Uma pesquisa, levada a cabo na Monash University, Austrália, teve seus resultados publicados em Science Translational Medicine.
Qual a contribuição dessa pesquisa? Ela identificou as células que resistem à terapia hormonal. A massa cancerosa da próstata é caracterizada por uma diversidade de células, algumas mais estudadas do que outras. Um dos tratamentos mais comuns hoje em dia é o hormonal (que, de fato, é anti-hormonal, pois busca zerar a produção de testosterona). Os tratamentos variam, sendo Lupron o mais receitado hoje em dia.
A duração do Lupron varia muito, desde pacientes que não respondem ao tratamento até aqueles que respondem muito bem durante muitos anos. Porém, são tratamentos com muitos e pesados efeitos colaterais.
Gail Risbridger e Renea Taylor da Monash University, obtiveram amostras de doze pacientes no estágio inicial do câncer. Trabalhando com camundongos observaram o comportamento das células dessas amostras. Mesmo depois de várias semanas de tratamento, algumas células cancerosas continuavam vivas e ativas. Essas células não são iguais às demais. Elas parecem ser as precursoras de outras células mais agressivas e resistentes ao tratamento, que caracterizam o câncer mais avançado, chamado de androgen-resistant.
A identificação dessas células, resistentes e precursoras dos canceres mais avançados e agressivos, abre o caminho para tratamentos focados nelas. Até então sabíamos muito pouco sobre essas células resistentes e o que as diferencia das demais.
Claro que essa é uma pesquisa muito preliminar. Afinal, são apenas doze amostras e há muito que observar e testar até conhecer bem essas células, inclusive a que são vulneráveis. Se e quando isso acontecer, talvez seja possível parar o avanço desse câncer, tornando o tratamento hormonal muito mais eficiente.
GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ