Uma pesquisa (feita por Shao YH, Kim S, Moore DF, Shih W, Lin Y, Stein M, Kim IY, Lu-Yao GL.) acompanhou uma ampla base de pacientes, durante 14 anos. Compararam a sobrevivência específica de câncer da próstata (mortes por outras causas não entram no cômputo). O objetivo era comparar tratamentos diferentes (radiação vs cirurgia) em casos com canceres indolentes e agressivos. Para definir a agressividade, usaram o escore Gleason e o estágio em que se encontrava o câncer. Com base nesses dois critérios, subdividiram a população em dois grupos, um com baixo risco e outro com risco médio e alto (juntos).
Analisaram o tempo do início da metástase até a morte pelo câncer. É um escore de propensão.
Foram mais de 66 mil homens, 51 mil receberam radiação e 15 mil receberam cirurgia retropúbica até um ano depois do diagnóstico. Durante todo o período, 2.802 homens foram diagnosticados com metástase de um tipo ou outro. Perto de mil foram estudados em detalhe.
Entre os com baixo risco, 86% dos que fizeram cirurgia não haviam morrido do câncer até o encerramento da pesquisa; entre os que fizeram radioterapia, a percentagem era 79%. Uma modesta, mas significativa, vantagem para a cirurgia. No grupo de mais alto risco, as percentagens eram, respectivamente, 76% e 63%, uma diferença maior.
Cabem duas observações:
1. A maioria (de 2/3 a ¾) continuava viva mesmo no grupo de risco médio e alto;
2. Nos dois grupos, a cirurgia produziu resultados melhores – no que tange a mortalidade por câncer da próstata.
Esses resultados devem ser avaliados juntamente com os efeitos colaterais e a mortalidade geral, incluindo todas as causas, antes de optar por um tratamento, pelo outro, ou pela junção dos dois.
GLÁUCIO SOARES IESP/UERJ