DHA têm sido associados a depressão. O DHA pode ser convertido em EPA.

Ácido Eicosapentanóico (EPA) - cadeia longa; 20:5 (n-3)
O ácido eicosapentaenóico (EPA ou também ácido icosapentaenóico) é um ácido graxo dos omega-3 (ω-3). O EPA e seus metabolitos atuam no organismo principalmente em virtude de sua associação com o ácido araquidónico. O ácido eicosapentaenóico é um ácido graxo insaturado e o precursor da prostaglandina-3 (um agregador plaquetário), do tromboxano-3 e o leucotrieno-5 (todos eicosanóides).O EPA encontra-se sobretudo em peixes gordos (em resultado da ingestão de algas por parte dos peixes). Foi recentemente disponibilizado no mercado um suplemento vegano de EPA. Também encontra-se EPA nas algas Chondrus crispus e Wakame (Undaria pinnatifida), mas a razão de iodo para EPA é demasiado elevada para que estes alimentos possam ser recomendados como fonte de EPA. Algum EPA é convertido em eicosanóides de série 3, os quais reduzem as inflamações, a pressão arterial e o colesterol.

Ácido Alfa-linoleico (ALA ou LNA) - cadeia curta; 18:3 (n-3)
O ácido alfa-linolênico (ALA) é um ácido essencial Ômega 3 contendo 18 carbonos e três insaturações.
O ALA encontra-se sobretudo no óleo de linhaça, sementes de cânhamo, nozes, óleo de colza, camelina, sementes de chia (Salvia hispanica), feijão de soja e carne. Também se encontra em muito pequenas quantidades em hortaliças de folha verde e outros alimentos vegetais.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Os benefícios do uso das gorduras poliinsaturadas como o ômega-3 na alimentação são já muito estudados e bastante conhecidos. Por esse motivo, a indústria alimentícia começou a fabricar produtos contendo ômega-3 como bebidas, sucos, margarina e pães por exemplo. Portanto é importante salientar que a quantidade de gordura ômega-3 presente nesses produtos é muito pequena. O consumo desses produtos teria que ser extremamente grande para suprir a necessidade diária necessária para os diversos benefícios sugeridos (para a prevenção de doenças cardiovasculares, a recomendação diária média de ômega-3 é de 1,6 g para homens e 1,1 g para mulheres, durante a gestação esse valor vai para 1,4 g/dia).
Outro fator importante a se considerar é a qualidade do ômega ingerido. O “bom” ômega-3 é o de cadeia longa (EPA e DHA) que provem de peixes de águas profundas (salmão, atum, bacalhau, albacora, cação). Os ômega 3 menos adequados, com poucos benefícios para a saúde, são os ácidos graxos de cadeia curta(ALA) – aqueles de conformação quimicamente menores encontrados em óleos extraídos de soja, de giras-sol, de milho. Este minúsculo ômega-3 também está presente em alguns vegetais “verdes” como o brócoli, rúcula, couve, espinafre. Portanto é importante saber, na hora de comprar um suplemento de ômega-3, o conteúdo de cada cápsula exigindo, se possível, o laudo de análise. Por ser mais barato, o fabricante, sem especificar nada no rótulo, pode comercializar ALA ao invés de EPA ou DHA e o consumidor pode não alcançar os benefícios pretendidos.
Além disso, o ômega-6 também é encontrado em óleos comestíveis e amplamente usados na alimentação usual, em contraposição ao uso de manteiga, gordura animal e gordura de coco, consideradas como pouco saudáveis. O problema é que os óleos que usamos todos os dias possuem em sua composição tanto o ômega-3, como ômega-6, em proporção variável. Os dois ácidos graxos competem entre si, no metabolismo interno do nosso corpo, pelos mesmos locais que supostamente exerceriam efeitos benéficos. Em outras palavras, o ômega 6 é competidor do ômega 3 e anularia os efeitos benéficos deste ácido graxo no nosso organismo. O ômega-6 pode também ser comercializado no lugar do ômega-3 nas cápsulas. Além do ômega-6 competir com o ômega-3, o excesso de ômega-6 pode ser muito preocupante para a saúde, pois ele pode originar doenças cardiovasculares, doenças auto-imunes, obesidade, diabetes e artrite. É importante então o consumo de ômega -3 de cadeia longa e puro( sem ômega-6).
O consumidor deve também exigir laudo de análise do fabricante comprovando a ausência de mercúrio no óleo. Além dos efeitos prejudiciais do mercúrio, o impacto negativo na pressão arterial causado por altas quantidades de mercúrio nos frutos do mar pode anular os efeitos cardioprotetores do ômega-3 encontrado nos peixes, segundo pesquisa publicada no jornal Hypertension, da American Heart Association.
É importantíssimo a suplementação de ômega-3 orrientada por um médico. Além do ajuste da dose, o ômega-3 deve ser ingerido com cuidado e acompanhamento médico junto com anticoagulantes (exemplo: varfarina, femprocumona, dicumarol) e antiagregantes plaquetários (exemplo: AAS, ticlopidina, clopidogrel), pois aumenta o risco de sangramento. As bebidas alcoólicas podem aumentar os triglicerídeos, diminuindo o efeito do ômega 3.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
• ALESSANDRI, J.M.; GOUSTARD, B.; GUESNET, P.; DURANT, G. Docosahexaenoic acid concentrations in retinal phospholipids of piglets fed na infant formula enriched with long-chain polyunsaturated fatty acids: effects of egg phospholipids and fish oils with different ratios of eicosapentaenoic acid to docosahexaenoic acid. Am. J. Clin. Nutr. v. 67, p. 377-385, 1998.

• BELDA, M.C.R.; CAMPOS, M.A.P. Ácidos graxos essenciais em nutrição: uma visão atualizada. Ciênc. Tecnol. Aliment. v. 11, p. 5-33, 1991.

• LEES, R. S.; KAREL, M., Omega-3 fatty acids in Health and Disease. New York, USA, Marcel Dekker, 1990.

• Resolução ANVISA/MS 19/99 - Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimentos com Alegação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde em sua Rotulagem (BRASIL, 1999d).

• Resolução ANVISA/MS 18/99 - Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as Diretrizes Básicas para a Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde, alegadas em rotulagem de alimentos (BRASIL, 1999c);

• Resolução – RDC nº 40, de 21 de março de 2001 – Aprovar o Regulamento Técnico para ROTULAGEM NUTRIINAL OBRIGATÓRIA DE ALIMENTOS E BEBIDAS EMBALADOS



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